Análises

Star Ocean: Integrity and Faithlessness

Versão testada: PS4

Star Ocean é um IP Japonês de acção-rpg desenvolvido pela tri-Ace e publicado pela Square Enix. tri-Ace é uma companhia de videojogos fundada em 1995 por antigos membros da Telenet Japan. O primeiro titulo Star Ocean remota ao ano de ’96 para a SNES, sendo também o primeiro titulo desenvolvido por esta produtora.

Os jogos Star Ocean são conhecidos pelas suas batalhas em tempo real. Isto nos meados da década de 90, não era muito comum e foi um dos primeiros títulos a utilizar este estilo de batalha, que era considerado inovador, obtendo assim algum peso na comunidade gamer. Já passaram cerca de 20 anos desde que o primeiro título da série Star Ocean foi lançado e passaram 7 anos desde que o vimos pela ultima vez, não sendo neste caso um IP recente mas, sem dúvida que é um IP com uma boa user base conquistada.

Relativamente à história temporal de Integrity and Faithlessness, este situa-se entre o segundo e terceiro título Star Ocean. Isto sem contar com o que foi desenvolvido para a antiga consola portátil da Nintendo, o Game Boy. A história decorre portanto entre o título The Second Story e Till the End of Time.

No inicio sentimo-nos como se tivéssemos caído na história de paraquedas. Integramos no personagem e num conjunto de tutoriais baseados em texto e vemo-nos no meio de uma guerra entre duas nações. Admito que ao inicio o jogo pode ser um pouco monótono e enfadonho devido a termos que palmear mapa entre cidades para trás e para a frente. No entanto, passado alguns capítulos a andar para trás e para a frente a falar com um sem número de personagens e com algumas de batalhas pelo meio, chegamos a uma altura onde temos uma equipa recheada de membros (7) para controlarmos. No entanto, a narrativa terá ficado aquém do que esperava, sendo um pouco confusa e de certa forma cliché. Tenho a percepção que a ideia está lá, mas creio que a execução não terá sido a melhor, tornando-se em algo um pouco sem sal.

Obviamente controlar 7 personagens em tempo real será seguramente um desafio, mas a tri-Ace terá pensado nisso e adicionou algumas mecânicas a nível de combate para ajudar o jogador. Os personagens que não estamos a controlar directamente, passam a ser controlados pela IA, e devo dizer que fiquei surpreso num bom sentido, visto que o computador até faz um bom trabalho no controlo do vasto numero de personagens disponíveis. Podemos alternar entre a personagem que queremos controlar, e para tal basta carregar nos botões direccionais (esquerda e direita).  Além disto, e ainda durante o combate, temos ao nosso dispor um menu que surge ao pressionar triângulo, onde podemos usar items, definir papeis (roles) nomeadamente se o personagem faz de healer, damage dealer, entre outras opções.

O sistema de combate de Integrity and Faithlessness propriamente dito, é baseado numa rotação de papel, pedra e tesoura, semelhante ao que estamos habituados a ver no sentido de elementos. Lembram-se de Pokemon? Água ganha a fogo, fogo ganha a folha, e folha vence água. Aqui o ciclo é semelhante mas a nível da habilidade utilizada. Ataques fracos interrompem ataques fortes devido ao tempo de execução, os ataques fortes quebram a defesa e a defesa consegue bloquear os ataques fracos. Lembrem-se no entanto que têm que fazer isto em tempo real, não sendo tão simples como isso, mas mais uma questão de percepção e reacção do que hábito e conhecimento.
Porém, o combate que começa por ser satisfatório nas suas primeiras horas, onde damos uso às dicas do tutorial, à rotação, definição de papeis e enquanto o numero de personagens na party é de fácil controlo devido a ser um grupo relativamente pequeno, acaba por perder o encanto quando quando o grupo começa a crescer, tornando-se basicamente um button smash dos ataques especiais, pois é difícil de controlar de forma eficaz tantos personagens. Os combates que poderiam ser desafiantes, tornam-se  de certa forma cansativos, praticamente obrigando o jogador a deixar a IA controlar uma parte da equipa.

battle_fioreNeste tipo de jogos, e como estou habituado ao seu estilo, digamos, de uma forma genérica, gráficamente diferente, admito que poderei aceitar algo que não tenha aquele factor “uau”, mas de Integrity e Faithlessness esperava algo que me deixasse algo satisfeito com a qualidade de imagem do mesmo, porém, e visto que o jogo foi lançado também para PS3, o numero 5 transmite-me a sensação de que é mais um HD Remaster do que um jogo feito de raíz pensado para a nova plataforma da Sony. Não que os gráficos sejam maus, mas creio que este é um aspecto que poderia ter sido mais trabalhado, especialmente fora das cidades. Facilmente identificamos vários montes ou montanhas por exemplo, com contornos demasiado rectos.
Já as personagens principais estão bem desenhados e com bons detalhes que, presenteados também com uma boa animação, são para mim o vislumbre do jogo. As roupas em si estão bem detalhadas mas os olhos dos personagens é algo que me fascinou imenso, especialmente a sua expressividade, como por exemplo e em certas ocasiões, os da personagem Mika. As estruturas das cidades também estão bem conseguidas detalhadamente. O “pequeno” mundo futurista e ao mesmo tempo medieval tornam as cidades bastante agradáveis.

O jogo corre a 60 frames por segundo, tornando-o numa viagem relativamente polida. Não notei quebras de frames de maior, ou algo que quebrasse de forma extremamente notória, a imersão de jogo, quer na exploração do mapa quer nos combates, que é onde se desenrola um conjunto de ataques e magias que poderiam causar alguma redução de qualidade devido à quantidade de efeitos.

Notei no entanto algum stutter nos bonecos quando estamos a correr, e ao passar aparentemente por algum relevo. Nota-se como se as texturas “tremessem”, mas não é algo que traga impacto quer para o gameplay, quer para a imersão do jogo. Além deste ponto, e ainda enquanto caminhamos por relevo, o acompanhar da câmara é demasiado sensível, parecendo até por vezes em sítios onde o solo é demasiado irregular, uma montanha russa, devido à existência daquele “salto” de câmara repentino. Algo que se poderá tornar mais incomodativo em localizações onde existam muitas irregularidades no chão. Durante o combate a câmara também faz das suas. Além de por vezes ficar “presa”, é difícil de conseguirmos enquadrar um ângulo que permita uma boa visibilidade da arena. A draw distance também é um ponto a melhorar, sendo visível o surgir das texturas, como por exemplo os inimigos, conforme vamos avançando no mapa. Não é problemático no sentido de que seja necessário ficar à espera que as texturas carreguem, até porque carregam instantaneamente, mas será no entanto um aspecto a melhorar, promovendo assim uma melhor experiência.

battle_mikiAinda no  âmbito da animação, um ponto interessante é em relação às reacções dos personagens durante os diálogos. É possível ver as personagens a olhar para quem está a falar naquele preciso momento e em alguns casos reagir ao que dizem. E falando nos diálogos, durante os mesmos podemos continuar a movimentar o personagem, mas de forma limitada. As vozes em Japonês obviamente estão soberbas, transmitindo-nos a sensação que estamos a ver um anime. A ajudar ao caso e conforme disse anteriormente, alguns dos personagens estão mesmo muito bem conseguidos em relação às suas personalidades bem como podemos ver as suas reações durante os diálogos. A dobragem em inglês está bastante aceitável, logo quem não goste de jogar com vozes em Japonês não deverá ter qualquer problema em utilizar a dobragem, mas as vozes em Japonês estão realmente muito boas.

Integrity and Faithlessness terá no entanto sacrificado um pouco a narrativa para trazer um jogo mais fast paced algo até notório a nível de cutscenes, já que na sua grande maioria, não param o jogo para visualizarmos algo estilo vídeo, decorrendo assim em tempo real.

Em relação à longevidade,  Integrity and Faithlessness é um jogo onde existe muito para fazer e muito para explorar. Se gostam de explorar todos os cantinhos do mapa, encontrar todos os baús para ver se a sorte se encontra do vosso lado, lutar com tudo e todos os inimigos que nos depararmos para receber o máximo de itens, entre muitas outras coisas, então este é um jogo que vos irá dar água pelas barbas pois poderão contar com vastas dezenas de horas de jogo, já que a campanha por si é de duração aceitável, podendo desta forma a exploração alargar a duração do jogo em grande escala. Além disso, temos também um grande leque de customização possível, quer dentro, quer fora das batalhas, temos o desbloqueio e atribuição de habilidades, definição de roles, escolhas de equipamento e muito mais. Integrity and Faithlessness não é neste caso, um jogo que seja só andar para a frente. É um jogo onde há muito para fazer.

A nível de banda sonora, de uma forma muito directa, considero-a um bocado arcade. Não esperem uma banda sonora que nos dá arrepios ou que seja muito envolvente. Ela está lá, existe, e até é bastante acelerada, mas não é uma banda sonora que considere possante.

SOV_12Em suma, a campanha de Integrity and Faithlessness conta com uma mistura de componentes Sci-fi e medievais, que se poderia vir a tornar numa campanha colossal. Ficou-se no entanto pelo ser apenas mais uma. Infelizmente a narrativa terá ficado aquém do que esperava, permanecendo confusa e de certa forma cliché. Como disse, tenho a percepção que a ideia está lá, mas creio que a execução não terá sido a melhor, tornando-se em algo insonso.

Além da campanha, o numero 5 é um jogo que tem presente pormenores que efectivamente merecem ser revistos, nomeadamente os problemas técnicos como o stutter dos personagens, a utilização de texturas em alguns aspectos, demasiado quadradas, a por vezes experiência “montanha russa” da câmara que para alguns poderá ser problemático, além de que como mencionei anteriormente, gráficamente apresenta-se mais semelhante a um HD Remaster do que um titulo pensado para a Playstation 4, ficando assim também aquém do que esperava. Especialmente face a outros títulos da Square que estão para vir, bem como títulos já disponíveis no mercado,

Talvez devido a alguns destes motivos e quiçá mais alguns passados, Star Ocean não é um jogo com que se fique com aquele bichinho. E ao vermos o nome Square Enix, provavelmente nem nos lembraríamos que este é um jogo publicado pelo colosso que tem no seu reportório títulos como Final Fantasy. Mesmo assim, Integrity and Faithlessness correspondeu de forma positiva em algumas das espectativas que tinha, demonstrando ser um jogo minimamente sólido. Um jogo que poderá agradar aos fãs da série e a muitos que gostem de action RPGs Japoneses.
Para quem está mais alheio ao género e estilo de jogo que é Star Ocean, não creio que estes aspectos  impeçam de jogar este título, visto que mesmo assim, demonstra uma grande devoção por parte da tri-Ace, que mais uma vez nos apresentou de certa forma um jogo perfeitamente capaz de nos fazer despender largas horas nele e que, polindo algumas arestas, poderia ser uma experiência mais positiva e mais marcante.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

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