Análises

Uncharted: The Lost Legacy

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Uncharted 4: A Thieves End foi lançado no ano passado e, embora tenha sido um grande sucesso, deixou alguma tristeza nos fãs. Afinal de contas, foi a despedida de Nathan Drake da franquia Uncharted, e consequentemente, de Elena. Mas sabíamos que algo mais estava a caminho; não sabíamos era o quê. A surpresa chegou em Dezembro, quando Uncharted: The Lost Legacy foi apresentado, tendo como protagonistas Chloe Frazer e Nadine Ross. Aí, ficou definitivamente confirmado o virar de página na série, e o início de um novo capítulo.

Uncharted: The Lost Legacy tem Índia como palco de fundo para esta aventura. Chloe junta-se a Nadine para encontrar a Presa Dourada de Ganesh, um artefacto lendário do Império Hoysala. Mas não se trata de uma simples caça ao tesouro. Ambas as personagens têm motivos pessoais investidos na aventura. Chloe segue as suas origens, e Nadine persegue a oportunidade de recuperar a sua fama como mercenário. Como seria de esperar, nada é assim tão simples.

A dinâmica entre Chloe e Nadine à bem diferente daquela a que estávamos habituados em anteriores Uncharted. E isto não é particularmente mau; pelo contrário. Esta parceria improvável nascida de necessidade, está longe de ser perfeita, já que elas não confiam uma na outra. Chloe não sabe lidar bem com pessoas, e Nadine ficou queimada com duas parcerias em Uncharted 4: A Thieves End. Como tal, existe algum atrito entre as duas ao longo da campanha, especialmente porque Nadine sabe que Chloe é amiga de Nathan. Mas é este factor que torna tudo mais interessante, e ao mesmo tempo, diferente do que vimos anteriormente na série.

Continua a haver piadas e trocadilhos, tal como nos anteriores jogos da série, mas as faíscas também são maiores; a troca de argumentos é mais acentuada. E Nadine, tendo treino militar e uma personalidade mais séria, é também bastante activa na forma como fala e actua. Colocando de outra forma, Chloe e Nadine têm o mesmo estatuto na parceria, ao invés de uma seguir a outra incondicionalmente. Mas ao longo da aventura, é curioso ver como a relação entre as duas evolui, e a certa altura, começar a ver Nadine a brincar com a situação.

O antagonista desta história chama-se Asav. Ele é um belicista sedento de poder, que tenciona usar a Presa Dourada de Ganesh para ganhar influência e espalhar caos na região. Não vou entrar em grandes detalhes, mas Asav é diferente dos outros vilões, por ser intencionalmente enganador.

Uncharted: The Lost Legacy é um caso interessante, porque começou como conteúdo adicional para Uncharted 4: A Thieves End, evoluiu para expansão, e agora, praticamente tornou-se num jogo completo. A campanha, que dura entre 8 a 10 horas, dependendo da dificuldade e do tempo perdido na exploração, tem um ritmo um pouco mais lento, mas consegue apresentar alguns set pieces de grande qualidade, tendo alguns deles apanhado-me totalmente de surpresa. E como não poderia deixar de ser, vai ser necessário completar puzzles e fazer alguma escalada.

Para Uncharted: The Lost Legacy, a Naughty Dog utilizou a mesma abordagem que Uncharted 4: A Thieves End teve no capítulo de Madagáscar, ou seja, uma área grande para explorar, mas sem passar a barreira para open world. O objectivo passa por dar mais alguma liberdade ao jogador, sem que a história principal perca o foco. Diria que isto foi bem conseguido. Embora tenhamos alguma exploração para fazer, a campanha nunca é tapada com palha, e aquilo que fazemos, enquandra-se com o objectivo principal.

Visualmente, Uncharted: The Lost Legacy é extremamente belo, apresentando uma Índia com florestas luxuosas e verdejantes, ribeiros, e cascatas, misturado com templos e arquitectura Hoysala. Isto contrasta com o inicio do jogo, onde é apresentado um conflito com um grupo de rebeldes, e a destruição que isso tem causado na região. O detalhe colocado nas personagens e nas expressões faciais é também de salientar, e com o progredir da aventura, vão se notando as nódoas negras e o arranhões, assim como a sujidade que vão acumulando.

A jogabilidade não difere muito daquela vista em Uncharted 4: A Thieves End. As arenas de combate permitem liberdade na abordagem aos confrontos, dando a possibilidade de optar por um estilo mais stealth, ou mais virado para a acção, tirando o melhor partido possível do cenário a nosso favor, incluindo utilizar a corda para ataques aéreos ou disparar contra alguma bilha de gás. A variedade de armas disponíveis é boa e permitem complementar bem o estilo de jogo escolhido. Além disso, vão poder encontrar alguns caixotes fechados nestas arenas de combate, que dão acesso a armamento especifico, como C4, Lança Rockets e até a uma pistola com silenciador. Para isso, apenas é necessário dar uso à nova mecânica de arrombamento de fechaduras. Esta mecânica não é complicada, mas adiciona um elemento de tensão ao combate.

Tal como esta série já nos habituou, a componente sonora é de grande qualidade. As músicas encaixam perfeitamente em todas as situações de jogo, e tanto a Claudia Black como a Laura Bailey desempenham muito bem os seus papéis como Chloe e Nadine, respectivamente. No entanto, achei que os diálogos entre estas duas personagens durante as secções de condução eram um pouco forçados, não tendo aquela naturalidade vista no capítulo de Madagáscar em Uncharted 4: A Thieves End entre Nathan, Sam e Sully.

Não é surpresa a Naughty Dog entregar um produto de qualidade, mas não deixa de ser impressionante que o estúdio tenha conseguido criar um bom Uncharted sem a presença de Nathan Drake em pouco mais de um ano. Sim, Uncharted: The Lost Legacy não é o Uncharted que todos nós conhecemos, mas isso não é mau. Chloe e Nadine têm capacidade suficiente e estão mais que preparadas para dar continuidade à série Uncharted. E espero que isto aconteça.

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela PlayStation para efeitos de análise.

Nota Final - 9

9

Uncharted: The Lost Legacy é diferentes dos anteriores Uncharted, mas é uma mudança bem vinda. Chloe e Nadine tem presença suficiente para carregar o peso desta série.

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