Análises

DOOM

"Rip and Tear"

Versão testada: PS4

Se a memória não me falha, até porque já lá vão “alguns” anos, DOOM foi o segundo first-person shooter que tive oportunidade de jogar. Mesmo não tendo em consideração o factor nostalgia, há que admitir que este título foi muito importante no desenvolvimento deste género, pois foi um dos jogos que ajudaram a estabelecer um determinado padrão. Mas desde então, as coisas mudaram consideravelmente dentro do género First-person shooter, muito devido a um título chamado COD Modern Warfare, principalmente naquilo que uma campanha deve ter e como apresentar.

Mas passando à frente, eis que no final da semana passada nos chega o mais recente título desta icónica série. Os mais atentos, por esta altura, já devem estar a par dos problemas que existiram na durante a produção de DOOM. Foram 9 anos de desenvolvimento, em que o conceito foi alterado pelo menos uma vez. Geralmente, isto nunca é bom sinal porque o produto final mostra cicatrizes de todos esses problemas. Seria de esperar que o mesmo tivesse acontecido com este título. No entanto, não poderia estar mais errado. DOOM pode ter passado pelo inferno, mas o que importa, é que voltou melhor que nunca.

Não tenham dúvida; DOOM é um first-person shooter muito diferente de todos os outros actualmente no mercado. Na verdade, diria que DOOM  é um first-person shooter old-school na forma como a campanha é apresentada, e pelo meio, nota-se alguma influência dos antigos arena shooters, principalmente de Quake. Não esperem set-pieces hollywodescos nem cutscenes com a caracterização das personagens. DOOM é um jogo simples, mas é igualmente isso que o torna tão bom. O que interessa é puramente a jogabilidade e a rapidez com que se mata demónios. E é tão, mas tão rápido que acaba por ser necessária alguma habituação a tal velocidade. E tudo se passa a 60fps praticamente constantes, independentemente da quantidade de acção no ecrã.

Doom review screenshot 3Tudo começa com a nossa personagem a sair de um sarcófago e a matar dois demónios. Logo aqui nota-se a diferença para os modernos FPS, pois logo no primeiro minuto de jogo já temos uma arma e começamos a jogar sem limitações. A partir daí, é matar demónios a um ritmo frenético e pelo meio explorar as áreas. Este é outro aspecto positivo de DOOM. Cada um dos mapas é grande, com vários caminhos e segredos para descobrir, e até algumas secções de plataformas. No geral, o design dos níveis é bastante bom e não tão linear como o género já nos habituou.

Os duelos contra os demónios funcionam quase como se um arena shooter se tratasse. As áreas estão desenhadas para que estes encontros decorram com uma boa fluidez e ritmo, e ao mesmo tempo, conseguem permitir que o jogador seja agressivo ou que recue para ir apanhar munições ou vida. A composição dos monstros varia em certas áreas, e incentiva a que o jogador aborde as situações com alguma cautela, descobrindo que tipo de inimigos deve derrotar primeiro.

O jogador tem à sua disposição duas armas primárias em simultâneo, e em caso de necessidade, pode trocar para outra arma via menu radial. Pode não parecer nas primeiras missões, mas mais tarde vai ficar claro que é necessário utilizar as armas de forma o mais eficiente possível para controlar as multidões. Quanto mais tempo um duelo durar, maior é a probabilidade de se morrer. Cada inimigo derrotado deixa cair cura, e caso se faça uma Glory Kill, ou seja, matar um inimigo com um melee enquanto estão staggered, esse inimigo irá deixar cair uma maior quantidade de cura. Tal como tudo no que diz respeito ao combate, há que saber quando fazer uma Glory Kill e quando é melhor não arriscar. Isto porque a animação das Glory Kills deixam o jogador susceptível a levar dano assim que o golpe termina. Por outras palavras, a risco/recompensa é uma constante.

DOOM review screenshot 1Também é possível evoluir as armas através de weapon mods. Estas modificações, duas para cada arma, oferecem prós e contra. Por exemplo, podem escolher a modificação para a shotgun que dá acesso a cartuchos explosivos, ou a modificação que faz com que a arma dispare três cartuchos seguidos. Após adquirirem todos os níveis de uma modificação, recebem acesso a um último desafio que permite aumentar a eficácia dessa modificação especifica. Isto é uma boa forma de fazer com que o jogador aprenda e utilizar essa arma e a modificação de forma eficaz, e torna todo o processo mais activo e não tão passivo como noutros jogos que também têm personalização de armas.

Apesar de a história não ser propriamente interessante e servir apenas para toda a matança, a campanha é extremamente divertida e variada, oferecendo uma boa longevidade para o género. Dependendo do nível de dificuldade e do tempo que perderem a vasculhar o mapa, podem demorar cerca de 12 horas a completar todas as missões.

Depois de acabada a campanha, podem dar um salto pelo modo multiplayer. Podem contar modos equivalentes aos tradicionais team deathmatch, captura de zonas, e kill confirmed. O modo Warpath pega no tradicional King of the Hill e torna-o mais frenético. Normalmente, neste modo, os jogadores têm de capturar e controlar apenas uma zona fixa no mapa. O mesmo se passa em Warpath, com a diferença que a área não é fixa, e em vez disso, vai percorrendo o mapa. Freeze Tag é uma variante de team deathmatch, em que as armas congelam os adversários. Isto obviamente cria situações bastante caóticas e proporciona também alguns momentos de génio, onde o ultimo sobrevivente da equipa consegue descongelar os companheiros, virando a partida do avesso.

Doom review screenshot 2Para complementar isto, há a opção de criar o vosso próprio loadout, bónus temporários, e funcionalidades de personalização. Isto tudo já soa mais moderno e em linha com outros shooters actuais, e felizmente, esta “contaminação” está limitada ao modo multiplayer. Na verdade, muito embora o modo multiplayer seja divertido, não é coerente com aquilo apresentado na espetacular campanha single player. É como se tratasse de dois jogos completamente diferentes.

Depois também existe o SnapMap, que é basicamente um editor de mapas. Alguns pequenos tutoriais mostram as ferramentas de como criar um mapa, e depois, é possível entrar nesse mesmo mapa e criar algo com lógica e ritmo. Há a possibilidade de determinar as condições de vitória, colocar determinados inimigos em áreas especificas, etc. SnapMap é agradavelmente intuitivo e fácil de apanhar o jeito, e em breve, certamente que a comunidade irá criar coisas fantásticas. Pelo menos, o potencial está lá.

DOOM não é exactamente o mesmo tipo de jogo que eram DOOM 1 e DOOM 2, principalmente no ritmo dos encontros. Aliás, nota-se uma certa influência de Quake na mistura. Mas aquilo que torna este título tão agradável é o facto de ser reminiscente dos shooters de uma era passada. DOOM é rápido, recompensa uma boa pontaria e mobilidade, e os pilares do design do jogo assentam fortemente no combate. Entrar no ritmo certo, equilibrar o uso do equipamento à disposição, controlar a composição das mobs, e dominar a arena de combate enquanto a musica pesada e a guitarra estridente passa em background, é exactamente o que torna DOOM tão divertido.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

User Rating: Be the first one !
Botão Voltar ao Topo