Análises

Sacred 3

Sacred 3 é um action RPG desenvolvido pela Keen Games. Dado o género de jogo que é, está condenado a ser comparado com Diablo 3, ainda para mais quando a versão Ultimate Evil Edition tem lançamento agendado para daqui a umas semanas. Mas Sacred 3 não é um clone de Diablo 3. Aliás, logo desde os primeiros minutos que se esforça por mostrar o quão diferente é.

Em Sacred 3, Lord Zane, líder do império Ashen, pretende obter um poderoso artefacto chamado Heart of Ancara. Para isso, Zane alia-se a demónios e deixa um verdadeiro rasto de destruição na perseguição do seu objectivo. Na tentativa de parar Zane, encontra-se um grupo de heróis.

Apesar de a história ser aparentemente pesada, o jogo apresenta-a de uma forma mais ligeira, metendo piadas pelo meio. O jogo não se leva a sério, e embora às vezes se torne demasiado aparvalhado nas piadas, acaba por criar diferenças para outros jogos do género que tentam ser mais dramáticos.

Sacred 3 review screenshot
Ao contrário de Diablo 3 onde a história é dividida por capítulos, Sacred 3 divide-a por missões. São 15 missões principais no total, cada uma na sua localidade específica. Para além das missões principais, também existem missões secundárias que basicamente servem para ganhar experiência e dinheiro adicional, e aumentar o número de slots disponíveis para itens de cura. Estas missões secundárias são curtas e normalmente têm como objectivo matar todos os monstros numa pequena área ou sobreviver a 5 vagas de inimigos.

As missões principais são mais longas e no final de cada uma existe uma batalha de boss ou um objectivo para cumprir como, por exemplo, destruir 4 geradores. No entanto, algumas das situações que nos são apresentadas durante as missões principais são usadas de forma muito frequente. Sobreviver a vagas de inimigos enquanto se gira uma roldana seis vezes ou desviar de queda de pedras em corredores estreitos são algumas das situações.

Tal como mencionado em cima, cada missão principal decorre numa área diferente. Isto retira alguma da repetitividade que se pode esperar de um jogo deste género. Os cenários são bastante diversificados, passando por cidades, ruínas ou fortalezas. Aliás, no que toca à artwork, Sacred 3 consegue ser um jogo impressionante. Completada a campanha, cuja duração ronda as 20 horas se fizerem todas missões principais e secundárias, desbloqueiam um novo nível de dificuldade. As áreas em si são lineares e não oferecem exploração, contrastando com um estilo mais open world de Sacred 2: Fallen Angel.

De mencionar que Sacred 3 tem um modo cooperativo para 2 jogadores localmente ou para 4 jogadores online. O modo multiplayer é simples, mas funciona bem. Caso queiram jogar online, o jogo apresenta as sessões disponíveis e a respectiva informação, nomeadamente a missão, a dificuldade escolhida e quantos jogadores estão naquela sala. Por cada jogador que se junta a uma sessão em curso, a dificuldade dos inimigos aumenta.

Sacred 3 review screenshot 2
O grupo de heróis é composto por 4 classes base, mais uma acessível via DLC. Cada uma destas classes tem o seu próprio estilo de combate. Por exemplo, Marak é o “tanque” de combate, enquanto que Claire é mais ágil mas requer uma maior estratégia na hora de utilizar os seus ataques. Kython, o Malakhim é a personagem DLC e está acessível gratuitamente a quem fez pré-reserva de Sacred 3 First Edition. É pena esta personagem ser DLC, pois Kython é uma personagem bastante interessante, pois é forte e tem bons ataques especiais, mas ao mesmo tempo, tem pouca defesa.

Durante os combates, cada personagem tem dois ataques normais e dois ataques especiais, juntamente com um botão de desvio e um botão para agarrar os inimigos. O analógico esquerdo controla a direcção da personagem e o analógico direito controla o inventário de itens de cura. No geral, é um sistema simples, intuitivo e divertido. Mas é na evolução das personagens onde o jogo deixa a desejar.

Sacred 3 é limitado no que toca à criação de builds, pois existem poucas habilidades de ataque e não existem habilidades passivas. Para além disto, não existe um sistema de loot. Quem já jogou Diablo, sabe que a existência de loot pode adicionar centenas de horas de jogo, pois existe um permanente incentivo em continuar a procurar a melhor arma ou a melhor peça de armadura para uma determinada build, muito após completada a campanha. Isto é algo que não existe em Sacred 3. Neste jogo, as armas são apanhadas naturalmente ao longo da história, e sobem de nível em certos momentos da campanha. Com as armaduras acontece o mesmo. Quando a personagem atinge determinado nível, a armadura evolui, dando um bónus às estatísticas ou dando um bónus passivo.

Mas nem tudo é mau. Ao longo da história é possível encontrar vários espíritos que oferecem algum tipo de bónus, mas em contrapartida, têm também efeitos negativos. Por exemplo, o Dwarf aumenta a probabilidade de um ataque critico, mas reduz a defesa. Já o Gladiator aumenta o ataque em 100%, mas só quando a energia está abaixo dos 30%. É uma ideia interessante e que obriga a ter alguma estratégia na hora de escolher qual o espírito a usar, pois reduzir a defesa de uma personagem que já não tem muita energia apenas para ter um bónus no ataque, pode não dar muito bom resultado.

Tecnicamente, Sacred 3 tem alguns problemas. Por vezes consegue ser um jogo bastante belo, muito graças à sua artwork, mas tem quebras de framerate demasiado frequentes, pelo menos na versão testada (PS3). Sempre que existe fogo ou alguns efeitos de luz no ecrã, a framerate tem quebras visíveis. Neste tipo de jogos onde a acção pode ser frenética, uma framerate instável tem impacto negativo no tempo de reacção, e consequentemente, afecta a jogabilidade.

A nível sonoro, o voice acting é competente mas o destaque vai para a excelente banda sonora. Seja num ritmo mais calmo, mais ambiente ou num tom mais épico, a banda sonora consegue criar sempre o ambiente certo para o que está a acontecer no ecrã.

Com mais de 35 horas de jogo, confesso que Sacred 3 me surpreendeu pela positiva em alguns aspectos, mas no geral, é um jogo de contradições. Se por um lado tem uma boa artwork, uma excelente banda sonora e alguma ideias interessantes na jogabilidade, por outro tem quebras de framerate que causam impacto negativo nas lutas, não tem loot e a evolução das personagem não oferece muita profundidade. Sacred 3 não é um mau jogo, mas existem opções melhores e mais completas no mercado.

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