Análises

Stella Glow

A Imageepoch destacou-se com os seus JRPGs para a DS, nomeadamente Luminous Arc e 7th Dragon, tendo tido uma carreira ocupada desde então. Infelizmente, o mercado não foi simpático para o estúdio Japonês que vê agora lançado o seu último jogo: Stella Glow para a 3DS.

Stella Glow é um SRPG (Strategy RPG), ou seja, combatemos por turnos num mapa dividido em grelha, sendo importante ter em atenção não só o terreno, mas a distância e posicionamento face aos inimigos. As primeiras horas não são muito entusiasmantes, o sistema de combate parece demasiado simples e lento, aguentar os longuíssimos e frequentes diálogos vindos de personagens tão genericamente anime pode testar algumas paciências.
Passado um bocado a coisa melhora, somos introduzidos gradualmente a várias personagens e mecânicas que tornam as batalhas muito mais ricas e o jogo evolui gradualmente para algo bem melhor.

No mundo de Stella Glow haveria menos cantores em programas de talentos, isto porque cantar é apenas um mito para grande partes das pessoas, sendo uma arte apenas acessível a bruxas e felizmente, temos algumas delas na nossa equipa. O dom de cantar traduz-se mecanicamente em magia, tornando as bruxas da nossa party elementos especiais não só pelos típicos feitiços elementais e de cura, mas pelas suas canções. Ao atacar enchemos uma barra que permite às bruxas cantar para desferir ataques especiais e Alto, a personagem principal, é o único que consegue “afinar” as bruxas de modo a que elas deem uma performance de vários turnos com efeitos como impedir os inimigos de atacar ou baixar a defesa deles.

Apesar de ser um sistema de combate típico do género, isto dá-lhe o seu sabor e ajuda-nos a ficar agarrados ao ecrã a pensar nas melhores estratégias possíveis. Se bem que ignorar as batalhas opcionais significa ter personagens em níveis mais baixos e isso torna as coisas mais complicadas como é óbvio, o jogo não é particularmente difícil, tirando uns potenciais momentos francamente injustos que podem deitar uma batalha inteira a perder, Stella Glow não vai ser um grande desafio para os experientes nestas lides, mas não deixa de exigir algum planeamento. Algumas canções mais à frente no jogo quebram um bocado o equilíbrio da dificuldade, mas nada de grave.

Stella Glow screenshot 1Entre batalhas temos tempo livre para explorar a cidade principal através de menus, além de podermos comprar equipamento, também podemos conversar com os nossos companheiros de equipa para subir o nosso grau de afinidade, o que desbloqueia habilidades extremamente úteis, além de revelar mais sobre as personagens e permitir finais alternativos, adicionando às cerca de 50 horas de jogo mais umas quantas para ver todos os finais.

Além disso, também podemos ajudar as bruxas a ultrapassar bloqueios psicológicos para que elas possam ficar mais fortes, entrando numa batalha dentro da psique delas para destruir os seus medos e lado negro, o que é muito reminiscente de Persona 4.
Apesar da história não ser especialmente boa e haverem demasiadas raparigas menores em trajes ridiculamente reduzidos, assim como todo o tipo de clichés que poderíamos esperar de um anime, as interacções entre personagens tornam tudo bem mais interessante e divertido e a história acaba por entreter.

Stella Glow screenshot 4

Sendo a música um tema importante no jogo, a banda-sonora revela-se à altura, não fosse ela composta pelo genial Yasunori Mitsuda e Shunsuke Tsuchiya, já conhecido dos anteriores jogos da Imageepoch. Entre algumas faixas fazem lembrar o trabalho de Hitoshi Sakimoto nos Final Fantasy Tactics há uma grande variedade de estilos a ser usada e bastantes faixas que ficam no ouvido, nomeadamente as canções J-Pop que andam entre o foleiro e o altamente catchy, encaixando que nem uma luva com as bruxas que as cantam, traçando o paralelo entre elas e as ídolos Pop Japonesas.

As vozes são apenas em Inglês e inicialmente são dolorosamente medíocres e genéricas, mas eventualmente aparecem personagens com trabalhos de voz bem melhores e que não nos dão vontade imediata de passar o diálogo à frente.

Stella Glow consegue ser um pouco lento e os tropes e designs anime custam a engolir, mas todo é pacote é bastante competente e até as personagens acabam por entreter. O que pode inicialmente parecer medíocre, é um jogo com bastante para oferecer a quem quer um pouco de estratégia no seu RPG. Um fim digno para a Imageepoch e um bom título para os fãs do género.

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