Análises

Just Cause 3

Versão testada: Xbox One

Depois de libertar os cidadãos de outras nações, Rico Rodriguez está de regresso à sua terra natal, Medici, em Just Cause 3 e está preparado para derrubar o regime ditatorial do General Sebastiano Di Ravello. O terceiro titulo da série decorre vários anos após o segundo e a vontade de destruição de Rico mantém-se, algo que os veteranos da série já estão habituados a ver. Rico, uma mistura de GI-Joe com James Bond e super-herói, artilhado com todo o tipo de armas, um para-quedas e um wingsuit, não é um tipo diplomata nem alguém com muita paciência, mas com o seu sentido de justiça, o seu grupo notório de personagens ou a sua minigun, está pronto para lançar a revolução contra a tirania ditatorial em Medici, um arquipélago fictício com aspecto mediterrânico que nos  relembra um pequeno paraíso. Bem detalhado, o arquipélago é composto por ilhas de várias formas e feitios, onde grande parte conta com a presença da opressão e com as suas bases militares. Cabe-nos a nós, ou neste caso, a Rico, libertar as mesmas, é a premissa do jogo.

Haverá forma melhor de começar uma campanha que numa avioneta em direção à nossa terra natal, com as armas mais poderosas à mão, subir para o topo da avioneta para disparar rockets contra as bases inimigas, ser obrigado a saltar, aterrar de para-quedas e fazer uma entrada em grande para salvar o nosso amigo “Rockstar” Mario? Penso que não. Poucas palavras, humor e destruição, a imagem de marca de Rico Rodriguez, mantém-se em JC3.

JC1Just Cause 3 é um jogo divertido, e grande parte da diversão deve-se ao conjunto de brinquedos que o nosso personagem tem ao seu dispor. O seu conhecido gancho ou grappling hook mantêm-se, permitindo a Rico movimentar-se ou lançar-se no ar com grande facilidade. O para-quedas, outra das ferramentas conhecidas, também está presente e tem o seu controle melhorado. Mas nem tudo é mais do mesmo. No numero 3 da série podemos contar com dois utensílios novos. Um deles é uma adição ao grappling hook, sendo agora possível ligar objectos entre si com cabos e criar tensão. Assim, podemos lançar animais no ar, parar um carro instantaneamente ou derrubar estátuas e tanques de combustível sem utilização de munições. Muitas vezes dava por mim a inventar com Rico e o seu gancho, a catapultar tudo e mais alguma coisa pelo ar ao invés de seguir para a missão. As possibilidades de invenção com este novo sistema são muitas, e por vezes criamos momentos bastante divertidos. Depois temos o wingsuit. Com ele conseguimos percorrer grandes distâncias rapidamente, sem necessidade de utilização de um veículo ou de nos lançar-mos ao ar com o gancho combinado com o para-quedas. Ao inicio, a utilização do gancho e do para-quedas pode ser confusa e um pouco difícil, especialmente quando queremos subir uma montanha, mas quanto mais tempo jogava, mais me ambientava à utilização dos mesmos, sendo realmente a nossa melhor arma ou opção de fuga. 

Depois de espalhar caos e destruição numa base inimiga, prender o gancho no pico de uma ravina e lançarmo-nos com toda a velocidade para o ar, fazer queda livre e utilizar o wingsuit, só falta mesmo a mítica musica dos filmes James Bond, ou utilizar o gancho para chegarmos ao helicóptero inimigo, fazer “heli-jacking” e quando está quase destruído, saltar, abrir o para-quedas e dar uso ao lança-granadas para recriar um espetáculo digno de um tacho quente com pipocas, são aventuras como esta que nos dão uma enorme sensação de realização. Além do “necessaire” de Rico, JC também é conhecido por ser possível utilizar um leque variado de veículos, com e sem rodas, sejam eles carros, aviões, tanques ou barcos. Medici, o arquipélago, visualmente bonito, torna-se o epicentro de explosões e caos. Rico deve realmente sentir-se em casa, e nós, sentimo-nos como uma mistura de 007 e super-herói devido ao conjunto imenso de gadgets e às físicas surreais por detrás de JC3.

Também temos acesso a um sistema de entregas, garantindo assim acesso a todo o tipo de armas, veículos e munições em qualquer ponto do mapa. Para este sistema de entregas ao domicilio, foi removido o custo, contudo, é necessário termos os beacons e também conta com uma restrição temporal para evitar abusos. Neste momento, se tivesse que descrever JC3 brevemente, diria que está no limiar entre GTA, Far Cry e Saints Row.

As missões são bastante divertidas mas também temos alguma repetição. Sendo um jogo sandbox, calculava que as missões fossem mais descartáveis do que realmente são, apesar de podermos fazer algum free-roam pelo mapa fora. O mapa é bastante grande, talvez o maior da série e podemos percorrer o mesmo, libertar vilas e causar explosões por todo o lado. O acto de libertar as vilas, passa por destruir os tanques de combustível ou centrais eléctricas, destruir estátuas ou placards e megafones. Após hastear a bandeira a vila torna-se liberta. Nota-se também a ausência de NPCs., pois as vilas ou cidades são um pouco desertas.

Quanto à narrativa, ela está lá, e o seu humor característico também, mas não é dada tanta importância devido à abordagem que o jogo nos traz. Aqui, estamos focados em destruir tudo por onde passamos e fazer acrobacias utilizando os nossos brinquedos, portanto, não estranhem acabar o jogo sem saber o nome de algumas das personagens secundarias, apesar de que, são bastante divertidas. Pelo mapa fora também temos challenges que, ao completar é-nos recompensado com “gears”. Há 8 tipos destes desafios e por sua vez, 8 tipos de de classes de mod. As gears adquiridas numa challenge só podem ser aplicadas na mesma classe de gear. Se por exemplo completarmos uma challenge numa galeria de tiros, podemos desbloquear mods para armas ou por exemplo, para conseguir fazer mira. Quando contamos com um numero especifico de gears, podemos escolher o equipamento a modificar que dependendo do equipamento e mod, têm custos diferentes. Apesar de os objectivos serem algo semelhantes entre si, todo este conjunto de missões, vilas, bases e desafios e mods são capazes de nos proporcionar muitas dezenas de horas de jogo.

JC2O novo titulo da Avalanche Studios, está disponível para as consolas de nova geração e PC, sendo que na consola da Sony, corre a 1080P e na Xbox a 900p. Ambas contam com 30fps, ou neste caso, deveriam contar. Durante o jogo deparei-me com alguns problemas de performance. Para além das muitas explosões, JC3 conta com várias quebras de frame rate. Quanto mais orquestrava todo o tipo de explosões e acrobacias causadas pelo calor do momento, deparava-me com quebras de frames que por vezes terminavam o entusiasmo. Até ao conduzir um carro a grande velocidade são notórios os problemas de performance presentes. Estes problemas, quebras de frames especialmente, não deveriam estar presentes ou pelo menos não deveriam ser tão acentuados num jogo deste género.

Depois, temos também uma grande quantidade de loadings, que passado algum tempo tornam-se bastante cansativos. Um ou outro loading é normal, mas ter que aguardar aproximadamente 20/30 segundos e por vezes alguns minutos depois de morrer ou entre cutscenes, além da morosidade para carregar o menu, considero um ponto negativo. Estarmos com a adrenalina ao máximo e depois ao morrer ter que esperar 20 ou 30 segundos para recomeçar o concerto, tornam-se uma eternidade, especialmente se por exemplo morrermos mais que uma vez num curto espaço de tempo.

A câmara de jogo é simples, mantendo-se na terceira pessoa, não demonstrando qualquer dificuldade no seu controlo. Facilmente controlamos Rico que é um personagem “solto”, transmitindo-nos aquela sensação dos jogos estilo arcade. Não sentimos o peso do personagem ou das armas na quantidade de movimentos exagerados que fazemos permitidos pelas físicas hilariantes aqui presentes. Sentimo-nos realmente como se estivéssemos a jogar um jogo de super-heróis. A draw distance, ou campo de visão, estão bem detalhados, não estando destoados por desfoque intensivos. Podemos olhar e saborear o detalhe da imagem, visto que Just Cause 3, graficamente até está bem conseguido. Visualmente não é nenhum Far Cry mas, também não é tenebroso.

JC4Todos os problemas de desempenho de jogo, desde os vários e por vezes entediantes loadings aliados às muitas quebras de frames, tornam o mais recente titulo da Avalanche Studios num jogo aquém do expectável para um titulo de acção. A falta de polimento pesam em elevar a fasquia e lança-lo para um merecido Hall Of Fame, pois, tem imenso potencial para vingar no topo da tabela. Mesmo assim, é um jogo capaz que nos proporciona muitas horas de divertimento e emoção. Just Cause 3 não é um jogo com intenções de ter uma história fantástica. Também não é um jogo que nos faça criar um grande elo com os personagens, ou um jogo com momentos tão dramáticos, capazes de nos fazer chorar. É um jogo focado no puro divertimento, com imensas possibilidades e muitas coisas para descobrir, trazendo-nos mais uma vez a experiência e loucuras dos seus antecessores.

Avalanche Studios e Square Enix mantiveram o bom da formula de Just Cause 2 e acertaram em cheio no que tinha que ser revisto. Apesar de no geral não ter variado muito em relação ao seu antecessor, pois a premissa é praticamente a mesma, Just Cause 3 é diversão do principio ao fim, mas considero que deveria ter saído mais tarde do forno para cozer todos os problemas técnicos visto que de momento terá dificuldade em competir com outros títulos de renome no mercado.

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