Análises

Infamous: Second Son

Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

A citação, roubada  a Voltaire por Stan Lee e popularizada em Homem Aranha é, muito provavelmente, a melhor forma de descrever o agora lançado, Infamous: Second Son.

Não só porque resume na perfeição todo o percurso do novo protagonista (ou qualquer super-herói que se preze), mas também por ser um dos exclusivos de peso na janela de lançamento da nova consola da Sony.

Um exclusivo que tem em cima de si toda a expectativa de uma comunidade de jogadores ansiosa  por novidades e, acima de tudo, uma justificação válida para a aposta que fizeram ao investir na Playstation 4 como plataforma de jogos.

A acção decorre sete anos após o culminar dos acontecimentos de Infamous 2, numa Seattle sob a juridisção de Brooke Augustine e o seu Department of Unified Protection (DUP), onde todos os conduits (super-humanos com capacidade de canalizar poderes de elementos que os rodeiam) são perseguidos e detidos. Lá atrás e a servir de base para este Second Son  ficam os anteriores Infamous e o seu protagonista Cole MacGrath.  Second Son coloca-nos agora na pele de Delsin Rowe um rufia fala-barato com aspirações a Banksy.

Após o acidente de uma carrinha celular do DUP a que Delsin e o seu irmão Reggie acorrem, Reggie é atacado por um dos conduits, é então que se vê a braços com uma descoberta que irá alterar a sua vida para sempre: a capacidade de absorver os poderes de outros conduits.

InfamousSecondSon_screen001É este poder que nos  irá lançar numa aventura de proporções épicas que, de tempos a tempos, se deixa sucumbir  refém das mecânicas algo estafadas dos jogos anteriores e de tantos outros jogos denominados open world. Falamos da repetição de tarefas, inimigos e missões.

As primeiras horas de jogo são um misto de espanto e um certo desapontamento. As cutscenes que antecedem o jogo propriamente dito são visualmente fantásticas, o voice acting consegue incorporar na perfeição o espírito rebelde de Delsin e o paternalismo do seu irmão Reggie enquanto a transposição da cidade de Seattle para um cenário vídeo-jogável resulta verdadeiramente assombrosa e credível, com os seus monumentos e inúmeros piscares de olho à vida real da mítica cidade-berço do movimento Grunge.

InfamousSecondSon_screen008No entanto, é também quando chegamos a Seattle que nos apercebemos do que nos espera: Uma cidade dividida em vários bairros, cada um sob o domínio do DUP,  com missões e objetivos fora da campanha principal demasiado semelhantes entre si para os considerarmos memoráveis ou, de certa forma relevantes na luta de Delsin contra o jugo do DUP.

É à medida que avançamos na campanha principal que o jogo se abre para nós e mostra a sua verdadeira face. Mesmo que a aquisição e evolução de novos poderes se revele algo forçada, são estes que  após evoluídos na sua totalidade, dão a Second Son uma enorme  profundidade tática em termos de jogabilidade.

Ainda que as decisões e escolhas morais  que acompanham o percurso de  Delsin sejam demasiado a preto e branco (ou vermelho e azul, se preferirem), nunca caindo em terrenos moralmente pantanosos tão típicos dos super-heróis mais soturnos, a evolução emocional de Delsin está conseguida com mestria suficiente para nos identificarmos com o personagem.

InfamousSecondSon_screen003Combinar poderes consoante a situação e o inimigo, alternando entre os mesmos de forma a obter resultados o mais devastadores possível resulta extremamente satisfatório e visualmente gratificante, especialmente quando usamos o gigantesco cenário urbano que nos rodeia a nosso favor.

Pelo meio ainda nos vemos obrigados controlar e gerir as agressões a cidadãos inocentes e a nossa atitude perante os inimigos, um contador kármico que acumula energia consoante os inimigos que poupamos e os cidadãos que socorremos e uma skill tree que nos permite aperfeiçoar e gerir os nossos poderes .

De certa forma, a jogabilidade de Infamous: Second Son é tão repetitiva e entediante quanto a quisermos tornar.

Mesmo que Second Son seja visualmente um autêntico colosso, com a sua cidade gigantesca, a sua liberdade de movimentos,os seus jogos de luz e sombra e impressionantes efeitos de partículas  aos quais se juntam uma jogabilidade extremamente precisa, o seu maior trunfo é o saber equilibrar de forma claramente consciente as suas falhas com as suas inúmeras qualidades, escapando à armadilha do tédio e proporcionando aos jogadores uma aventura fantástica e cheia de surpresas.

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