Análises

Fast Racing Neo

Versão testada: Wii U

A única coisa que me “consolou” nestes anos todos sem F-Zero e WipeOut foi o de saber que as hipóteses de ver um jogo de corridas anti-gravidade (Zero G) tão bom como o F-Zero GX eram muito baixas. O género pode estar morto, mas a Shin’en tem alguma coisa a dizer quanto a isso e após uma boa entrada nas corridas Zero G com o exclusivo WiiWare Fast, o pequeno estúdio alemão decidiu ir mais além para nos mostrar que Fast Racing Neo é mais que uma homenagem.

O jogo faz juz ao seu nome até na dificuldade mais baixa, em poucos instantes estamos a velocidades que fariam o melhor carro de competição parecer uma carroça e claro, manobrar em pistas apertadas assim tão rápido não é fácil, por isso podes contar com muitas amolgadelas e riscos na pintura. De facto, o jogo não tem nada de fácil, sem aprender a entrar nas curvas correctamente, cada corrida vai parecer um jogo de pinball e sem apanhar os power-ups que nos permitem usar o turbo não vamos a lado nenhum. Apesar de não ser simples apanhar a física do jogo, o peso das naves, sensação de velocidade e controlo são de topo.

1433331375-fast-racing-neo-1O que torna Fast num bicho diferente de F-Zero ou WipeOut é o sistema de mudança de fase: cada nave pode alternar entre duas cores – azul e laranja- e ao passarmos por cima de faixas com as cores correspondentes ganhamos um boost, enquanto que se estivermos na fase errada, perdemos velocidade.
É uma mecânica muito simples que faz lembrar o Ikaruga e que encaixa perfeitamente no Fast, introduzindo mais variáveis de risco/recompensa, elementos de estratégia e até mesmo uma componente rítmica que eleva o jogo para o excelente.

Tudo isto seria irrelevante se as pistas não fossem bem desenhadas, as curvas e saltos estão bem posicionadas e deixam ver as faixas de cores com antecedência, há atalhos, caminhos escondidos e alternativos com vantagens e desvantagens que dão bastante espaço para improvisar e aprender.
Cair num precipício ou estoirar a nave não é Game Over, nalguns instantes voltamos à corrida, mas pode ser o suficiente para passar de primeiro para os últimos lugares, a Inteligência Artificial não perdoa e há muitas oportunidades para explodir o nosso chaço Zero G. Pedregulhos a cair na pista, saltos que facilmente nos levam para o abismo, aterrar no sítio errado, voar contra uma asteroide ou ser esmagado por uma aranha robô gigante, qualquer descuido pode ser fatal e custar-nos a corrida.
Mesmo no Time Attack sem a presença de rivais, as pistas são excitantes e interessantes, o que é o sinal de pistas muito bem desenhadas.

1433331375-fast-racing-neo-2Se ganhar um troféu na dificuldade mais baixa já é um desafio, ao avançar torna-se cada vez mais essencial saber o que se está a fazer, até porque a velocidade aumenta com a dificuldade. Conhecer minimamente as pistas começa a ser imprescindível, assim como escolher a nave que se adequa à nossa condução para saber aproveitar os deslizes e entrar correctamente nas curvas sem falhar boosts. Se as quatro dificuldades e velocidades não te chegarem, o Hero Mode inverte as pistas, aumenta a velocidade, exige que fiques em primeiro e usa a barra de turbo como a “vida” da nave, por isso se quiseres sofrer não procures mais. As 16 pistas são suficientes para muitas, muitas horas de jogo, especialmente por causa do multiplayer offline e online, que na minha experiência foi super suave.

As naves parecem saídas de um WipeOut, não há designs nem personagens de desenhos animados de Sábado de manhã, mas a extrema dedicação em encher as pistas de detalhes e vida, assim como todo o feeling e jogabilidade arcade apoiada por uma banda sonora techno que ajuda a manter os batimentos cardíacos bem lá em cima (quem melhor que os alemães para fazer musica techno?) fazem com que Fast tenha mais carácter do que os menus básicos deixam a entender.

Como sempre, a malta da Shin’en deixa-nos na dúvida se eles não são na realidade feiticeiros tecnológicos, Fast Racing Neo é simplesmente impressionante graficamente. Mesmo com dez naves a correr nas pistas hiper detalhadas e imensos efeitos nunca vistos na Wii U, foram raríssimas as vezes que notei o jogo a descer dos 60 fps, se bem que a dividir o ecrã com amigos estas descidas são mais frequentes e o framerate passa para 30 com 3 ou 4 jogadores. A verdade é que se consegue ver o que é que a equipa sacrificou para ter altes gráfiques a 60 fps, são feitos truques com a resolução que não é 720p nativa e o aliasing é mais que visível se pararmos para olhar com atenção, mas são sacrifícios que me parecem razoáveis tendo em conta que muitos destes defeitos na qualidade de imagem são difíceis de notar a altas velocidades.

Fast Racing Neo é o magnum opus da Shin’en, mostrando que a equipa de cinco é capaz de mais do que ser só tecnicamente impressionante e apesar de Fast ter as suas raízes noutros jogos, triunfa com base nos seus próprios méritos. Fast Racing Neo é um exclusivo Wii U que não deves ignorar se tens qualquer interesse no género e por 15 euros é dificil dizer que não.

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