Análises

Destiny: The Dark Below

Versão testada: PS4

Destiny representou um novo capítulo no trajecto da Bungie, pois este trata-se de um jogo com uma componente online extremamente vincada, e que requer uma maior atenção na hora de efectuar mudanças. É verdade que alguns erros foram cometidos e muito provavelmente outros erros também serão cometidos. É um processo natural numa produtora que, apesar de talentosa, está a aventurar-se pela primeira vez num projecto desta natureza. The Dark Below acaba por ser a continuação desse trajecto, mas ao mesmo tempo, agita um pouco as águas.

Nesta expansão é apresentada uma nova personagem chamada Eris Morn. Eris é a única sobrevivente da equipa que entrou em Hellmouth com o objectivo de derrotar Crota. Depois de anos escondida dos Hive nas grutas na Lua, Eris faz da Tower a sua nova casa. É esta personagem que dá as novas missões de história e que também serve como vendedora.

As missões de história presentes no jogo base apresentavam um problema narrativo, no sentido de não explicar nada e de não dar contexto geral para o que se está a passar, resultando num completo sentimento de ignorância. Apesar de as novas missões não corrigirem totalmente este problema, representam um caminho na direcção certa. Cada uma das missões está interligada e culminam em Will of Crota, o novo strike na Terra. Ao longo das missões, Eris vai narrando alguma informação, o que aumenta o nível de imersão. Um bom pormenor são as conversas que a Eris tem na Tower, dependendo se o jogador conseguiu ou não vencer Crota.

the dark below reviewAs missões partilham algumas áreas antigas mas são compostas em grande maioria por novas secções. O nível de dificuldade também é mais elevado que as missões de história base, e as situações apresentadas são também mais desafiantes. As plataformas Playstation contam ainda com o strike exclusivo The Undying Mind, que tem lugar no Black Garden em Marte, onde teremos de enfrentar uma nova ameaça Vex. Tanto  Will of Crota como The Undying Mind são strikes divertidos, interessantes e desafiantes, seja pela localização da missão ou pela quantidade de inimigos.

Mas a principal atracção desta expansão é mesmo a nova raid Crota’s End. Desta vez, os alvos a abater são os Hive e, como esperado, eles comportam-se de forma diferente dos Vex. Tendo os Hive um comportamento mais agressivo, podem contar com enxurradas de Thralls, bastantes Acolytes, uns quantos Knights e alguns Ogres e Wizards. De facto, a falta de coordenação é o primeiro adversário a derrotar, a secção inicial de Crota’s End é o teste ideal. As mecânicas e puzzles são também diferentes do Vault of Glass, dando assim alguma frescura e novidade ao jogo.

Crota’s End não tem nenhuma secção de exploração tipo Gorgon Maze. É uma raid mais directa, mais focada no combate, e como tal, é mais curta que a raid Vault of Glass. No que toca a dificuldade, é uma raid complicada, não só pela quantidade de inimigos e tipo de mecânicas, como também pelo nível dos inimigos, que vão do nível 30 até ao nível 32. Por esta razão, estar em nível 31, ter boas armas, entender bem todas as mecânicas e rotinas, e ter uma boa comunicação com os companheiros de equipa são aspectos importantes em Crota’s End.

the dark below review 1Infelizmente, e tal como sucedeu em Vault of Glass, rapidamente foram encontradas formas fáceis de explorar erros (glitches) do jogo, para conseguir passar secções e bosses sem muito trabalho. Talvez seja esta uma das razões que levou a Bungie a adiar o lançamento da dificuldade Hard, evitando assim outro caso semelhante ao da Vex Mythoclast, nomeadamente jogadores terem acesso a uma das armas mais raras e exclusivas sem terem conseguido completar de forma legítima a missão.

O loot é algo que tem sido bastante criticado em Destiny, principalmente a forma como o loot era atribuido no Vault of Glass. A Bungie prometeu melhorias, e de certa forma, elas foram implementadas. Apesar de Crota’s End ter menos um checkpoint e menos chests que o Vault of Glass, peças de equipamento saem de forma mais frequente. Já o boss final também dá mais frequentemente armas secundárias e pesadas. As armas primárias estão reservadas para Crota’s End em Hard. Para evoluir este novo equipamento da raid, são necessários novos materiais: Radiant Shards para armaduras e Radiant Energies para as armas.

O lançamento de The Dark Below também trouxe alterações importantes, mesmo para aqueles que não compraram a expansão. O level cap passou de nível 30 para nível 32, e como tal, os jogadores que não compraram a expansão vão poder comprar novo equipamento lendário nas várias facções, podendo assim chegar a nível 31. Para acomodar no novo level cap, as missões diárias, os Weekly Heroic Strikes e os Nightfall Strikes subiram a dificuldade de nível 28 para nível 30. De salientar também que foi implementado uma nova Strike Playlist de nível 26, que oferece a possibilidade de obter alguns itens novos, incluindo naves lendárias.

the dark below review 2Mas nem todas as alterações foram positivas. A última actualização viu o ataque base das armas exóticas ser aumentado para 301 e o nível light do equipamento para 36. No entanto, quem tem armas ou equipamento exótico obtido antes da actualização, precisa de ter alguns requisitos como ter o equipamento antigo, uma Exotic Shard e 7000 glimmer.

Mas o pior de tudo, é que para se fazer a actualização dos itens exóticos, é necessário o Xur. Mas como ele não traz consigo a actualização para todos os itens exóticos, o jogador fica ainda mais dependente da “sorte”, o que retira ainda mais controlo sobre o que evoluir e como construir a personagem. É um sistema pouco prático e demasiado complicado para funcionar bem, mesmo num jogo como Destiny que tem uma forte dependência da aleatoriedade.

Para quem é dirigida esta expansão? É o preço demasiado alto para o conteúdo oferecido? Estas são duas boas perguntas, cujas respostas não são assim tão fáceis de dar. Quem gostou do jogo base, e continuou a jogar Destiny à medida que o título foi evoluindo, vai ter aqui algo de novo, diferente do conteúdo original e uma raid bastante interessante e desafiante para fazer. Já o preço pedido pode parecer um pouco alto tendo em conta o conteúdo incluído, ou seja, 3 mapas para o Crucible, 3 missões de história, 2 strikes (apenas um no caso das plataformas Xbox) e uma raid, mas todos sabemos que “caçar” melhores itens se pode tornar viciante.

The Dark Below não é perfeito, não traz unanimidade quanto à sua qualidade e chega até a repetir erros do passado. No entanto, era expectável que as fundações do jogo não fossem alteradas com esta expansão. Aliás, até é esperado que isso não aconteça com House of Wolves, a próxima expansão para Destiny. Ainda assim, The Dark Below representa um pequeno passo na direcção certa, e mostra que por vezes, a Bungie até dá ouvidos à comunidade, mesmo que as mudanças demorem algum tempo a chegar.

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