Análises

Kirby and the Rainbow Paintbrush

Aviso: este jogo é tão adorável que pode despoletar reações agradáveis como vomitar arco-íris ou sorrir incontrolavelmente. Jogar Kirby and the Rainbow Curse tem um efeito semelhante a brincar com cachorrinhos, se me fizessem análises ao depois de jogar, certamente que os meus níveis de dopamina estariam perigosamente altos.

Cada nível é como um episódio de um desenho-animado claymation, uma pequena aventura num deslumbrante e imaginativo mundo de plasticina, onde até os inimigos são fofos. O look de plasticina está no ponto, todos os cenários e personagens estão deliciosamente bem feitos, com as imperfeições que se esperariam de uma construção de plasticina e com animações estilo stop-motion.

Kirby and the Rainbow Paintbrush review 1O facto de o jogo ser tão bonito faz doer que seja praticamente obrigatório jogar a olhar para o Gamepad uma vez que a única coisa que fazemos é desenhar caminhos com a stylus. Sim só isso, mas espera, isto tem mais que se lhe diga do que parece! O Kirby, aqui uma pequena bola de plasticina, agarra-se aos caminhos que pintamos nos níveis e avança assim pelo mapas, podendo atacar ou rebolar mais rápido se tocarmos nele.
Pegar no jogo é fácil, mas dominar os controlos exige alguma habituação, sendo altamente recompensador quando fazemos trajectórias certas à primeira, aproveitamos a inércia e saltamos, deslizamos e voamos pelos níveis tanto nos momentos relaxados como nos mais agitados.
Entre obstáculos, inimigos e a tinta que demora a recarregar, o jogo vai permitindo que se brinque um bocado, com espaço para erros e experimentação, mas a dificuldade aumenta gradualmente e cedo é precisa alguma precisão e bons reflexos, especialmente para quem quiser apanhar todos os extras.

Apesar do Kirby não absorver os poderes dos inimigos como é típico, em certos níveis ele molda-se num foguetão, submarino, ou num tanque porque nada é mais intimidante que uma máquina de destruição cor-de-rosa feita de plasticina. Juntamente com outras ideias, como as partes sub-aquáticas ou as secções onde o Kirby viaja numa gôndola, o jogo introduz regularmente novidades que dão uma reviravolta aos controlos, o que evita que se tornem aborrecidos na sua simplicidade.

Kirby and the Rainbow Paintbrush review 2A banda-sonora ajuda este cartoon de plasticina a andar para a frente, há músicas fantásticas umas atrás das outras: jazz, prog-rock, electrónica, peças orquestradas, enfim, nunca se sabe muito bem o que é que os compositores nos vão atirar para cima, mas é sempre coisa boa. Muito, muito boa. Durante o jogo, grande parte dos temas são novos, mas também desbloqueamos novas e brilhantes versões de músicas clássicas da série que podemos ouvir nos extras. Sem sombra de dúvida, é uma banda-sonora que merece ser ouvida.

Ver alguém jogar na TV já entretém, tão bonito que é o jogo, mas felizmente também se pode jogar com mais três jogadores. Claro que apenas um desenha os caminhos no Gamepad, os outros jogadores controlam directamente Waddle Dees, os clássicos e mais comuns inimigos do Kirby, que regra geral não fazem mal a ninguém, deixando-nos a questionar quem é o verdadeiro vilão nesta história. Além de poderem ajudar a apanhar coisas e atacar com a lança, as personagens extra também podem carregar o Kirby, útil para aqueles momentos em que falta tinta. O ecrã avança com o Kirby e os caminhos desenhados tanto podem ajudar os outros como atrapalhar por isso é fácil chegar ao caos total se não houver coordenação, mas é dessa mistura de cooperação com competição que podem surgir os momentos multiplayer mais divertidos. É claramente um jogo feito para ser jogado a solo, mas a opção de jogar com amigos é muito bem-vinda e tem os seus momentos.

Claro que há funcionalidades para as amiibos do Kirby, Meta-Knight e King Dedede, que podem ser usadas para darem novos poderes; são extras engraçados, mas não indispensáveis, que é o que se quer no que toca a amiibos.

O jogo não é muito grande (o preço também é reduzido, rondando os €40), mas são cerca de 6 horas muito bem passadas, sem encher chouriços e no fim, ficamos um coração mais quente (se sentir o seu coração a ficar demasiado quente ao jogar este jogo, ligue imediatamente para o 112).
Claro que apanhar todas as músicas, as deliciosas figuras de plasticina e completar todos os desafios, alguns dos quais bem difíceis, garante mais umas horas de diversão, isto para não falar do multiplayer que é sempre mais uma desculpa para voltar ao jogo. Estaria a mentir se dissesse que não fiquei a querer mais, não só por uma questão de longevidade, mas porque o jogo fica progressivamente melhor à medida que avançamos e há algumas ideias que mereciam ser revisitadas e expandidas.

Com um estilo colorido a imitar plasticina, controlos táteis pouco ortodoxos, uma duração curta e a necessidade de olhar sempre para o Gamepad, adivinha-se que muita gente torça o nariz a este jogo; é pena, Kirby and the Rainbow Curse não só é uma delícia para os olhos e ouvidos, como é uma alegria de jogar, e alegria parece uma coisa cada vez mais rara em videojogos.

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