Análises

The Legend of Zelda: Tri Force Heroes

Perseguimos uma bruxa da moda pelas Drablands (terras desenxabidas) para quebrar a maldição que ela pôs à Princesa Styla: tem que usar um horrível fato de lycra para sempre. Num reino onde a moda é tudo, isto é gravíssimo, deixando todos os habitantes com medo de terem estilo. Se ver o Link vestido de Princesa ou com um fato de leopardo não chegasse para notar que este não é um Zelda como os outros, a história torna-o evidente.

The Legend of Zelda: Tri Force Heroes é um spin-off focado em multiplayer, o que quer dizer que tem as suas consideráveis diferenças dos Zeldas “principais”, trocando aventuras épicas e exploração por uma aldeia e dezenas de masmorras diferentes que temos que conquistar com amigos.

A progressão nas masmorras é focada na cooperação entre jogadores, cada um apenas tem a espada e um item que se apanha dentro do nível, ou seja, cada jogador tem a sua função na equipa, quer dentro de combate quer fora. Por exemplo, quem tem o boomerang pode ficar encarregue de puxar para si os outros jogadores e atordoar inimigos enquanto quem tem as bombas fica encarregue de rebentar o que for preciso. Os heróis podem pegar uns nos outros e fazer um totem- uma torre- para alcançar sítios e inimigos que estejam demasiado altos ou longe e podemos ter que atirar alguém para o outro lado de uma ravina, ou mesmo pela ravina abaixo só porque sim.
São ideias simples que graças aos níveis e puzzles extremamente bem desenhados, resultam numa excelente experiência para vários jogadores, transformando o processo habitualmente individual de perceber como avançar numa masmorra, num esforço cooperativo.

A dificuldade aumenta gradualmente, o que no início parece um jogo fácil rapidamente se torna num desafio mental, de reflexos e de trabalho de equipa. Além disso, cada nível tem três desafios extra, o que nos dá acesso a novas recompensas e maneiras diferentes de atacar as masmorras. Podemos ter que jogar às escuras, sem usar a espada, com tempo ou sem levar dano, entre outros objectivos e com 32 masmorras, há muito conteúdo e muitas horas de jogo.

No fim de cada nível abrimos um de três baús para obter um material que podemos usar em conjunto com outros para mandar fazer roupa que nos concede habilidades especiais. O vestido de Zelda faz com que apareçam mais corações, a parka de esquimó dá-nos aderência no gelo, o disfarce de leopardo dá-nos mais velocidade e por aí fora. Há imensos fatos para fazer, por vezes com pormenores engraçados e todos eles úteis de acordo com a situação, apesar de não serem obrigatórios para passar o jogo. Os diferentes trajes, desafios e itens que podemos usar fazem com que cada nível possa ser jogado várias vezes de maneiras diferentes, apesar de os puzzles perderem alguma piada depois de sabermos como os passar, a solução depende muito da cooperação, por isso nada é garantido.

O problema é que não sabemos o que está dentro dos baús, apenas sabemos o que é possível calhar, por isso apanhar um determinado material está dependente da sorte, fazendo lembrar Monster Hunter no mau sentido. Apesar de ser possível comprar os materiais (a loja da aldeia muda de stock todos os dias) e de cada desafio ter hipóteses de recompensas diferentes, apanhar certos materiais pode ser frustrante uma vez que estamos à mercê da aleatoriedade.

Para quem precisa de alguma competição (ou só tem uma pessoa com quem jogar, não dá para jogar cooperativamente com apenas dois jogadores) há um coliseu onde podemos lutar uns contra os outros para ver quem sai vencedor. Engraçado para variar um bocado, mas acaba por ser uma luta para ver que pega em quem para o atirar borda fora.

The Legend of Zelda Tri Force Heroes review 2

Claro que jogar com amigos ao pé de nós é a maneira mais divertida de experienciar Tri Force Heroes; coordenar estratégias ou simplesmente atrapalhar a equipa ganha outra dimensão quando podemos ouvir os risos, choros e berros dos nossos companheiros, sabendo que se os atirarmos para a lava, estamos ao alcance de um murro.
Felizmente podemos usar o download play para partilhar o jogo com outras 3DS que não tenham o jogo e pode-se até gravar o progresso desse jogador. Apenas alguns dos mundos estão disponíveis, mas assim já dá para umas boas horas apenas com um jogo.

A magia de jogar ao pé de pessoas perde-se um pouco no online como é natural, ainda para mais a comunicação está restringida a alguns emoticons que se encontram no ecrã táctil, mensagens como “Over here”, “Totem time” ou a preferida dos fãs, um simples desenho do Link com pompons de claque. No geral estes emoticons são suficientes e a comunicação limitada acaba por tornar a cooperação num puzzle só por si uma vez que ninguém consegue dar a solução explícita aos puzzles, mas por vezes a opção para falar com amigos ou pelo menos escrever mensagens faz falta uma vez que a 3DS não tem essa opção no sistema operativo. Grande parte das vezes é divertido tentar coordenar com os outros sem ter que soletrar tudo, mas em algumas ocasiões pode-se tornar frustrante jogar com pessoas que não sabem o que estão a fazer ou cooperar em puzzles mais complicados.

Não havendo nenhum sistema de convites ou mensagens, é essencial usar outros meios para coordenar sessões com amigos o que é mais uma barreira para que a experiência online seja completamente indolor.
Mesmo com estas limitações, Tri Force Heroes é ridiculamente divertido com vários jogadores e apesar das masmorras durarem 10 a 15 minutos, é fácil perder horas quando encontramos uma boa equipa de heróis.

Como sempre, discutir a rapidez do online é apenas transmitir a minha experiência, a velocidade e estabilidade vai estar sempre dependente da nossa ligação e da dos outros. Quase que não encontrei lag ou lentidão e apenas me desconectei duas vezes, o que é doloroso porque perdi o progresso feito nesse nível, mas em dezenas e dezenas de níveis feitos me parece razoável.

É inegável que Tri Force Heroes é um jogo feito para o multiplayer, mas os lobos solitários também podem jogar sozinho, substituindo os outros jogadores por bonecos que podemos atirar ou controlar a qualquer momento com um toque no ecrã táctil.
Apesar de não ser remotamente tão bom como jogar com outros, o single-player tem o seu mérito, obrigando o jogador a abordar os puzzles de uma perspectiva completamente diferente e a controlar com eficácia três personagens ao mesmo tempo.

O jogo adopta o motor de A Link Between Worlds e a sua jogabilidade 2D com gráficos 3D, o que quer dizer que os estáveis 60 fps e controlos suaves também voltam. O estilo limpo do jogo não quer dizer que haja falta de pormenores e cuidado no mundo do jogo; há bons designs de personagens, a aldeia e os níveis estão muito bem construídos e tiram bom partido do 3D estereoscópico, ajudando não só a medir alturas como a dar sensação de profundidade.

Ainda mais notável é a banda-sonora, óptimas composições vêm à vida com um estilo folk celta, os violinos, flautas, acordeões e guitarras acústicas dão sabor às músicas sem tirarem o lugar a faixas mais ambientais ou grandiosas. Como é costume, as músicas são dinâmicas, adaptando-se à situação para encaixar melhor. Por exemplo, pegar num jogador adiciona um coro de vozes à faixa e fazer uma torre de três adiciona mais uma camada de percussão, enquanto que se mudarmos para um herói noutra posição do totem a música foca-se em instrumentos diferentes. Com alguma experimentação podes até encontrar alguns segredos musicais dentro jogo.

É a jogar com outros que se vê o quão bom este jogo é, quão divertido é cooperar e gozar com os amigos e quão bem desenhados são os níveis. Se estás à espera de um modo single player fantástico ou de um jogo sério esquece, joga The Legend of Zelda: Tri Force Heroes pelo multiplayer e vais descobrir um jogo cooperativo único.

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