Análises

Call of Duty: Advanced Warfare

Versões testadas: Xbox One e PS4

Apesar de ser um amante de Call of Duty, fazer esta análise a Advanced Warfare revelou-se uma tarefa mais complicada do que previa. Ao longo dos anos adquiri religiosamente todos os jogos desta serie e a cada novo lançamento ficava com a sensação cada vez maior que o nome Call of Duty perdia o seu charme, mas com Advanced Warfare há motivos suficientes para me sentir de novo empolgado e tentarei ao longo desta análise explicar o porquê.

Desenvolvido pela primeira vez pela Sledgehammer Games, o novo Call of Duty apresenta-nos uma temática situada no “futuro próximo” de 2054, centrada acima de tudo no uso do exosqueleto, denominado no jogo por Exo-Suit. Este “acessório” é mostrado desde que ligamos o jogo e o vemos no fundo do menu principal, assumindo desde logo todo o destaque que o jogo assume em torno do mesmo.

COD Advanced Warfare screenshot 1Começando as hostilidades pela campanha, é imediatamente visível a evolução técnica que Advanced Warfare apresenta. O salto tecnológico das consolas de nova geração permitiu aos seus produtores oferecer personagens mais refinadas, com expressões faciais melhores e efeitos muito mais realistas. A maior parte dos cenários onde o jogo decorre também receberam esse cuidado e no geral catapultam a série para um novo patamar de qualidade gráfica e sonora.
A campanha do jogo mantém o ritmo frenético das anteriores, quebrado apenas pelo típico encontro furtivo inserido lá pelo meio, com uma duração média de meia dúzia de horas.
Após uma fase inicial trágica, controlando o ex Marine Americano Jack Mitchell, somos convidados a trabalhar para a corporação Atlas, os líderes mundiais a nível tecnológico no sector do armamento, fazendo umas pequenas missões de recruta e mais para a frente percorrendo o mundo de modo a evitar conflitos entre nações e a própria salvação dos EUA. “Hurra!”

Este enredo conseguiu cativar-me a continuar a jogar, não só pela presença do Actor Kevin Spacey que oferece algumas linhas memoráveis na pele de Irons, o Presidente da Atlas Corporation, mas também pelo querer descobrir as novas funcionalidades do Exo-Suit e dos seus melhoramentos, que podem ser desbloqueados a nosso gosto sempre que terminamos uma missão.
Por entre algumas reviravoltas no enredo, a campanha ensina-nos o controlo que se faz do exosqueleto e abre de imediato a mente do jogador para o que poderá esperar do modo Multijogador.

Focando-me agora no modo Online, a curiosidade em sentir o que a nova jogabilidade conseguiria proporcionar era muita e, após dezenas de horas passadas no Multijogador, a conclusão é decisiva: Viciante e fresco!
De certo modo tive de reaprender a jogar Call of Duty, por entre duplos saltos e boost’s para todas as direções, as possibilidades de manobrabilidade pelos mapas são enormes. Percorrer os caminhos de modo tradicional não resulta contra bons jogadores, esses que dominam as possibilidades oferecidas pelos novos movimentos. Jogar Online agora é mais exigente, é necessária muito maior atenção a todo o cenário e habilidade de movimentação.

COD Advanced Warfare screenshot 2O sistema de criação de classes deixa os jogadores escolherem entre 13 items, com novidades no uso de streaks pois agora é possível alterar o número de pontos necessários para os ganharem em prol de melhoramentos aos mesmos, num misto do que já estava presente nos jogos Black Ops. Durante as partidas ainda somos presenteados com caixas de conteúdo, que podem trazer equipamento para a nossa personagem ou variações das armas disponíveis, sendo que algum desse conteúdo apenas está disponível temporariamente.
A personalização permitida pelo jogo é enorme, desde roupas, equipamento, criação de símbolos, camuflagens, etc. O melhor disto tudo é que com o novo sistema de Lobby, onde os jogadores esperam numa sala virtual pela próxima partida, é possível ver as personagens dos outros jogadores com todo o detalhe, tal como informação do armamento que estão equipar nesse preciso momento.

Apesar de todas a variantes que não referi acerca do modo Online, que podem ser consultadas no próprio site do jogo, o que interessa dizer é que com Advanced Warfare a Sledgehammer recuperou algo que estava presente nos tempos do primeiro Modern Warfare e que cada vez mais teimou em desaparecer: o Gunplay. Neste jogo, o papel que cada um dos jogadores desempenha e a sua performance no final da partida resume-se simplesmente naquilo que consegue fazer com a sua habilidade e equipamento. Não há nenhum streak excessivo, como em jogos anteriores, que interfira de modo agressivo com o desenrolar das partidas, e no geral os confrontos são bastante equilibrados e justos para ambas as equipas.
De modo a possibilitar esta nova mecânica, o Design dos mapas assenta numa filosofia mais aberta e vertical, que por um lado proporciona o flanqueamento, algo que faltava nos jogos anteriores, por outro retirou todos os pontos de estrangulamento que em modos de jogo como “Search and Destroy” ofuscou um pouco aquela magia do domínio desses mesmos locais.

cod aw screenshot 4Para os jogadores que não se sintam cativados pela nova jogabilidade existe ainda a possibilidade de escolha entre alguns modos onde o uso do exosqueleto é interdito. Mas tendo em conta que o Design dos mapas foi realizado a pensar na verticalidade e progressão com o sistema de exosqueleto, é provável que rapidamente se sintam cansados com a pouca substância que o jogo proporciona quando jogado assim.
Durante a minha análise fiz um pequeno teste que consistiu em regressar a um Call of Duty anterior, digamos que a experiência foi bastante desagradável, sentia-me limitado e preso ao chão; é este o efeito que Call of Duty Advanced Warfare vai provocar nos próximos jogos da série.

Atirado para o pacote como que um extra feito apressadamente, o jogo conta ainda com o modo de cooperação Exo Survival. Na companhia de mais 3 elementos temos de aguentar várias vagas de inimigos, também devidamente equipados, num modo em tudo similar ao Survival de Modern Warfare 3.

O calcanhar de Aquiles de toda a série, o sistema de ligações Online, continua presente e acaba por ser o seu principal ponto negativo. É de certo modo ridículo que após tantos anos de Call of Duty continue a não haver a possibilidade de dependermos apenas de servidores dedicados para a componente Online. O jogo continua com um sistema de servidores misto mas que depende na prática das ligações dos jogadores para o desenrolar das partidas.
Estamos numa nova geração, cada vez mais dependente do Online e os jogadores pedem servidores dedicados há vários anos, algo a que a Activision deveria dar atenção.

Advanced Warfare faz muita coisa diferente daquilo que a série tem oferecido até agora, mesmo com algumas coisas herdadas de jogos da concorrência, mas continua a proporcionar a experiência central que Call of Duty sempre ofereceu. Não se trata de uma revolução mas sim de uma evolução, tremendamente necessária verdade seja dita.

A Sledgehammer inovou esta série, não ao ponto do que a Infinity Ward fez quando apresentou Modern Warfare, mas foi ousada o suficiente para o fazer logo na primeira vez que lhe meteu as mãos em cima. Agora a batata quente fica do lado da Treyarch, da qual espero que no próximo ano me torne a surpreender e se não for pedir muito, que regressem à 2ª Guerra mundial.

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