Análises

Yoshi’s New Island

Bebés e Dinossauros

Aliando à sua qualidade um charme inigualável, Super Mario World 2: Yoshi’s Island para a SNES ganhou o afecto de muitos jogadores, rivalizando em muitas listas pessoas com clássicos das plataformas como o Super Mario World e Super Mario Bros 3.
O dinossauro da Nintendo não voltou a alcançar tamanhas alturas com os seus próximos jogos Yoshi’s Story, Yoshi’s Universal Gravitation  e Yohi’s Island DS, no entanto a Nintendo decidiu confiar as rédeas da série à Arzest, estúdio formado por antigos funcionários da Sega e da Artoon, responsável pelos últimos dois jogos Yoshi. É das mãos deste novo, mas familiar estúdio que vem Yoshi’s New Island para a 3DS.

O vídeo inicial que conta a história serve tanto de homenagem ao Yoshi’s Island original como de prelúdio à sua forte dependência do mesmo: a cegonha que perdeu os bebés Mario e Luigi e os recuperou graças aos Yoshi, entregou-os na morada errada e na pressa de corrigir a sua incompetência, a cegonha foi atacada pelo Kamek Koopa que rapta o bebé Luigi e deixa cair o irmão Mario na ilha dos Yoshi.
Desejosos de se verem livres do bebé Bowser, que invadiu a sua ilha para a tornar numa casa de férias, os dinossauros Yoshi decidem levar Mario, determinado a encontrar o seu irmão, numa outra aventura.

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Controlando um Yoshi, temos que chegar ao fim do nível com o bebé Mario para o passar para o próximo Yoshi, mas se o Yoshi é vulnerável apenas a cair em buracos infinitos, espinhos ou lava, qualquer dano faz saltar o Mario, senão o apanharmos na sua bolha antes do temporizador chegar ao fim, ele é capturado e perdemos. Para aumentar neste nível a contagem do temporizador que se activa quando o bebé se solta, podemos apanhar pequenas estrelas escondidas pelos níveis, subindo a contagem até um máximo de 30.
Juntamente com o objectivo de chegar ao fim do nível com um contador de 30, também podemos encontrar 5 flores e 20 moedas vermelhas, objectivos que embora secundários, acabam por impor o ritmo do jogo.

O chamamento da exploração

Tal como o original, Yoshi’s New Island é um jogo mais lento que os Super Mario, grandes acrobacias e bons reflexos são menos necessários, sendo a progressão mais relaxada e focada em exploração.
O desenho dos níveis muitas vezes só se mostra interessante a partir do momento em que os exploramos para apanhar tudo, apesar do posicionamento de muitos itens se revelar algo arbitrário, é um padrão que se aprende a reconhecer, algo fácil a quem falar a linguagem dos jogos deste género. No entanto agradecia-se mais imaginação do que só fazer os jogadores saltar por todos os cantos vazios nas esperanças que apareça um item escondido.
Apanhar todas as moedas também é importante, pois muitas destas podem estar disfarçadas de moedas vermelhas, algo que resulta bem, tornando a progressão pelos níveis e os obstáculos que encontramos bem mais entusiasmantes, de modo semelhante ao que se viu recentemente no New Super Mario Bros 2 e claro, no Yoshi’s Island.

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A partir do terceiro mundo, o jogo começa a apresentar desafios cada vez maiores, apesar de nunca ser muito complicado para um jogador com experiência, é o suficiente para não ser aborrecidamente fácil. Claro que cumprir todos os objectivos aumenta a dificuldade e os níveis especiais são particularmente difíceis, voltar aos níveis para os explorar a fundo revela a faceta mais interessante do jogo e estende-o para lá das cerca de 11 horas necessárias para ver os créditos.

Não se ensinam truques novos a um dinossauro velho

Apesar dos seus momentos altos, o jogo raramente revela a ingenuidade vista no original da SNES, andando por um caminho seguro e já caminhado, raramente tentando algo novo e nunca atingindo níveis de qualidade altos o suficientes para compensar a falta de originalidade.
As grandes (num sentido literal se bem que não relevante) novidades são os Shy Guy gigantes, versões enormes dos inimigos clássicos, ao engoli-los nos ganhamos um ovo gigante, feito de metal se for um Shy Guy de metal. São adições pouco entusiasmantes e que pouco trazem, além de um ovo que destrói mais do que o costume e um peso que nos deixa caminhar debaixo de água, uma mecânica potencialmente interessante, mas que não é explorada a fundo no jogo e poucos frutos dá.
As batalhas contra bosses até poderiam ser giras, mas são quase todas demasiado fáceis e rápidas, não tendo sequer a oportunidade de se tornarem interessantes.

As transformações do Yoshi também estão de volta, desta vez sob a forma de zonas à parte onde o dinossauro se transforma num helicóptero ou martelo pneumático entre outras coisas e tem que chegar ao fim do nível antes que o tempo acabe. Para controlar o Yoshi, vira-se a própria consola, estes controlos funcionam bem tirando para o submarino e helicóptero, mas os níveis são completamente desinteressantes e parecem postos no jogo à última da hora.

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O modo multijogador vira um jogador contra o outro em seis tipos de jogo diferente onde se compete a apanhar moedas, atirar ovos a balões, saltar mais longe, rebentar os balões indicados no ecrã de baixo, engolir inimigos e ganhar estrelas atirando inimigos para dentro de flores gigantes. Infelizmente e como seria de esperar, não há modo online, mas pelo menos podemos jogar localmente com alguém, mesmo que só haja um jogo. Não são mini-jogos especialmente bons, mas são uma adição bem-vinda para uns desafios com um amigo.

Troca Tintas

A direcção artística do Yoshi’s Island da SNES é parte integrante do seu estatuto e da sua personalidade, o estilo de desenhos feitos a lápis de cera ainda hoje é único e lindíssimo, com as suas cores vivas e linhas exteriores carregadas; em New Island os lápis de cera dão lugar às aguarelas e os sprites das personagens a polígonos, atingindo um aspecto que mantém a sua relação com o original sem deixar de ser diferente.
Os cenários são bastante bonitos, as pinceladas das mais grossas às mais finas resultam bem e dão um ar quadro animado (uma expansão do que se viu nalguns níveis de mansão do terror do New Super Mario Bros U), no entanto falta-lhes alguma vida e variedade temática; apesar de haver algumas surpresas, rapidamente os níveis se tornam repetitivos visualmente, sentimento reforçado pelo facto de se reutilizarem muitas ideias do original.

O efeito 3D mal se nota, havendo apenas algum efeito de profundidade com o pano de fundo e infelizmente desligar o 3D não dá anti-aliasing ao jogo para ajudar com os “jaggies” vistos nas personagens.

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A música acompanha bem o tom alegre do jogo e regra geral é contagiante, apesar de ser pontuada por casos gritantes onde o compositor sai da linha que separa o carinhosamente infantil de uma trip de ácidos de um bebé. Fora dessas ocasiões e recuperando do trauma, há várias boas faixas, mas pecam por ser quase sempre variações do tema principal e variedade era apreciada.

Na sombra de um titã

Yoshi’s New Island mostra-se demasiado confortável em reutilizar ideias, mas entretém e tem os seus momentos; apesar de nunca passar muito do bom, também não desce disso, possivelmente uma vantagem trazida por percorrer um trilho já conhecido. O jogo da Arzest não faz jus ao clássico da SNES artística ou mecanicamente, mas é um bom título especialmente para quem quer um jogo de plataformas relaxado e com alguma exploração.

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