Análises

Asura’s Wrath

Asura’s Wrath é um jogo produzido pela CyberConnect2, mais conhecida pelos jogos baseados no universo Naruto. Neste projecto, a produtora saiu da sua zona de conforto e tentou fazer algo diferente, acabando por misturar um pouco de beat ‘em up com rail shooter e uma boa dose de quick-time events (ou QTE).

Para começar, o que salta logo à atenção é o design artístico, inspirado na Mitologia Hindu com uma pitada de Sci-fi. Os cenários e as personagens têm um estilo bastante marcante a ponto de se destacar dos demais jogos do género. O que estraga um pouco esta qualidade artística, são os inimigos genéricos, ou seja, os Ghoma. Nota-se uma falta de inspiração e  atenção ao detalhe nestes inimigos, chegando a parecer em certas alturas, desenquadrados com o resto do ambiente.

A história de Asura’s Wrath começa com a luta entre os Ghoma e os demigods que têm como função proteger Gaea. Devido a certos acontecimentos, Asura, um dos demigods, é traído pelos seus pares. Inicialmente, o objectivo de Asura passa pela vingança pura e dura, mas ao longo do jogo, os seus sentimentos vão se alterando. De facto, a história é interessante e tem um certo grau de complexidade que puxa o jogador a continuar a avançar.

A forma como o jogo conta a história, faz lembrar os animes. Tendo em conta o historial da CyberConnect2, faz sentido o porquê. Basicamente, a história está dividida em episódios. No final de cada episódio, são apresentados uns mini créditos, seguidos por um preview (via cutscene) do próximo episódio. Entre episódios, é dada informação adicional através de uma série de ilustrações com diálogo. No total, o jogo é dividido em três capítulos, percorrendo 18 episódios.

Visualmente, a implementação 3D do estilo manga é simplesmente espectacular. Expressões faciais, movimento das roupas, explosões e todos os outros aparatos visuais são brilhantemente feitos de forma a proporcionar carga dramática.

O que também ajuda na carga dramática é a banda sonora que mantém a proximidade com os animes e com a mitologia escolhida para dar base a Asura’s Wrath. Em relação ao voice acting, existe a opção de escolher vozes inglesas e japonesas mas a sincronização labial é medíocre. Alguns efeitos especiais, como as explosões, têm pouca qualidade, parecendo algo abafados e pouco definidos.

Por detrás do aspecto visual e artístico, há uma jogabilidade que tem como género base o beat ‘em up. Existe um botão de ataque fraco, ataque forte, salto, ataque à distância e de desvio. Em cada luta, o objectivo é o mesmo. Tem de se encher um anger meter até se poder usar o Burst Attack, que permite ao Asura fazer um super ataque e avançar para o próximo set-pieces através de QTE. Isto vai se repetindo ao longo do jogo, incluindo nas batalhas de bosses.

Inicialmente, todo o espalhafato que acontece no ecrã graças aos QTE é interessante, mas ao fim de algum tempo torna-se repetitivo. Isto acontece porque não existe um equilíbrio entre o gameplay das batalhas e os QTE, sendo exagerado o numero destes eventos. E isso, é pena, pois nas batalhas, a jogabilidade é divertida e intuitiva.

Ocasionalmente, existe algumas secções estilo rail shooter, e embora não sejam algo do outro mundo, primam por dar alguma variedade à jogabilidade.

Em termos de longevidade, podem esperar algo na casa das 7 horas, o que não foge muito ao esperado para este tipo de jogos. Após terem chegado ao fim, resta pouco a fazer, a não ser tentar obter a pontuação “S” em todas as missões e desbloquear tudo na galeria de imagens. Seria interessante haver um survival mode ou algo do género que permitisse uma maior exploração da jobabilidade nas batalhas. Em todo caso, para o bem e para o mal, a Capcom já anunciou a existência de vários episódios DLC a serem lançados nos próximos tempos.

Se Asura’s Wrath vale pela sua componente artística e visual, não posso dizer o mesmo da sua jogabilidade. Existem demasiados QTE e pouca jogabilidade de luta. Em certas alturas, isto é levado ao extremo, chegando quase a ser um anime interactivo. O pouco replay value também não abona a seu favor. No entanto, Asura’s Wrath é uma boa experiência e um jogo que qualquer fã de anime irá apreciar mesmo com os seus defeitos.

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