Análises

Call of Duty: Black Ops III

Versão testada: PS4

Apesar de as vendas da franquia Call of Duty continuarem altas, é seguro dizer que os últimos títulos não estiveram ao nível esperado. Advanced Warfare foi geralmente bem recebido, mas apresentou alguns problemas fundamentais. E certamente que muitos fãs ainda tremem ao ouvir o nome Ghosts. Agora, após um ciclo de produção de 3 anos, é a vez da Treyarch lançar o seu novo trabalho.

Indo direto ao assunto, a campanha é definitivamente a pior coisa do conjunto. Aliás, diria até que é a pior campanha feita pela Treyarch. Tal como o Advanced Warfare, a campanha de Black Ops 3 segue o conflito futurista e dá para perceber bem cedo o rumo dos acontecimentos. Do inicio ao fim, a história é uma autentica montanha russa de tiroteios e explosões, que mistura a temática Homem vs Maquina com um pouco de surrealismo. Ao estilo do que a Treyarch nos habituou, a história é bastante exagerada e maluca. Não é que seja particularmente má, mas já vimos este tipo coisas noutro lado e melhor apresentadas.

cod-black-ops-3-hendricksAs próprias personagens não são interessantes e os diálogos são genéricos. A contribuir para isto está o facto de o jogador não interpretar o papel de uma personagem específica que consiga transmitir da melhor forma o que se está a passar. Em vez disso, os jogadores são agora literalmente identificados como ‘The Player’, o que, obviamente, quebra toda a imersão na história.

Muitos podem ver a campanha dos Call of Duty como sendo uma espécie de treino para o modo multijogador, mas isso nem sempre foi assim. A série Mordern Warfare e o primeiro Black Ops tinham campanhas bastante boas e reforçavam a qualidade do conjunto todo, mas em Black Ops 3, por vezes, dá mesmo a sensação de que funciona como um longo tutorial para o jogador aprender todas as mecânicas da jogabilidade.

Estruturalmente, podem contar com algumas sequencias ‘on rails’ e os habituais ‘set pieces’, mas no geral, o design dos níveis foi pensado para acomodar o novo sistema de movimentos, adicionando verticalidade aos confrontos, diferentes caminhos, e novas possibilidades para flanquear os inimigos. Para além disto, a campanha suporta modo cooperativo para quatro jogadores, o que torna tudo mais divertido, principalmente com amigos.

Completada a campanha, cuja duração anda entre as 8 e as 10 horas, desbloqueiam o modo Nightmare. Este modo, que é uma pequena surpresa da produtora, permite voltar a fazer os niveis da campanha mas com a diferença de que agora os inimigos são os igualmente pouco simpáticos mortos-vivos.

Como é óbvio, este não seria um jogo da Treyarch sem zombies, e a produtora conseguiu reunir um grande elenco e juntá-lo a um ambiente bem interessante. Jeff Goldblum, Heather Graham, Neal McDonough, e Ron Perlman dão vida às personagens desde novo capítulo da zombie saga “Shadows of Evil”, que decorre durante os anos 40 num ambiente inspirado em filmes noir.

Este modo é agora mais complexo que anteriores incarnações do ponto de vista da jogabiliade, pois inclui loadouts personalizáveis, upgrades individuais, e um sistema de nível. No inicio de cada partida é possível escolher cinco perks, sendo que alguns podem dar benefícios importantes como, por exemplo, manter as armas após morrer. Os perks normais podem ser usados um número infinito de vezes, enquanto que os perks mais raros só podem ser usados algumas vezes. Ao longo das partidas é possível ganhar dinheiro ao matar zombies ou ao reparar barreiras, e posteriormente, gastar esse dinheiro em armas.

As primeiras horas a jogar Shadows of Evil podem ser bastante confusas tal a complexidade do modo, e certamente que terão dúvidas sobre o porquê de se transformarem em monstro, para que servem os rituais, ou o que é um Fumigator, mas à medida que forem investindo mais tempo, vão perceber o que torna o modo Zombies tão divertido.

Passando ao modo multijogador competitivo, os jogadores agora podem escolher um ‘specialist’, sendo que cada um tem abilidades especiais e armas únicas. Estas habilidades funcionam de forma semelhante ao Supers presentes no Destiny, e só podem ser usadas algumas vezes ao longo das partidas. Ao contrário das clássicas scorestreak, que fazem reset após a morte, as habilidades especiais não fazem reset, e isto faz com que os jogadores mais casuais continuem a jogar sem que sintam que não ganham nada.

black-ops-3-mp-combine-wmA habilidade de correr nas paredes também está presente no modo multijogador, mas apenas em áreas especificas das arenas, permitindo aos jogadores dar a volta e tentar ganhar posição sobre os adversários. Aqueles que se queixaram do uso excessivo de saltos no Advanced Warfare vão ficar agradados com o Black Ops 3, porque isto foi substancialmente reduzido. Apesar da mobilidade que correr nas paredes oferece, a experiência está mais centrada em confrontos no chão. Para além disto, o jogo não é tão frenético como Advanced Warfare.

Se há algo indiscutível é a grande quantidade de conteúdo presente em Call of Duty: Black Ops III. Embora existam alguns aspetos menos positivos, a verticalidade introduzida sem quebrar demasiado o estilo de jogo tradicional da série, a personalização existente no modo multijogador, e o modo Zombies, tornam este numa boa experiência Call of Duty, e num melhor título que Advanced Warfare.

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