Dead or Alive 5
Dead or Alive, sempre foi o patinho feio dos jogos de luta, muito por culpa sua, pois dava muito ênfase ao fanservice. Isto serviu para que a série não fosse levada a sério, chegando até a ser considerada uma versão light de Virtua Fighter.
Para Dead or Alive 5, Yosuke Hayashi, decidiu mudar algumas coisas e isso é notório pelo slogan “I’m a fighter”. Embora continue a existir uma boa dose de fanservice, tudo parece mais polido e pensado de forma a atrair todo tipo de jogadores, mas principalmente, os mais hardcore.
Tal como é habito na série, a jogabilidade assenta num esquema de quatro botões: pontapés, socos, throws e hold. Isto permite um sistema de triângulo, onde os ataques (socos ou pontapés) batem os throws, por sua vez, os throws batem as más tentativas de holds e por fim, os holds punem os ataques previsíveis. É um sistema simples, mas que permite uma boa fluidez de jogo.
E aqui, entra a primeira melhoria. A série, é bastante focada nos contra ataques, e no passado, era demasiado fácil contra atacar um golpe, bastante carregar repetidamente no botão. No entanto, em Dead or Alive 5, a animação de recuperação em caso de falha de um contra ataque, foi alargada. Desta forma, terão de tentar perceber os movimentos dos adversários e tentar contra atacar no momento certo, sob pena de serem punidos pela falha.
A segunda melhoria, consiste no side step, que agora, é efectivamente útil para tentar escapar aos ataques adversários ou para contra atacar ataques que nos jogos anteriores, era impossível. Estas duas melhorias, realçam aquilo que a série sempre foi, mas que estava escondido por debaixo de tanta fanservice. Dead or Alive 5, consiste mais em saber ler o adversário, do que em técnica. Para além disto, a Team Ninja acrescentou dois novos sistemas: Power Blow e Critical Burst.
Power Blow, é relativamente simples. Abaixo dos 50% de vida, a barra de energia ficará a brilhar, e podemos usar um ataque no qual faz mais dano e nos dá a hipótese de escolher uma danger zone do cenário de forma a retirar ainda mais vida ao adversário.
O Critical Burst, permite interligar diferentes golpes, criando combos devastadores. Pode-se dizer que este sistema é semelhante ao Focus Attack do Street Fighter IV. À medida que conectamos golpes, iremos fazer com que o oponente entre num estado de Stun. Quando for atingido o estado de Critical Stun (que será assinalado no ecrã), pode-se usar o Critical Burst. Como resultado, se for bem efectuado, o Critical Burst retira a possibilidade de o oponente fazer qualquer golpe, contra ataque ou de defender. Após conectar com sucesso um Critical Burst, pode-se continuar o combo ou conectar um Power Blow.
Quanto ao leque de personagens, DOA 5 conta com a presença de 25 lutadores, sendo que dois são novos na série. O numero de personagens, pode não ser surpreendente quando comparado com a concorrência, mas é um leque bastante equilibrado e diversificado, sendo que Rig e Mila encaixam muito bem com as personagens clássicas. Rig, é um lutador de Taekwondo e que permite um estilo de luta bem agressivo e ofensivo. Mila, é uma lutadora de MMA com um bom leque de throws e que permite um maior controlo do espaço.
Para além disto, o jogo conta ainda com a presença de três personagens da série Virtua Fighter. São elas: Sarah, Akira e Pai Chan. Devo dizer que quase parece que estas personagens sempre estiveram presentes no universo Dead or Alive, pois realmente, a Team Ninja conseguiu adapta-las muito bem à mecânica do DOA 5.
Anteriormente, falei nos Power Blow e esta mecânica acaba por ter uma relação importante com os diferentes cenários. A Team Ninja apelida o Dead or Alive 5 como sendo “fighting entertainment” exactamente por isto. Cada cenário, tem várias zonas no qual se podem aceder durante as lutas, seja através de uma parede, chão ou vedação. Cada danger zone activada, também pode alterar as condições do cenário. Um pormenor excelente, e que mostra a atenção ao detalhe dada ao jogo, prende-se com algo tão simples como ir de encontra uma estante e cair uma caixa em cima das personagens. Pessoalmente, dou destaque aos cenários “Sakura”, “The Show”, “Fighting Entertainment” e “Sanctuary”, pela sua beleza e detalhe. Em contrapartida, alguns cenários podem parecer um pouco simples, não mantendo a mesma qualidade, como por exemplo os cenários “The End of the Earth” e “Depth”. Ainda assim, e no geral, os cenários são detalhados e diversificados, sendo um ponto positivo.
Graficamente, a primeira coisa que se repara é nas….caras das personagens. Nos jogos anteriores, ainda mais evidenciado no Dead or Alive 4, as personagens femininas tinham uma aparência muito “barbie”. Em DOA 5, mantém-se o estilo anime, mas no entanto, têm um traço um pouco mais realista. O modelo das personagens é extremamente detalhado, e um bom exemplo disso, é ver as personagens a sujarem-se ou a molharem-se à medida que as lutas vão progredindo e até ver o suor a escorrer cara abaixo.
O que também contribui para o aspecto gráfico, é o facto de o jogo correr a 60 frames, dando-lhe uma boa fluidez, algo tão necessário neste género de jogos.
A nível sonoro, o voice acting inglês não é de grande qualidade, chegando até a ser irritante, para além de que a sincronização labial está longe de perfeita. Felizmente, dá para escolher as vozes originais japonesas, e assim, tudo se encaixa perfeitamente. Já as vozes das personagens da série Virtua Fighter, estão um pouco abafadas, o que pode ser facilmente explicado pelo facto de a Team Ninja ter usado os assets originais do Virtua Fighter 5 fornecidos pela Sega. As músicas, são boas e algumas até ficam no ouvido.
Quanto aos modos de jogo, não há nada de especialmente novo ou diferente. Existe o Story Mode, Arcade Mode, Time Attack e Survival. Já o modo online, é composto por Simple Match, Ranked Match e Lobby Match.
Começando nos modos offline, o modo principal será o Story Mode. Este modo, tem uma organização e um funcionamento semelhante ao que se viu em Mortal Kombat, ou seja, a história está dividida por capítulos, sendo que cada um, mostra os motivos de cada personagem. Este capítulos, vão-se interligando e complementam-se uns aos outros. No entanto, alguns dos motivos para haver uma luta, são um pouco – à falta de melhor palavra – parvos, em que literalmente se podem resumir a algo do género “vieste contra mim, então vamos lutar”. Ainda assim, e apesar de algumas cenas menos conseguidas, o Story mode dura cerca de seis horas, e claro, também serve de tutorial.
Os restantes modos, não precisam de grande explicação pois são os clássicos modos presentes neste género de jogos. Apenas vale a pena mencionar que é no Arcade Mode, Time Attack e Survival que são desbloqueados novos fatos, enquanto que no Training Mode, se pode desbloquear as vozes das personagens como vozes do sistema.
Quanto aos modos multiplayer, também são os normais modos presentes noutros jogos. Mas o Lobby Match tem uma opção interessante, que é permitir ao jogador estar o tempo que quiser como espectador, ao contrário de outros jogos, onde automaticamente ficamos na fila para lutar. Em relação ao netcode, dos combates que fiz, não tive problemas relacionados com lag, exceptuando alguns combates contra jogadores do outro lado do oceano atlântico. Neste aspecto, o netcode ainda não está tão estável, mas a Team Ninja já está a preparar uma actualização para melhorar a qualidade das ligações. Ainda assim, os combates contra outros jogadores europeus foram fluídos, não havendo qualquer impacto no desfecho dos combates.
Dead or Alive 5, é um jogo sólido tanto graficamente como a nível de jogabilidade, sendo que os novos sistemas Critical Burst e Power Blow, são uma boa adição e complementam muito bem a jogabilidade característica desta série sem nunca a desvirtuar. No entanto, o grande pecado é a falta de ambição, já que DOA 5 arrisca muito pouco comparativamente à concorrência. Basicamente, DOA5 é apenas um melhorar da formula sem nunca dar algo verdadeiramente novo (na série) ou inovador. Mas se há algo indiscutível, é que DOA5 é o melhor Dead or Alive da série.