Análises

Pokémon Omega Ruby & Pokémon Alpha Sapphire

Quando alguém me pergunta se o Pokémon Omega Ruby/Alpha Saphire (ou ORAS para encurtar) é bom e eu não tenho paciência para elaborar, fico-me pelo “é óptimo, é Pokémon”. No fundo, isto tem vindo sempre a ser verdade, os gráficos mudaram, há mega evoluções, o meta-game evoluiu tremendamente, os elementos online ligam treinadores de todo o mundo e há uma miríade de extras e mini-jogos para apimentar a coisa, mas para muitos a aventura é a mesma: capturamos e treinamos Pokémons, derrotamos um grupo de terroristas, vencemos líderes de ginásio, ganhamos à Elite Four e corremos o mundo à procura de Lendários.

Isto tudo para dizer que se estás farto de Pokémon ou simplesmente nunca gostaste, provavelmente não é com este remake que vais mudar de opinião, mas se como muitos, não consegues largar as Pokébolas, vais querer voltar a Hoenn com as melhorias e inovações que a série introduziu ao longo dos anos.
Pokémon ORAS usa o motor estreado no X/Y para reconstruir os Pokémon Alpha e Saphire que saíram para o Game Boy Advance em 2002 e isso significa gráficos 3D e a possibilidade de trocar Pokémons ou lutar contra jogadores do outro lado do globo (que a Internet me diz ser no meio do mar, mas é perto da Nova Zelândia por isso não faz mal) em qualquer instante. E claro, podemos fazer festas ao Pikachu e dar-lhe bolos numa tentativa de fazer voltar o clássico Pikachu gordo.

oct_p09_08_hdaTanto a região de Hoenn como a aventura foram recriadas com alguma liberdade, há bastantes alterações e novidades que ajudam ORAS a encaixar melhor com os jogos mais recentes, onde alguns monstros podem mega evoluir temporariamente durante o combate com a ajuda do item correcto. Apesar de não ser fã do conceito de mega evoluções dentro do universo Pokémon, a mecânica agitou o sistema de combate, uma vez que um bicho que mega evolui muda de características, habilidades e por vezes até de tipo, o que pode virar o rumo de uma batalha.
O motor gráfico não mudou, o que quer dizer que o 3D estereoscópico funciona apenas em lugares específicos e nas batalhas, onde o framerate continua a derrapar, o que não é um grande problema visto que não estamos a controlar directamente as personagens, mas não deixa de incomodar. Tirando esses problemas, o jogo ganha muito com o salto de sprites para polígonos, o mundo é muito mais detalhado e envolvente, os modelos dos Pokémons são óptimos e as animações fenomenais, o que lhes dá imensa vida e personalidade, já para não dizer que torna as batalhas muito mais entusiasmantes. Seria mentira se dissesse que não passei muito tempo no Pokédex a admirar os modelos e as animações em detalhe.

Se há algo que merece ser destacado é o Pokénav Plus, um aparelho onde podem ser instaladas apps (para usar termos modernos) que nos permitem fazer uma série de coisas no ecrã táctil sem ter que interromper o jogo que decorre no ecrã de cima.
A grande novidade é o DexNav que nos mostra os Pokémons disponíveis para apanhar na área em que estamos e quais já capturámos, avisando-nos quando há Pokémons com habilidades especiais por perto, aí podemos vê-los na relva e andar sorrateiramente para os apanhar desprevenidos.
Se isto parece uma pequena novidade, na prática é uma mudança tremenda na maneira como se joga, não só é muito mais cómodo apanhá-los todos (se bem que isso é um objectivo praticamente impossível com 719 Pokémons) e saber se queremos ou não evitar combates, ver um Pokémon na relva e apanhá-lo de surpresa é uma bem-vinda inversão do paradigma clássico.

oct_p11_03_dewA aventura tem um excelente ritmo, há espaço para respirar e explorar, mas não há momentos mortos, havendo por vezes até a hipótese de nos deslocarmos automaticamente para certos locais, evitando viagens desnecessárias antes de podermos usar o Fly. Falando de voar, em partes mais avançadas do jogo podemos voar nas costas das mega evoluções do Latias ou Latios e controlar directamente o voo, podendo aterrar onde quisermos. É uma maneira mais demorada de voar do que com o Fly, mas é bem mais divertida.
E sim, há muita água, mas nadar é mais rápido (especialmente com um Sharpedo) e há combates aleatórios menos regularmente, já para não falar nos estranhamente ignorados Repels.

As funcionalidades online estão praticamente inalteradas desde o X/Y, em qualquer momento podemos ver no ecrã de baixo que jogadores estão online ou perto de nós e entrar numa batalha ou troca. Não sendo o Pokemon MMO com que muitos sonham, este sistema ajuda mesmo assim a concretizar a tão importante noção de conectividade e comunidade dentro deste universo.
Além de podermos treinar e brincar com os nossos Pokémons no ecrã táctil, também podemos consultar o mapa e informações sobre as áreas do jogo, como os pontos de interesse das cidades, onde há treinadores prontos para novos combates ou árvores a dar fruto.
Finalmente a Game Freak conseguiu tirar óptimo proveito do segundo ecrã, que agora melhora consideravelmente a experiência de jogo.

Ficam a faltar algumas coisas de jogos anteriores, a Battle Frontier está desaparecida em combate e a nossa personagem já não é customizavel como no X/Y, mas entre a historia, completar o Pokédex, concursos, torneios, bases secretas, batalhas e trocas online entre outras coisas, há imenso que fazer.

Se anos e anos de iterações trazem consigo alguma fadiga, é complicado resistir aos encantos de Pokémon Omega Ruby e Alpha Saphire, um remake que sabe a sequela, com toda a qualidade a que a série nos tem habituado e cheio daquele je ne sais quoi que nos faz sentir uma criança de novo. É óptimo, é Pokémon.

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