Análises

Resident Evil 0 HD Remaster

Versão testada: PS4

Resident Evil 0 sempre foi um título mal amado dentro dos fãs da série Resident Evil. Uns achavam que os inimigos eram algo desinspirados, outros que o jogo não tinha a mesma tensão dos títulos anteriores, e houve até quem dissesse que o foco excessivo no lore e a introdução de personagens mais cartonescas criava complicações desnecessárias. Este último ponto, acabou por se tornar quase como num prelúdio para aquilo que foram os títulos seguintes. Mas agora, Resident Evil 0 está de volta melhor do que nunca, e consigo, trouxe algumas novidades.

Originalmente lançado em 2002 na GameCube, Resident Evil 0 decorre 24 horas antes dos eventos do primeiro Resident Evil, onde Rebecca Chambers e o resto da Bravo Team, investigam uns estranhos assassínios na Raccoon Forest. Rebecca separa-se do resto da equipa e vai investigar um comboio abandonado. É aí que encontra Billy Coen, um soldado condenado por assassínio, e juntos, formam uma parceria improvável.

Resident Evil 0 foi criado para tapar alguns buracos no enredo e dar mais contexto geral, mas em vez disso, acaba por criar ainda mais confusão. Rebecca Chambers, através dos eventos deste jogo, tornou-se habituada a lidar zombies e outros tipos de criaturas, mas no Resident Evil (1), ela é retratada como sendo inexperiente. A história de Billy Coen também espalha-se ao comprido, porque tenta dar uma maior profundidade à personagem, e acaba por criar mais perguntas que respostas.

De resto, Resident Evil 0 mantém-se fiel à formula clássica. Vão percorrer cenários pré-renderizados e com camera fixa, e têm a possibilidade de escolher a jogabilidade tradicional (a direção varia conforme a camera) ou controlos modernos (controlos fixos independentemente da posição da camera). Pelo caminho, vão ter de lidar com os típicos zombies, corvos, cães, e mais alguns que vou deixar para (re)descobrirem. ‘Jump scares’ também estão presentes. Se virem um zombie sentado contra a parede, podem desconfiar que da próxima vez que passarem por ali, ele vai atacar. E claro, podem contar com as salas seguras onde podem gravar o progresso de jogo.

Mas desta vez, não vão encontrar nessas salas um baú para guardar itens. Em vez disso, podem largar um item indesejado em qualquer parte do cenário, e depois regressar a esse sítio para o apanhar. Pode ser um pouco contra producente, mas apenas é preciso saber onde largar os itens para evitar constantemente andar para trás. Mas devido ao tamanho limitado do inventário, gerir os itens é algo que consome bastante tempo, e eventualmente, vão ter de encher o chão com itens importantes.

Resident_Evil_0_screens_02Ainda sobre a gestão do inventário, há que referir que quando as personagens estão uma ao pé da outra é possível trocar itens. Mas como nem sempre as personagens estão juntas, isto significa que é provável que cheguem a uma luta de boss e reparem que não estão bem preparados porque não têm a arma ou as munições na personagem certa. Se não prestarem constante atenção ao inventário de cada personagem, isto vai acontecer eventualmente.

Todos os títulos Resident Evil têm os seus puzzles, e embora seja algo tipicamente característico da série, principalmente dos clássicos, sempre apresentaram uma estranha lógica; um obstáculo tão ridículo à progressão que claramente não iria agradar a ninguém. Mas a verdade é que funcionam bem, e acabam por desempenhar o importante papel de variar um pouco os acontecimentos.

No que toca à remasterização propriamente dita, a melhoria das texturas, o novo sistema de iluminação e as melhorias nos modelos das personagens, fazem com que pareça que este não é um jogo com 14 anos. De facto, o produto base já era bom, e a qualidade geral da remasterização faz com que este seja um jogo visualmente interessante.

Para além das melhorias gráficas, a outra novidade é a introdução do Wesker Mode. Este modo, acessível após completarem a campanha, permite que joguem com Wesker no lugar de Billy. Wesker tem o seu leque de habilidades especiais, que incluem um ataque frontal rápido e um ataque a longa distância. É um pouco ridículo, no bom sentido, e é algo que os fãs vão apreciar pela diversão e variedade que traz.

Resident Evil 0 tem a sua dose de inconsistências e pode não ser o melhor dos Resident Evil clássicos, mas esta remasterização representa uma boa oportunidade para regressar a uma altura onde a série sabia o seu lugar e tinha orgulho no que era. E além disso, a Capcom foi mais além de um simples “retocar de maquilhagem” e deu-se ao trabalho de adicionar um modo e mais alguns extras. Mesmo com inconsistências e algumas decisões de design não tão acertadas, é inegável o charme deste título.

Veredito

Nota Final - 8

8

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