Análises

The Witch and The Hundred Knight – Revival Edition

Versão testada: PS4

The Witch and The Hundred Knight ( TWatHK ) é um Action RPG desenvolvido pela Nippon Ichi Software lançado anteriormente para consola caseira da Sony, a Playstation 3. Agora, a bruxa do pântano está de regresso com a Revival Edition para PS4, contando com novas implementações e várias melhorias. Nippon Ichi, anteriormente conhecido por Prism Kikaku Ltd, é responsável por vários títulos sendo que, na sua grande maioria, são títulos para as consolas da Sony, como Disgaea, Atelier Rorona e Hyperdimension Neptunia.

Este é um título em que a premissa é um pouco fora do comum. Farta de não conseguir avançar para além de onde está confinada, Metallia, a auto-intitulada bruxa do pântano, invoca o lendário Hundred Knight para a ajudar a conquistar o seu objectivo, espalhar o pântano por Medea. Como seu lacaio, a nossa missão é seguir as suas ordens destruindo os pilares construídos para prevenir que o seu pântano se alastre e espalhar o caos aniquilando todos aqueles que se oponham. Aliado a esta premissa, TWatHK também conta com um humor particularmente negro, bem como, uma boa quantidade de palavrões.

Metallia não é a típica personagem que criemos um laço. Ao invés é uma personagem bastante extrovertida com uma mente muito negra e com um pavio muito curto, que muitas vezes não gosta de certas respostas ou acções, chegando a colocar-nos em situações bastante desconfortáveis. E como somos o seu servo, que remédio temos que não seguir as suas ordens. Hundred Knight tem um aspecto que dificilmente consigo descrever, mas relembra-me de certa forma um minion vindo do inferno, mas com um ar muito pouco feroz que nos faz duvidar se realmente é um ser malévolo. Cabeçudo e com uns braços de tamanho fora do comum, a sua ergonomia torna-o numa personagem engraçada mas, não só no seu aspecto físico, mas também a nível de inteligência, tendo em conta que é pouco mais inteligente que um calhau. Apesar do grau de inteligência, conforme vamos subindo de nível e avançando no jogo, deparamo-nos com a necessidade de tomar decisões, como ignorar, concordar, negar ou questionar. Estas escolhas são feitas com o analógico e seleccionando uma resposta à nossa escolha que desencadeará uma reacção a Metallia.

A nível de gameplay, TWatHK é um titulo com muitos altos e baixos que conta com as mais diversas mecânicas de combate, bem como algumas variáveis mais fora do comum. Aqui, podemos equipar até 5 armas de diferentes características e a ordem como equipamos desencadeia diferentes reacções que podem levar a dar dano extra aos nossos adversários. Além disto, podemos pré-configurar estas combinações a nosso gosto para que possamos alternar conforme necessário sem a necessidade de aceder à mochila. Depois temos as facets que são quase como builds, que servem para alterar as nossas características como a vida ou a percentagem de dano dos diversos tipos de armas e tem também a particularidade de alterar a nossa aparência. Porém, TWatHK não é um jogo onde simplesmente temos de pressionar um botão freneticamente para combater contra os nosso adversários. Além do comum, controlar a barra da vida, temos também de controlar a energia para fazer ataques ou fugir, mas, a condicionante mais acentuada não é nenhuma destas. São as Gcals. As Gcals são uma condicionante, digamos, temporal. São basicamente um cronómetro que começa a contar desde as 100, que se vai gastando consoante as acções que fazemos, desde correr, atacar, saltar ou recuperar vida. Quando as Gcals acabam, o personagem fica muito enfraquecido começando até a perder vida.

De notar que dependendo da acção, as Gcals são consumidas mais ou menos rapidamente.Sempre que levamos dano, esgotam-se mais depressa. Se nos tentarmos curar rapidamente, mais depressa ainda se esgotam. Existe no entanto a possibilidade de recuperar Gcals ao consumir um inimigo. Quando tiramos uma quantidade considerável de vida, podemos pressionar uma combinação de botões que nos levam a consumi-lo, carregando assim, um pouco as as baterias, mas, isto também é limitado ao espaço do nosso estômago. Apenas podemos até que o mesmo fique cheio, pois ao fazer isto, obtemos também alguns itens. Quando está cheio e se estivermos apertados em Gcals, vemo-nos obrigados a ir à base e se não tivermos um pilar por perto para definir como ponto de spawn e morrermos, temos que percorrer o caminho todo até onde nos encontrávamos bem como perdemos uma quantidade considerável de experiência e itens. Um dos pontos altos é sem dúvida o combate que está efectivamente bom e bastante fluido, trazendo-nos uma sensação de vitória quando dominamos o mesmo. Considero que a existência das Gcals não ajudam de modo algum na liberdade do jogo, trazendo-nos a sensação que as nossas acções estão contadas, bem como podem trazer morosidade no avançar dos níveis. Apesar de ser uma variável que dá mais profundidade ao jogo, considero que seria dispensável para o género.

Depois, temos também a possibilidade de fazer raids às casas, que dependendo do grau de dificuldade, obtemos os vários tipos de items para utilizarmos no nosso personagem. Quando o escolhemos fazer, segue-se uma animação como se estivesse um reboliço dentro da casa. Algo semelhante ao que vemos em desenhos animados. Caso não sejamos bem sucedidos, somos atirados fora da casa com a barra da vida quase vazia. O que não é nada bom, tendo em conta a condicionante que temos. Estes raids no início até são engraçados e até podemos vir a ser recompensados, mas, com o desenrolar do jogo, esta acção torna-se bastante penosa. Aliado a estas questões está também a existência de níveis extremamente grandes e alguns com um grau de complexidade mais elevado, tornando por vezes o jogo aborrecido.

Nesta revisão do jogo está agora presente uma área bastante interessante, denominada de Tower of Illusion. Pagando um custo de uma arma para poder entrar na torre, temos a oportunidade de combater pelos andares acima para obter equipamento melhor. Quanto melhor for a arma sacrificada, melhor é o loot mas também mais fortes são os nossos adversários. Nesta área podemos também jogar com Metallia após encher uma barra de mana. Com o seu leque de poderes, seguramente será um bilhete para conseguir ultrapassar um andar que tenham dificuldades. Outra das novidades é a alquimia e a existência de catalisadores que são obtidos nesta mesma torre e servem para aumentar as características do nosso equipamento.

Apesar do seu estilo e de na verdade parecer um jogo pequeno visto que não ocupa 4GB em disco, The Witch and The Hundred Knight é um jogo que vos irá dar entretenimento durante várias e longas horas, sendo que, além da história, têm ao vosso dispor muita exploração. Os diálogos também ajudam a tornar o jogo tão longo, existindo sequencias que poderão demorar largos minutos. Falando nos diálogos, podemos escolher entre Japonês e Inglês. Eu comecei a jogar com os diálogos em Inglês e devo dizer que fiquei agradado com a dobragem. Encaixa perfeitamente nas personagens, não se notando falas forçadas. As vozes em Japonês, como é de esperar, estão fenomenais. É facilmente identificado o humor presente nos diálogos, sobretudo em Metallia que tem uma língua bastante afiada, portanto podem contar com muitos palavrões e piadas impróprias.

Com um upgrade aos gráficos, nomeadamente a nível de framerate, texturas, iluminação e modelos, TWatHK está agradável a nível visual bem como de fluidez. Não notei quebras de frames sendo no seu todo, uma aventura bastante fluída. E como não podia deixar de ser, a banda sonora recebe pontos positivos pela sua qualidade. Considero que esteja bem enquadrada com o ambiente e com o jogo. Enquadra-se perfeitamente numa ambiente de magia ou fantástico.

Caso sejam fãs de jogos do género e gostem de um humor particularmente negro, este é um título que não vos vai decepcionar, que investindo uma boa quantidade de horas, torna-se num jogo bastante interessante, cheio de mecânicas e combates caóticos. Com personagens fora do normal, vozes espetaculares e um desenho anime, quem gosta deste género vai ficar sem dúvida agradado. Peca apenas pela morosidade de certas ações e pela sensação de falsa liberdade, mas bem trabalhado e com alguma cabeça, podemos sem dúvida desfrutar da experiência que o jogo nos oferece.

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