Análises

Beyond: Two Souls (PS4)

Versão testada: PS4

Willem Dafoe e Ellen Page estão de regresso à plataforma de nova geração da Sony com o remaster de Beyond: Two Souls, um dos mais conhecidos IPs da Quantic Dream, que já está disponível para download. Este é um jogo de aventura cinematográfica com componentes dramáticas e com interações do jogador. A versão remaster de Beyond Two Souls conta com uma resolução de 1080p e um conjunto de outras melhorias gráficas.

Em Beyond: Two Souls controlamos Jodie Holmes, a personagem que Ellen Page deu a imagem, e Aiden. A história de decorre durante 15 anos da vida de Jodie, desde criança a inícios da idade adulta. Jodie, é uma jovem que possui poderes sobrenaturais e tem um elo com Aiden, a entidade. Podemos jogar em modo individual, controlando assim, ambas as personagens, mas também podemos jogar em coop, sendo que, um jogador controlará Jodie e o outro, Aiden. É possível também jogar com um dispositivo móvel, portanto, quem não tem um comando extra, pode simplesmente descarregar a aplicação para o telemóvel ou tablet.

Controlamos Jodie na terceira pessoa onde movimento é feito com o analógico esquerdo e as escolhas ou interações, são feitas com o analógico direito. É possível vaguear por certas áreas, estando num ambiente que considero semi-livre. Depois controlamos na primeira pessoa Aiden, a entidade. Com ele, podemos voar, atravessar barreiras ou objectos que Jodie não consiga alcançar. Aiden também interage com um género de orbs sendo capaz de nos curar quando estamos magoados, abrir portas ou pressionar botões. Podemos possuir ou asfixiar personagens para o desenrolar da história e também através dele, conseguimos saber mais sobre a mesma, tendo em conta que consegue direcionar memórias de objectos ou pessoas para Jodie. Para trocar entre personagens é relativamente simples, bastando pressionar triângulo. O controlo de Jodie é bastante fluido, bem como as suas interações. Com Aiden, a movimentação também é fluida, no entanto, certas interações são confusas e difíceis. Segurar os analógicos fixos num ponto ou direcionar as memórias, por vezes é complicado enquanto pressionamos outros botões. Já Willem Dafoe não tem qualquer interação, tendo apenas um contexto puramente narrativo. O seu papel é bastante importante no desenrolar da história.

1_1447434777Os “action timers” em Beyond: Two Souls são ligeiramente diferentes do que esperava. É necessário, por exemplo, prestar atenção à direção dos movimentos de Jodie para saber em que direção pressionar o analógico. Nestas alturas, jogamos em câmara lenta. Se os braços de Jodie vão da esquerda para a direita, temos de pressionar o analógico direito nesse sentido. Se for necessário nos baixarmos, pressionamos para baixo. Outros botões também são utilizados em alturas especificas. Para interagir com Aiden, é necessário pressionar o R1 e utilizar os analógicos no sentido correcto. Também existem alturas em que é necessário abanar freneticamente o comando para nos libertarmos de situações problemáticas inevitáveis (ou não).

As escolhas ou interações que façamos traçam o desenrolar da historia. Nada é esquecido. Podemos por exemplo escolher dançar uma balada numa festa de adolescentes, escolher demonstrar os nossos poderes sobrenaturais, expelindo assim toda a nossa timidez, como podemos escolher fazer actos de vingança por nos terem humilhado ou salvar um amigo de ser espancado por bullies. É quase sempre possível alternar quando queremos entre personagens, sendo até possível, escrever o nosso próprio caminho ou história. No fim de cada capitulo, é-nos apresentado um painel onde podemos ver a percentagem das escolhas da comunidade e comparar com as nossas próprias escolhas.

A personagem Jodie Holmes está extremamente bem conseguida, levando-nos a criar um certo laço ou empatia para com a personagem devido ao que a mesma defronta. Estarmos na pele de uma jovem “diferente” e experienciar o mesmo que Jodie é em alguns casos, tocante. A forma como é contada a história não segue uma ordem cronológica, no entanto, ao iniciar a campanha, podemos escolher jogar pela ordem original, ou por ordem cronológica. Como escolhi a ordem original, por vezes dava por mim a relembrar certos capítulos para compreender o que se tinha passado. Tanto somos uma Jodie adolescente como criança. Ora estamos no nosso quarto, com medo dos pesadelos a abraçar um coelho cor-de-rosa, como estamos a lutar contra elementos da Swat para não sermos levados ou estamos a viver nas ruas a tocar viola a tentar ganhar dinheiro para comer. Viver na pele de Jodie, é sem dúvida uma experiência marcante. Os 30fps ajudam a “cinematicidade” trazendo-nos uma experiência fenomenal, onde nos sentimos realmente dentro desta aventura cinematográfica. A imersão que temos a jogar Beyond: Two Souls é algo sensacional, conseguindo-nos também transmitir todo o tipo de emoções. Tanto dei por mim contente por ver a Jodie feliz, como me senti triste ou até mesmo zangado por certos aspectos do desenrolar da história.

3_1447434778A nível gráfico nota-se melhoria entre as duas versões do jogo. O remaster de Beyond Two Souls conta com uma resolução de 1080p e 30fps, assim como melhores efeitos visuais, luminosidade e sombras. Para quem pensava que não havia nada a melhorar da versão de PS3 para PS4, enganou-se. Certos actos da história estão simplesmente fenomenais visualmente, mas outros, notam-se que poderiam ainda ter sido melhorados. Isto tudo é visível com olho microscópico. O detalhe do ambiente é bastante bom, sendo notório o aumento de qualidade dos efeitos. Os capítulos com ambientes mais escuros são os que mais se nota melhoria gráfica. Também as expressões faciais estão no seu melhor. Ao olhar para a cara dos personagens, conseguimos compreender o que estão a sentir no momento. De notar que, especialmente a personagem Jodie, está muito bem caracterizada, sendo perfeitamente perceptível quando está triste, feliz, cansada, zangada ou com medo.

Relativamente à banda sonora, sinceramente, não tem um impacto tão grande com esperava. Damos por nós a tomar mais atenção à história, raramente me apercebi que tinha música de fundo. Poderia ter sido uma melhor aposta no sentido de causar ainda uma maior imersão para o jogador.

Para os amantes da série, nomeadamente, quem já tem o jogo para a consola de geração anterior, estou indeciso se o considero este remaster um “must buy”, visto que tanto um como o outro, nos trazem uma profundidade e imersão incríveis. Considero no entanto que quem nunca jogou o mesmo, que o faça, pois é um jogo que realmente vale a pena, especialmente para quem gosta do género. Obviamente a melhoria de gráficos é bem vinda, bem como se dá oportunidade a quem nunca o jogou para desfrutar desta obra fantástica. Beyond Two Souls é um projecto que tenta criar uma ponte entre entretenimento cinematográfico e videojogos.

Nunca tendo jogado Beyond Two Souls, tinha grande curiosidade em experimentar este título da Quantic Dream. Assim, abracei o jogo como se fosse o seu primeiro lançamento e admito que fiquei satisfeito. Beyond Two Souls é um jogo capaz de nos proporcionar todo o tipo de emoções, levando-nos a pensar que estamos no pequeno ecrã. Quantic Dream colocou uma maior ênfase na história do que no gameplay, criando assim uma aventura cinematográfica sem igual, que pretendo seguramente rever.

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