Análises

Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue

Versão testada: PS4 Pro

Tendo o lançamento de Kingdom Hearts II ocorrido à mais de uma década atrás e estando Kingdom Hearts III no horizonte, não é de estranhar o esforço da Square Enix em concentrar os jogos desta franquia numa única plataforma através do lançamento de remasters e compilações. Afinal de contas, a história de Kingdom Hearts é tudo menos simples de seguir, e mais complicado se torna de perceber tudo, quando existem títulos espalhados por várias plataformas. Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue é o mais recente título a fazer parte desta iniciativa, e visa dar um maior contexto a certos eventos.

O destaque desta compilação é sem dúvida A Fragmentary Passage, uma nova aventura com cerca de quatro horas de duração, que segue Aqua após os eventos de Birth by Sleep, e dá continuação à história deixada em espera desde 2012 com Dream Drop Distance.  Mas não se deixem entusiasmar demasiado. Embora seja importante para o lore, A Fragmentary Passage não avança muito com o enredo, pois trata-se de um curto episódio. Podem encarar isto como um aperitivo para o que virá em Kingdom Hearts III, e também como uma demonstração do motor de jogo e da jogabilidade. Apesar de a história ser curta, vão conseguir estender um pouco a longevidade, graças à grande quantidade de desafios e de extras à disposição.

Não vou dar muitos detalhes sobre esta aventura, até porque já basta a sua curta duração, mas Aqua cimentou o seu lugar como uma das minhas personagens favoritas da série, não só pelo seu altruísmo, mas também pelo seu constante desejo de salvar o mundo. Por isso mesmo, foi bastante interessante seguir a sua história e ver que conseguiu obter alguma resolução. Destaco ainda a grande qualidade do voice acting, em particular de Willa Holland, actriz que deu vida a Aqua.

O ambiente onde decorre A Fragmentary Passage é fantástico. A espetacular artwork ganha um nova vida graças ao novo motor de jogo e à tecnologia aqui apresentada, e que certamente fará parte de Kingdom Hearts III. Tudo está mais detalhado, incluindo água, cenários e efeitos de particulas, mas sem que o estilo cartoon se tenha perdido, o que atesta a qualidade e habilidade da equipa de produção.

Uma decisão interessante, mas acertada, tem a ver com o nível em que está Aqua. Ao contrário do que é normal acontecer em RPGs, onde a nossa personagem começa num nível baixo, Aqua começa em nível 50. Isto pode parecer estranho, mas tem como objectivo de demonstrar que A Fragmentary Passage é uma continuação directa; de que Aqua ficou em stand-by desde a última vez que foi protagonista.

Como tal, Aqua é uma máquina de combate. Ela tem a capacidade de fazer duplo salto, atacar com várias magias, e de utilizar ataques como Shotlock, um regresso de Birth by Sleep, e de outras habilidades contextuais. Para além disso, pode ainda contra-atacar logo após um parry, e até fazer vários air dash. Não só A Fragmentary Passage tem o combate mais fluido da série, como a própria camara não é tão problemática como noutras entradas. A Fragmentary Passage pode ser um episódio curto, mas foi o suficiente para aumentar o meu entusiasmo e interesse para o que virá em Kingdom Hearts III.

O outro título incluído em Final Chapter Prologue é o remaster de Dream Drop Distance. Aqueles que não jogaram todos os Kingdom Hearts não numerados, têm em  Dream Drop Distance um bom ponto de partida. Ao longo do jogo podem desbloquear documentos relacionados com esses títulos, o que certamente será útil para dar maior contexto sobre a complicada história de Kingdom Hearts. E até os veteranos da série vão agradecer estes documentos, pois vão poder relembrar eventos passados. Cronologicamente, é aconselhado jogar primeiro o Dream Drop Distance e só depois o A Fragmentary Passage.

Dream Drop Distance foi lançado originalmente para a Nintendo 3DS, e confesso que fiquei agradavelmente surpreendido pelo trabalho investido na remasterização. Não se trata apenas de uma actualização gráfica. A Square Enix fez bastantes melhorias e alterações para que o jogo 3DS tivesse bom aspecto e corresse sem problemas na PS4. As batalhas têm um bom ritmo, a camara de jogo beneficia de ter um ecrã maior, os tempos de loading são mais rápidos, e até os controlos são mais precisos.

Mas a base 3DS ainda está lá. Dream Drop Distance foi pensado de raiz como um título para uma consola portátil, e isso nota-se em alguns aspectos. Os cenários são um tanto ou quanto vazios, e algumas das habilidades que utilizavam o ecrã táctil da 3DS não passaram tão bem para a PS4. A funcionalidade Drop System, algo que permite alternar o controlo entre Sora e Riku, é outro exemplo. Esta funcionalidade funcionava muito bem na 3DS, em sessões de jogo curtas, mas na PS4, em sessões de jogo mais longas, é algo estranho e torna a experiência um pouco repetitiva.

Em termos de enredo, é apenas um ponto na história e não algo substancial. Coisas acontecem, e nota-se que houve um enorme cuidado por parte da Square Enix em não desenvolver demasiado os eventos. Existem algumas antevisões e revelações, mas tudo foi pensado para deixar em aberto até ao Kingdom Hearts III.

A colecção também inclui Kingdom Hearts χ: Back Cover, um filme CGI com cerca de uma hora de duração. Visualmente, o filme tem um aspecto fantástico, e neste ponto, é melhor que os filmes incluídos nas anteriores colecções. É difícil falar muito sem dar spoilers, mas Back Cover revela alguma informação adicional sobre o lore de Kingdom Hearts, nomeadamente sobre os Foretellers. O filme tem cenas interessantes sobre o que desencadeou os eventos de Kingdom Hearts, mas é desapontante que no final do filme se fique com mais perguntas que respostas.

Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue é uma compilação sólida, que funciona muito bem na criação de entusiasmo pelo Kingdom Hearts III. Em termos de conteúdo,  Final Chapter Prologue pode não ser tão completo como as anteriores colecções, mas a inclusão do novo episódio A Fragmentary Passage e da estreia de Dream Drop Distance numa consola doméstica, compensam um pouco essa falha. A grande desilusão vai para Back Cover, pois a forma como a história é contada poderia ter tido mais alguma atenção. Final Chapter Prologue pode não satisfazer totalmente aqueles que (des)esperam por Kingdom Hearts III, mas é uma boa colecção para acalmar a espera.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

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