Análises

Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past

Versão testada: 3DS

Crescer tem alguns inconvenientes, um deles é ter menos tempo para jogar. Se me tivessem dito quando tinha 16 anos que ia jogar um RPG com mais de 120 horas não via inconveniente nenhum, tratava disso num abrir e fechar de olhos. Agora que os cabelos brancos começam a ser uma realidade- mas não os suficientes para estar reformado- foi preciso inspirar fundo antes de mergulhar no mundo de Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past para a 3DS.

Um remake 3D do original para a PlayStation que nunca saiu na Europa, todos os elementos que Yuji Horii e companhia criaram no primeiro jogo da série e que hoje associamos imediatamente a JRPGs continuam a marcar presença. Lá por o jogo ter sido afinado e estar em 3D, não quer dizer que haja grandes “modernices”.
Apesar de agora os inimigos aparecerem no mapa em vez de aleatoriamente- o que traz a diferença imensamente bem-vinda de podermos evitar combates- praticamente tudo o resto é o que se pode imaginar: combate por turnos, pontos de experiência, visitar aldeias e explorar masmorras simples cheias de monstros.

3ds_dragonquest7_s_battlePouco tinha mudado desde o primeiro Dragon Quest, mas o sistema de classes traz alguma customização que torna a evolução da nossa equipa bem mais interessante. Todas as personagens podem aprender qualquer habilidade ou feitiço, masterizando várias classes podemos aceder a outras mais avançadas e potentes. Apesar de isto abrir muitas hipóteses, também fica a sensação que muitas habilidades se tornam altamente redundantes, se bem que a possibilidade de recrutar monstros com ataques próprios para se juntarem a nós alivia um bocado o problema.

Com isto dito e mesmo sem combates aleatórios propriamente ditos, não deixa de ser fácil ficar saturado e passar as batalhas a carregar desesperadamente no ataque, ataque, ataque para despachar o assunto. É fácil ficar farto da rotina e passo lento do jogo, especialmente depois de jogar JRPGs como Bravely Default que têm uma data de opções e pormenores na interface para tornar a experiência mais ao nosso gosto e fácil de engolir.

3ds_dragonquest7Mesmo assim, é difícil largar Dragon Quest VII, ao viajarmos pelo tempo para recuperar regiões do mundo que ficaram “presas” no passado, conhecemos uma data de pessoas com histórias enternecedoras que nos fazem sentir algo por estas personagens visualmente iguais a dezenas de outros habitantes que vemos pelo mundo fora.
Voltar para o presente e tentar perceber o que aconteceu a essas pessoas e aldeias nem sempre revela finais felizes, mas é o suficiente para impelir o jogar a seguir em frente enquanto uma trama maior se desenvolve.
Para ajudar a isto há ainda a hipótese de falarmos com os nossos companheiros de equipa em qualquer momento fora da batalha, o que revela uma quantidade estonteante de texto já que eles reagem a imensas coisas, das mais pequenas às maiores, o que nos ajuda a ligarmo-nos as personagens principais.

Claro que a brilhante banda-sonora composta pelo veterano (e detentor do recorde Guinness de compositor de música de videojogos mais velho do mundo) Koichi Sugiyama tornaria qualquer jogo melhor, são composições que fazem tanto parte de Dragon Quest como os Slimes ou os designs de Akira Toriyama, elementos que juntos dão algo de mágico ao jogo.
Numa decisão incompreensível e muito desapontante, a lindíssima banda-sonora orquestrada presente na versão Japonesa do jogo foi substituída por novas faixas MIDI. Apesar de terem muita qualidade e de continuarem a ser músicas incríveis, isto é uma grande machadada tendo em conta que são músicas compostas com orquestras em mente.

3ds_dragonquest7-2Quando estamos a falar de um investimento de mais de 100 horas, chegando facilmente acima das 300 para completar o conteúdo opcional, é difícil não fechar com uma afirmação óbvia e algo redundante. Se és fã da série ou consegues aguentar/disfrutar de tudo o que vem com um JRPG clássico sem muitas das conveniências que o tempo trouxe, Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past é uma aventura imperdível cheia de momentos especiais. Se não é o teu caso, talvez seja melhor olhar para outro jogo.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

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