Análises

The Binding of Isaac

O ultimo Humble Bundle (que entretanto já terminou) deu-me a conhecer um jogo que estava há algumas semanas no meu radar. The Binding of Isaac vinha com alguma fama por ser uma criação de Edmund McMillen e Florian Himsl, pessoal da Team Meat responsável pelo “delicioso” Super Meat Boy.

Embora tenha algumas semelhanças com o jogo da Team Meat, em especial no estilo visual e no tipo de humor, estes são jogos completamente distintos. The Binding of Isaac é um roguelike onde ajudamos Isaac a fugir da sua fanática mãe pela cave de sua casa. Sendo um roguelike podem esperar uma completa aleatoriedade dos níveis de jogo, ou seja cada vez que jogarem terão uma experiência completamente diferente da anterior, com novos níveis, itens e monstros. É algo que dá uma longa vida ao jogo, porque motiva o jogador a regressar constantemente à cave do Isaac. Para além disso, não é possível gravar a nossa progressão e a nossa morte é permanente, pode parecer frustrante, mas na verdade acaba por ser um dos seus trunfos porque sendo ele um jogo curto (apenas 6 níveis) mas difícil, torna-se quase uma droga, um vicio, é um clássico exemplo dum jogo “Só mais uma tentativa! Vai ser desta!”


Não esperem portanto vida fácil, inicialmente é quase impossível chegar ao fim quer seja por falta de experiência ou por falta de itens (que vão sendo desbloqueados) e por vezes a natureza aleatória de The Binding of Isaac pode ser um ponto contra, porque muito do nosso sucesso depende da sorte, da qualidade dos itens que apanhamos ou da dificuldade dos inimigos. Por falar em itens há dezenas e dezenas deles, é perfeitamente normal apanhar alguns deles pela primeira vez, passadas várias horas de tentativas. Alguns desses itens têm poderes completamente loucos e absurdos sempre com muito humor negro.

Aliás, o humor negro é um dos aspectos mais apaixonantes do jogo, se jogaram Super Meat Boy sabem mais ou menos o que esperar. Basta dizer que Isaac é uma criança nua cuja única arma são… as suas lágrimas. Durante a sua aventura irá encontrar seres deformados, fezes, sangue, moscas, tumores andantes, monstros vaginais… uma panóplia de deformidades e repulsas. Esperem encontrar também muitas referências à cultura web, com forever alones, dramatic beavers, goatsies e companhia… Mesmo com muito humor, este é um jogo desconfortável. O boss final é a sua mãe, uma fanática religiosa que a pedido de Deus tenta sacrificar o seu filho (aliás à semelhança da história bíblica com o mesmo nome).

Outro elemento comum à Team Meat é Danny Baranowsky, o compositor. Mais uma vez a sua banda sonora é extremamente criativa, embora bem mais curta que em Super Meat Boy. Mas as poucas musicas são extremamente viciantes e ficarão na vossa cabeça todo o dia.


Infelizmente em alguns aspectos The Binding of Isaac fica aquém. Sendo um jogo inteiramente focado no combate, é uma pena que ele seja tão básico e pouco prático. É verdade que passadas algumas horas acabamos por nos habituar, mas não deixa de ser fraquito. Ainda para mais o jogo não suporta um gamepad que a meu ver seria a forma mais acessível de se jogar. Também o design dos níveis é a meu ver demasiado simples, talvez seja uma necessidade directamente relacionada com a sua aleatoriedade mas é pena que eles não sejam um pouco mais complexos, pelo menos em níveis mais avançados.

Mas os pontos fortes de The Binding of Isaac acabam por superar facilmente os menos bons. Este é um bom jogo, muito simples, mas muito desafiante e que vos dará longas horas de jogo na tentativa de matar a própria mãe… é portanto aconselhado a todos que tenham problemas no seio familiar.

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