Análises

Dragon Ball Xenoverse 2

Versão testada: PS4

Eu cresci a ver Dragon Ball, e suponho que muitos de vocês também. Na altura, os episódios passavam na SIC e calhavam mesmo no intervalo entre as aulas, como tal, a cantina enchia-se para ver o que ia acontecer com o Goku e companhia. E já nem falo nas cadernetas e cartões da série, coisas que ainda hoje tenho guardadas. Sendo fã da série, joguei muitos títulos Dragon Ball ao longo dos anos, incluindo Dragon Ball Z: Super Butōden 2 na SNES, Dragon Ball Z: The Legend na Saturn, Dragon Ball GT: Final Bout na PSOne, e também os títulos pertencentes à série Budokai Tenkaichi na PS2.

Devido à falta de tempo e a um grande backlog, só há uns meses atrás é que peguei no Dragon Ball Xenoverse pela primeira vez. Embora me tenha dado uma certa nostalgia quando ia recriar os principais momentos da série, achei que o jogo tinha algumas coisas que poderiam estar melhores, particularmente a precisão do sistema de combate. O departamento gráfico também deixava um pouco a desejar, pois não conseguia recriar tão bem o estilo visual da série como, por exemplo, os jogos do Naruto conseguem fazer com o anime. Devido a estes dois factores, estava de pé atrás para com Xenoverse 2. Felizmente, a coisa correu melhor do que esperava.

xenoverse-2-14876628_122Tal como no primeiro Xenoverse, em Xenoverse 2 iremos desempenhar o papel de um recém membro da Time Patrol. E mais uma vez, alguém anda a meter-se com a linha temporal dos acontecimentos. A nossa função é investigar o que se passa e restaurar os eventos à normalidade. Se calhar, existe uma exagerada semelhança para com os eventos do primeiro Xenoverse. A diferença acaba por ser o facto de os eventos da sequela conseguirem abranger melhor os filmes, como tal, algumas personagens que apenas tiveram uma pequena aparição ao longo destes 30 anos, têm agora mais 15 minutos de fama.

Os eventos da campanha percorrem as principais sagas do Dragon Ball Z e incluem também algumas cenas do Dragon Ball Super. De resto, tudo é muito familiar, dando a sensação de que já fizemos isto anteriormente. E refiro-me especialmente à história que envolve a manipulação do tempo. Com esta temática, há uma grande margem de manobra para tentar coisas diferentes como ajudar vilões a cumprir determinado objectivo ou cenários hipotéticos. Mas em vez disso, a história de Xenoverse 2 está demasiado em linha e demasiado semelhante ao seu antecessor.

Conton City é provavelmente a maior alteração e uma das melhores partes do Xenoverse 2. O hub é maior e melhor interligado que Toki-Toki City, e permite uma boa dose de exploração e de actividades secundárias. Estas actividades incluem o treino com personagens da serie para se aprender golpes específicos, missões que envolvem determinadas facções, e as muitas Parallel Quests, inclusive com eventos do Dragon Ball GT. Todas estas actividades oferecem as suas recompensas, e de facto, existe muito para coleccionar, sejam golpes e ataques, peças de roupa, ou simples títulos para personalizar o perfil de jogador.

xenoverse-2-14976728_1238Embora o balancing geral da campanha não seja exemplar, até porque continuam a existir alguns picos de dificuldade, está bem melhor que o balancing do primeiro Xenoverse. E como existe tanta coisa para fazer, acaba por ser mais fácil e rápido conseguir ganhar níveis suficientes para se ultrapassar esses picos de dificuldade.

Acabada a campanha, as Parallel Quests tornam-se no destaque, pois é aqui que vão desbloquear a maioria das personagens e muitas das habilidades. Mas não basta ganhar a luta. Algumas das missões requerem determinados objectivos como um aliado permanecer vivo ou derrotar todos os adversários por uma ordem pré estabelecida. Tirando as personagens extra, as recompensas no final das Parallel Quest são aleatórias, significando que poderão ter de repetir várias vezes a mesma missão até obterem as habilidades ou equipamentos desejados.

O equipamento, tal como no primeiro Xenoverse, tem estatísticas, por isso há que escolher as peças que se melhor adequam à build do nosso protagonista. Alternativamente, caso queiram usar livremente o vestuário que bem entenderem, podem dar uso à nova funcionalidade QQ Bangs. Essencialmente, trata-se de um acessório cujas estatísticas se sobrepõem às estatísticas do fato. QQ Bangs são criadas ao fundir duas peças de roupa com um item, e o resultado final tem a sua dose de RNG.

xenoverse-2-15002295_1238O sistema de combate está consideravelmente melhor que o do primeiro Xenoverse. Existe uma maior quantidade e variedade de golpes, e a acção decorre de forma mais precisa. A passagem de 30 para 60 fps claramente beneficiou a jogabilidade. No entanto, por vezes, o lock on não funciona correctamente, fazendo com que os ataques, em particular os KI Blasts, sejam usados na direcção errada. De resto, tudo funciona igual. Carregar no gatilho esquerdo abre um conjunto de opções de ataque básicas, e carregar nos dois gatilhos ao mesmo tempo permite o uso de ultimate attacks e das transformações.

Se há um aspecto onde Xenoverse 2 falha é sem dúvida na componente online. E não falo da vertente PVP porque, sendo este um jogo baseado num anime, é esperado que o balancing das personagens não esteja ao nível de jogos de luta mais competitivos como Street Fighter V ou Guilty Gear Xrd -SIGN-. Refiro-me sim à vertente cooperativa. É possível fazer as Parallel Quests com outros jogadores, mas se entrarem numa já a decorrer, ela não irá contar para vocês.

Depois há que referir as abominações que são as raids. Durante os fim de semana, estão disponíveis eventos durante algumas horas, onde seis jogadores têm de derrotar um boss especifico. Quem alguma vez jogou um MMO sabe certamente que as raids são o conteúdo mais difícil e que requerem coordenação entre todos os participantes. Mas no Xenoverse 2 isto está completamente desequilibrado, porque os bosses são tão fortes que conseguem matar uma equipa inteira com apenas um golpe (estou a olhar para ti, Great Ape Baby).

Nos MMO as raids estão sempre disponíveis, como tal, os jogadores conseguem aprender e descobrir formas de ultrapassar as dificuldades. Mas num evento cuja duração se resume a 2 ou 3 horas, isso é praticamente impossível de acontecer, porque não há tempo suficiente para descobrir que ataque é mais eficaz contra esse boss e espalhar a informação. A dificuldade presente está completamente desfasada para com o tipo de missão.

Para além disso, a qualidade geral da componente online fica a desejar em termos de experiência e fiabilidade. Demora-se bastante tempo a fazer login nos servidores do jogo, perde-se demasiadas vezes a ligação aos servidores, mesmo em single lobby, e é demasiado frequente perder-se a ligação durante uma actividade, coisa que me aconteceu umas quantas vezes nas últimas raids.

Dragon Ball Xenoverse 2 é a verdadeira definição de uma sequela maior e melhor, construída sob as fundações do primeiro jogo. Com uma grande quantidade de conteúdo, um sistema de combate melhorado e um aspecto gráfico mais fiél ao anime, os fãs do trabalho de Akira Toriyama tem aqui uma boa experiência Dragon Ball. No entanto, é uma pena que a história não tente percorrer caminhos diferentes, e que a componente online não seja robusta e equilibrada.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

Dragon Ball Xenoverse 2 é uma boa evolução em termos de gameplay e gráficos face ao seu antecessor. Contudo, peca pela falta de robustez da componente online.

User Rating: Be the first one !
Botão Voltar ao Topo