Análises

Unravel

Versão testada: Xbox One

Quando a 15 de Junho de 2015 um tímido e nervoso Martin Sahlin, produtor e diretor criativo da Coldwood Interactive, subiu ao palco da conferência da Electronic Arts, integrada na famosa feira internacional de Los Angeles dedicada aos videojogos – Electronic Entertainment Expo (E3), para o desvendar deste novo projeto, Unravel, a surpresa do público foi geral, não só pelo modo apaixonado como este apresentou Yarny, o simpático protagonista constituído por um novelo de fio vermelho, explicando os motivos da sua inspiração, mas sobretudo por ter sido feita a revelação de um jogo mais intimista, com uma estética distinta, a contrastar com as grandes produções habituais publicadas por aquela companhia.

O contexto da apresentação de Unravel é fundamental na medida em que a fonte de inspiração deste jogo, e que veio a dar “alma” e vida a Yarny, resulta de uma viagem de campismo em família, feita por Sahlin ao norte da Suécia, onde aquelas paisagens rurais, com o seu ritmo bucólico de serenidade campestre, estão na base dos cenários presentes ao longo deste jogo.

unravel review 3Sendo um jogo de plataformas assente na resolução de puzzles baseados na física, Unravel apresenta uma inovação interessante na mecânica utilizada com o desenrolar do novelo de fio que constitui o corpo do pequeno Yarny, situação que intervém diretamente nas ações e interações que este tem com os objetos e com o cenário de modo a poder ultrapassar os obstáculos com que este se depara ao longo de sinuosos caminhos para alcançar os seus objetivos.

Yarny não possui qualquer movimento de ataque ou combate, pelo que é apenas no uso inteligente que faz do seu fio que as barreiras são ultrapassadas, os objetos são presos, os trampolins são criados ou os animais evitados, num adorável instinto de sobrevivência para a criação de soluções e caminhos alternativos.

Torna-se importante sinalizar que, ao longo de todo o percurso, em cada cenário disponível, para evitar a ilusão de “fio infinito”, é utilizado um sistema de checkpoints/savegames que permitem a recuperação do fio desenrolado de modo a permitir que o nosso protagonista prossiga o seu caminho.

unravel review 2Em termos estéticos e de apresentação, a diferença de proporções entre Yarny e os objetos presentes nos diferentes cenários, fazem com que se tenha a sensação que se esteja a olhar para uma realidade microscópica através de uma lupa e na qual vamos ajudando o pequeno herói a encontrar as desejadas soluções para as dificuldades encontradas.

A consistência e homogeneidade estética de Unravel é bastante ajudada pela banda sonora, baseada em música folk tradicional sueca, cujos ritmos diferenciados ajudam a marcar as diferentes situações que em Yarny está envolvido, proporcionando uma imersão muito agradável, sem se tornar muito intrusiva.

Em termos técnicos, o jogo está irrepreensível, com uma fluidez muito agradável e com os comandos a responder adequadamente. Neste aspeto nunca senti dificuldade em ultrapassar os obstáculos ou realizar alguma ação e que tivesse sido impedido de a concretizar por alguma falha imposta por questões de mecânica.

O aspeto que acaba por ser menos positivo, resulta no facto da utilização diferenciada no uso do novelo de fio que se vai desenrolando e as soluções necessárias para se ultrapassarem os obstáculos ao longo dos vários cenários poder acabar por tornar-se repetitiva, levando a que os puzzles presentes ao longo do jogo tenham uma resolução pouco diferenciada entre si. Contudo, tal situação não retira mérito ao produto final que, no seu todo, é de enorme qualidade.

Para apreciadores de jogos de plataformas, considero Unravel um jogo fundamental e uma referência a ter em conta, sobretudo quando, a par de exemplos como Limbo ou Little Big Planet, ganhou por mérito um merecido lugar de destaque com projetos que apresentem este género de jogabilidade.

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