Análises

Escape Dead Island

Versão testada: PS3

Por vezes, os spin offs conseguem ser uma boa forma de dar uma nova vida a uma série, e também uma boa maneira de explorar outros caminhos alternativos, que poderiam não ser muito bem aceites na série principal. Quando corre bem, os spin-offs conseguem entregar experiências familiares ao mesmo tempo que oferecem alguma frescura à formula, tornando-os interessantes por mérito próprio. Mas quando corre mal, corre mesmo muito mal. Escape Dead Island é um desses casos.

Apesar de ser um spin-off, Escape Dead Island faz parte do cânone. O jogo coloca-nos na pele de Cliff Calo, um aspirante a jornalista que quer impressionar o seu pai. E para isso, Cliff segue caminho para Banoi juntamente com dois amigos, para investigar os rumores referentes ao surto de zombies e descobrir a verdade sobre a origem da infecção. No entanto, eles acabam em Narapela, que faz parte do mesmo arquipélago, e que está igualmente afectado pelo mesmo surto.

20140811_EDI_Screen_04Na segunda metade da história, Cliff apresenta alguma bagagem emocional, o que desperta algumas sequências surreais e alucinações, demonstrando assim o seu frágil estado mental. De certa forma, faz lembrar um pouco Far Cry 3. Mas em Escape Dead Island, estes truques não funcionam, porque Cliff é um completo idiota e é uma personagem totalmente desinspirada. Não há nada aqui que faça o jogador ter interesse no bem estar físico e mental de Cliff, nem sequer saber o porquê do que está a acontecer.

Mas a desinspiração continua noutros aspectos. Narapela apresenta ser um local grande, com muito para explorar, mas na realidade, é totalmente o oposto. Muitas das zonas estão bloqueadas por substâncias tóxicas, outras por necessitarem de determinado equipamento e outras simplesmente por barreiras invisíveis, transformando assim a progressão numa experiência demasiado linear. Aliás, até simples caixas ou vedações se transformam em barreiras intransponíveis, pois Cliff não salta ou trepa. Como resultado, na maior parte das vezes, o único caminho a seguir é a história principal.

Mesmo a nível de objectivos, o jogo nunca se esforça por oferecer um grande nível de exploração e os objectivos estão sempre bem visíveis, não tendo o jogador de pensar muito no que fazer e para onde ir. Existem algumas zonas apenas acessíveis numa altura mais avançada na campanha e só após adquirirem um determinado conjunto de equipamento, permitindo assim ultrapassar os perigos que bloqueavam os acessos a estas áreas. Como recompensa pelo esforço, recebe-se apenas uns coleccionáveis. Como ponto positivo, a partir de certa altura, o jogo oferece atalhos, facilitando assim a navegação pelas áreas.

20140811_EDI_Screen_07Apesar de este ser um jogo com zombies, Narapela não está propriamente infestada com inimigos. Na maior parte das vezes, o jogador tem de enfrentar 4 ou 5 zombies de cada vez, e mesmo os inimigos especiais, não representam grande desafio. Mas nem todos os confrontos são obrigatórios. É possível abordar parte dos inimigos de forma silenciosa, como se fosse um jogo de stealth, e estas animações até são gratificantes de se ver. Apesar disto, Escape Dead Island não incentiva a que o jogador “limpe” a ilha de zombies, pois não existe loot ou qualquer tipo de economia, e nem sequer é possível criar objectos.

O mau design e as más escolhas estendem-se ao sistema de inventário. Não existe um sub menu para os itens, e as armas estão acessíveis através de um simples pressionar de botão. Mesmo o equipamento especifico, assemelha-se mais a itens especiais do que propriamente a equipamento, pois só pode ser usado em áreas muito restritas.

Artisticamente, o jogo abandonou a perspectiva na primeira pessoa de Dead Island e Dead Island Riptide, e adoptou a perspectiva na terceira pessoa. Para além disto, o jogo apresenta um estilo mais cartonesco, em detrimento de um estilo mais realista e negro. As cinemáticas que decorrem entre os capítulos são um dos poucos pontos positivos de Escape Dead Island.

Por fim, de salientar que não existe um modo cooperativo, seja local ou online. Escape Dead Island é puramente um jogo single player, incapaz de oferecer níveis aceitáveis de diversão e entretenimento. Ainda para mais, o jogo tem uma boa dose de falhas técnicas como pop in, problemas de frame rate e texturas pouco detalhadas. Inclusive, o jogo teve a teimosia de bloquear algumas vezes no respawn após uma morte.

Dead Island e Dead Island Riptide nunca tiveram como foco a origem do surto de zombies, e muito menos, tentar encontrar a cura. Nem era o que mais importava. Não eram jogos tecnicamente isentos de problemas, mas compensavam no ambiente, jogabilidade e loot. Escape Dead Island não tem nada que sirva como redenção. Jogabilidade medíocre, personagem principal mal desenvolvida, falta de exploração e uma variedade de problemas técnicos, tornam Escape Dead Island num dos piores jogos do ano. Se são fãs da série Dead Island, o melhor que têm a fazer é esperar por Dead Island 2. Não há nada para ver aqui.

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