Análises

Off-Road Drive

Numa industria cada vez mais focada na nivelação e estandardização dos seus produtos, é sempre de louvar os pequenos nichos que continuam a satisfazer o seu publico alvo. Um desses nichos são os simuladores automóveis, que cada vez mais se centram num público especializado que sabe bem o que procura: realismo.

Se os simuladores automóveis já são raros hoje em dia, o que dizer dum sub-género como os simuladores 4×4 que tentam recriar o lado mais técnico da modalidade e que se podem contar pelos dedos das mãos? É ingrato ter que analisar um jogo que é praticamente único no seu género e como tal primus inter pares. Off-Road Racing é possivelmente o melhor simulador da sua categoria porque simplesmente não tem concorrência.

Há uma década atrás o saudoso Screamer 4×4 deu-nos a conhecer esta vertente do 4×4 onde o mais importante não é tanto o tempo que demoramos a completar uma etapa, mas a forma como o fazemos, é um desporto de muita técnica, persistência e um minucioso cuidado na forma como os obstáculos devem ser transpostos. Não sou um entendido do desporto nem mesmo deste nicho de simuladores (não joguei nada desde o Screamer 4×4) por isso não me irei aprofundar nas questões mais técnicas da modalidade.

A primeira coisa que salta à vista são os baixos valores de produção, desde a introdução (um full motion video bem ao estilo dos anos 90) passando pelos menus e acabando no jogo em si que apresenta visuais ultrapassados (o UE3 anda mesmo em todo o lado…). É um produto russo, quase que é inevitável encontrar uma apresentação menos cuidada, mas esse é um estigma que tem vindo a ser ultrapassado nos últimos tempos. No entanto Off-Road Racing encaixa na perfeição no estereotipo que ainda temos dos jogos de leste.

As opções de jogo são extremamente limitadas, existe um modo carreira que é… básico, correr para desbloquear novos carros e pistas, e um modo multiplayer também ele bastante limitado. Acaba por ser aqui que Off-Road Drive acaba por ficar aquém, ou seja simplesmente não há grandes razões para voltar depois de desbloqueadas todas as etapas e carros.

É recomendável conduzir com um volante, o force feedback é aceitável e muitos dos obstáculos requerem uma precisão e minúcia que só o volante pode dar. Experimentei com um gamepad, mas a experiência sai seriamente afectada porque se torna impossível de “sentir” o carro e a forma como ele está a interagir com o solo. Por falar nessa interacção, a física no contacto com os diversos tipos de terreno é muito boa, ver o nosso carro preso na lama ou a escalar enormes pedregulhos torna-se muito gratificante precisamente por causa da física que permite um óptimo feedback. Pelo contrário, a velocidades mais elevadas tudo muda, é certo que estes carros têm suspensões muito moles mas muitas vezes mais parece que estou a conduzi-los na superfície lunar, é frustrante.

Frustrante é a palavra indicada para todos os que não se identifiquem com o tipo de desporto. Para os que caírem aqui de pára-quedas esta deverá ser certamente uma experiência frustrante. Ficar minutos preso num lamaçal e ter que usar os diversos “truques” como guincho, pressão dos pneus, tracção, etc é muito gratificante para os entusiastas, mas para a esmagadora maioria deve ser tremendamente chato e nada divertido.

Mas claro, seria injusto penalizar um simulador deste tipo por não se adaptar às massas, aliás isso é algo que pessoalmente acho que deve ser louvado. Os nichos existem precisamente para fugir das amarras do mercado generalista. Mas mesmo vendo-o dentro do seu “pequeno mundo” Off-Road Drive continua a ser um simulador com os seus defeitos e é muito curto no que oferece. Vendo-o fora da sua bolha de segurança, Off-Road Drive é um simulador tecnicamente desactualizado em quase todos os aspectos e que apenas se sobressai precisamente por ser quase único na experiência que pretende transmitir. Basicamente, o que estou a querer dizer é: Obrigatório para os fãs da modalidade, proibido para o resto.

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