Análises

Uncharted 3: Drake’s Deception

 

“Mas os que sonham acordados, esses são homens perigosos, pois realizam os seus sonhos de olhos abertos, tornando-os possíveis.”

É com esta citação de T.E. Lawrence que começa Uncharted 3: Drake’s Deception. Os anteriores títulos, apresentaram-se como excelentes jogos, com elevados valores de produção e com uma enorme atenção aos detalhes. Como tal, a fasquia era bem alta e a Naughty Dog teve a dura tarefa de a tentar superar.

Logo desde o primeiro capítulo, nota-se numa mudança de direcção em relação às anteriores entregas. Uncharted 3: Drake’s Deception tem um tom muito mais pessoal e centra-se mais em Nathan Drake e na sua relação com Sullivan. Se por um lado, isto retira protagonismo às outras personagens (nomeadamente Elena e Chloe) fazendo com que apareçam esporadicamente, por outro lado, ficamos a conhecer as raízes de Drake e em que circunstâncias conheceu Sullivan. É esta diferença que torna Uncharted 3: Drake’s Deception numa experiência diferente dos anteriores. Embora tenha um inicio lento e demore alguns capítulos até ganhar ritmo, a história é cativante, com os seus plot twists e a dinâmica entre as personagens continua soberba, fazendo com que seja fácil ficar agarrado ao comando para ver o que vai acontecer a seguir.

Para que a história seja imersiva e as personagens credíveis, contribuíram os actores que brilhantemente deram vida às personagens. O voice acting está muito bem conseguido e as animações muito detalhadas. Mesmo as animações das mãos, que normalmente são descuradas, estão perfeitas. Mas o mais impressionante são as expressões faciais que levaram uma significativa melhoria em relação a Uncharted 2: Among Thieves. Ao ver as cutscenes, várias vezes me lembrei dos filmes da Pixar e da forma como conseguem dar tanta expressividade às feições faciais. Penso que a Naughty Dog acertou em cheio neste aspecto.

Graficamente, Uncharted 3: Drake’s Deception é facilmente um dos jogos mais belos da actual geração de consolas. Mesmo as áreas que tinha visto nos trailers, conseguiram surpreender-me tal a sua qualidade. Ver um navio a ondular violentamente durante uma tempestade, com a agua a embater fortemente e os objectos a deslizarem pelo convés sem qualquer quebra de fluidez é verdadeiramente fabuloso. O mesmo se passa nos níveis no deserto. Aliás, seja qual for o cenário ou o set pieces, o jogo é totalmente fluido. Os diferentes elementos como a água, fogo, areia e os efeitos de luz são magníficos. E com a qualidade gráfica, a artwork sai beneficiada. Desta forma, todo o trabalho de pesquisa efectuado para a história e cenários, sai realçado.

A banda sonora, continuou a cargo de Greg Edmonson e tem um estilo inspirado no Médio Oriente. As músicas conseguem captar muito bem os diferentes cenários e situações. Mais uma vez, nota-se bastante cuidado nesta vertente pois cada trilha assenta que nem uma luva às diversas situações. Os efeitos especiais também merecem destaque. O som das explosões e dos disparos estão mais nítidos e causam mais impacto. Além disso, cada arma tem um som notoriamente diferente.

A progressão de jogo, efectua-se de forma muito semelhante aos anteriores. Durante 22 capítulos, percorremos várias partes do mundo, que alternam entre secções de plataforma e disparos. Intercaladas com estas situações, existem algumas sequências “scriptadas” que embora retirem alguma liberdade, não são demasiado intrusivas. Durante a viagem pelo mundo, somos colocados em diversas situações complicadas. Dependendo da dificuldade escolhida e do tempo perdido a procurar os tesouros, o modo Single Player dura entre 8 a 10 horas. Contudo tenho pena que o numero de secções de plataforma seja reduzido. O mesmo vale para os puzzles, que mesmo sem usar o diário, não requerem grande esforço. O jogo foca-se demasiado no combate, o que é pena tendo em conta o ambiente criado.

Em relação ao gameplay propriamente dito, foram implementadas algumas novidades e melhorias. Uma das novidades, consiste em devolver as granadas inimigas ao acertar no timing certo. Dado que apenas existe um slot para granadas, esta opção é bem vinda e é uma boa ajuda nas situações mais difíceis, principalmente porque a Inteligência Artificial foi melhorada e constantemente tenta flanquear e apanhar o jogador de surpresa. O combate corpo-a-corpo passou a ter um maior destaque no jogo. Agora, não basta carregar apenas num botão para derrotar um inimigo. Em vez disso, temos de nos desviar no timing certo ou podemos agarrar os inimigos e, por exemplo, atira-los de uma janela. Em certas zonas, também podemos usar items do cenário para nosso beneficio.

Acabado o Single Player, têm o modo Multiplayer com opções para todos os gostos. O principal modo a destacar é o Co op Adventure. São 5 cenários diferentes, alguns retirados dos anteriores Uncharted, e que servem para contar uma história paralela em que no final, iremos encontrar velhos conhecidos. De facto, este modo foi bastante melhorado e teve bastante mais atenção a ponto de ter diálogo próprio. Dependendo da dificuldade, podem contar com cerca de 2 horas de uma história alternativa.

Os restantes modos competitivos, apresentam algumas novidades como o Three Team Deathmatch ou o Free For All e os que regressaram do Uncharted 2: Among Thieves, têm alguns twists. No modo Team Deathmatch, acontece o cenário mudar o que torna a experiência mais dinâmica. Além disso, nos modos competitivos, têm a possibilidade de apanhar tesouros dos outros jogadores e assim desbloquear itens para costumizar a nossa personagem. Devo salientar que a progressão no Multiplayer está muito bem conseguida pois à medida que subimos de nível, desbloqueamos Boosters, melhorias para as armas e items para a personagem. Assim, existe um verdadeiro incentivo e recompensa por jogar estes modos. Quem teve a oportunidade de jogar a Beta, irá notar que os movimentos das personagens está mais rápido e as animações mais fluídas. Os cenários que passaram da Beta para a versão final, também levaram algumas pequenas modificações de forma a tornar os mapas mais equilibrados.

A Naughty Dog não se limitou a fazer “mais do mesmo”. Uncharted 3: Drake’s Deception é uma experiência diferente dos anteriores pela forma como a história foi pensada, mas não deixa de ser uma experiência de qualidade. Tenho pena que as sequências de puzzles, exploração e plataforma sejam cada vez menos mas tudo o resto é tão bem feito, que acaba por compensar um pouco esta falha. Gráficos fabulosos, boa banda sonora com um voice acting de grande qualidade e uma jogabilidade mais refinada, tornam Uncharted 3: Drake’s Deception num título obrigatório para todos os possuidores de uma Playstation 3.

 

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