DiRT Rally

Versão testada: PS4

Finalmente um bom jogo de rally! Admito que esta poderá não ser a maneira mais profissional de começar uma análise, mas foi o que senti assim que corri pela primeira vez em DiRT Rally. Não é que os WRC, títulos anteriormente feitos pela Milestone e agora a cargo da Kylotonn, sejam maus jogos, mas devido a uma jogabilidade arcade não conseguem transmitir a emoção e o perigo inerente de andar a alta velocidade em terrenos pouco propícios para tal. É exactamente isto que torna DiRT Rally tão bom, pois consegue captar as emoções de uma prova de rally.

DiRT Rally também se afasta dos anteriores DiRT. Apesar de serem títulos divertidos e até bons jogos de rally, principalmente o DiRT 3, a verdade é que a Codemasters foi dando progressivamente mais atenção à vertente X Games em detrimento do rally tradicional. DiRT Rally regressa às origens, aproximando-se mais de Colin McRae Rally, mas mais realista. Aliás, este é o título de rally mais realista que a Codemasters já produziu. E não me refiro apenas ao controlo dos carros, mas também à implementação de certas mecânicas e ao retirar de outras tantas.

A condução é absolutamente visceral. Andar rápido não significa literalmente ter o pé no acelerador. É preciso ter muita atenção às notas do co-piloto e perceber as nuances de cada troço, de forma a se conseguir descobrir onde dá para andar um pouco mais rápido. Ultrapassar o limite significa perder tempo precioso, até porque, ao contrário de outros jogos da Codemasters, não existe a função de rewind. E para além disto, existe um limite de tentativas para se fazer restart. Isto, aliado a um estilo mais simulador, criam uma certa pressão para que a concentração esteja em alta do inicio ao fim da etapa, e obrigam o jogador a viver com as consequências dos seus erros.

A cada duas etapas é possível fazer reparações ao carro, mas como existe um limite de 30 minutos, é preciso ter cuidado com o desgaste do carro ao longo da etapa. Saltos demasiado altos, más passagem de caixa e constantes toques em objectos ou barreiras naturais, podem trazer consequências graves na performance do carro nas etapas seguintes. Ter bons engenheiros é uma forma de tornar a reparação mais eficaz, mas o melhor a fazer é mesmo prevenir este tipo de situações.

Cada campeonato é composto por vários rallies, cada um numa região diferente, em diferentes tipos de terreno, e que requerem diferentes tipo afinações. Os troços acidentados e estreitos da Grécia são enormemente diferentes dos troços rápidos de asfalto da Alemanha, e consequentemente, muito diferentes dos troços traiçoeiros e escorregadios da Suécia. Cada localização requer uma abordagem diferente, e aqueles que gostam de mecânica, têm à sua disposição uma boa dose de opções de afinação.

A campanha começa com os carros dos anos 60, e cada rally completado dá dinheiro que pode ser usado para comprar um carro de outra categoria qualquer ou para a contractação de engenheiros. No final do campeonato, os três primeiros passam para o campeonato seguinte, e aí há a opção de o novo campeonato na mesma categoria de carros, ou tentar a sorte numa outra. Para além de rally tradicional, também está presente a modalidade Rally Cross e Pikes Peak.

A variedade de carros presente em DiRT Rally é boa, e inclui clássicos como  Alpine A110, Lancia Stratos e Audi Sport Quattro, mas também carros mais recentes como Ford Fiest RS WRC, Hyunday i20 WRC e Volkswagen Polo R WRC. Não posso deixar de referir a grande qualidade sonora, tanto nos sons dos motores, como dos restantes efeitos especiais.
A quantidade de localizações é que deixa um pouco a desejar. Apesar de cada uma das 6 localizações estarem muito bem desenhadas, sente-se a falta de mais alguns locais com desafios diferentes.

Graficamente, DiRT Rally é um jogo detalhado, em que os carros estão fielmente recriados e demonstram a sujidade e o desgaste sofrido ao longo das etapas. Tratando-se de um simulador, a fluidez obtida graças aos 60fps torna a experiência de jogo muito mais agradável. Como esperado, tiveram de ser feitos compromissos para que a fluidez seja constante, e como tal, é fácil de reparar que o público parece da era PS2 e que alguns dos elementos dos cenários, como as árvores, são em 2D. Obviamente que isto não tem um impacto negativo na experiência, mas é impossível não reparar nestes detalhes quando o próprio jogo faz questão de os demonstrar quase que em destaque no inicio das etapas.

O efeito combinado de uma jogabilidade mais realista com os desafios propostos resultam num jogo onde as emoções aumentam incrementalmente a cada etapa. Como resultado, DiRT Rally é um verdadeiro simulador de rally, onde uma abordagem menos espalhafatosa comparativamente aos anteriores DiRT, traduzem-se numa experiência refrescante dentro do género.