Análises

Pokémon Crystal Version (Nintendo 3DS)

Mon de cristal.

Versão testada: Nintendo 3DS (Virtual Console)

Uma boa parte do núcleo dos jogos Pokémon não mudou muito ao longo dos anos. Continuamos a apanhar Pokémon selvagens e a treiná-los para saberem quatro ataques e formarem uma equipa de seis capaz de lutar (por turnos) contra outras equipas de Pokémon. No entanto, é escusado dizer que os jogos não vivem só disso e, depois das imensas melhorias, conveniências e novidades que sucessivas sequelas trouxeram ao longo dos anos, voltar a um jogo de Game Boy Color do ano 2000 é um pouco doloroso. Ultrapassada a barreira típica de voltar a um jogo com dezoito anos (pausa para contemplar a própria idade), Pokémon Crystal mostra rapidamente porque é que a segunda geração de jogos Pokémon foi uma evolução tão grande.

Os primeiros dois jogos da segunda geração – Gold e Silver – introduziram os tipos dark e steel, o acasalamento e reprodução de Pokémon, monstros shiny (brilhantes e com cores diferentes do normal), sistema de dia e noite, rádio, telemóvel e a separação entre ataque e defesa especial, no meio de outras coisas. Crystal pegou nisso e deu uns jeitinhos e retoques, como a pequena animação dos sprites frontais dos Pokémon quando entram em combate ou a possibilidade de controlar uma rapariga pela primeira vez. Também foi aqui que se estreou a Battle Tower, onde podemos lutar contra sete treinadores pela hipótese de ganhar uns bons prémios. Com dez níveis de dificuldade diferentes, cada um correspondente ao nível mínimo exigido dos três Pokémon que podemos levar a combate, a Battle Tower é um bom desafio e um incentivo a treinar uma equipa versátil.

A história principal de Crystal também é um pouco diferente da de Gold e Silver; aqui o nosso caminho até ao topo cruza-se regularmente com o do Pokémon lendário Suicune, que tem um papel a desempenhar na nossa aventura pelas regiões de Johto e Kanto. Aqui, apanhar o Suicune é muito mais fácil do que em Gold e Silver, mas capturar os outros dois cães lendários – Entei e Raikou – continua a ser ridiculamente irritante, sendo preciso persegui-los pelo mundo fora enquanto eles fogem de nós vezes e vezes sem conta, mesmo que estejam a dormir e paralisados.

A versão 3DS tem mais umas vantagens: é possível usar o serviço Pokémon Bank para transferir monstros para os Pokémon Sun, Moon, Ultra Sun e Ultra Moon e podemos jogar com outras pessoas através de wireless – sim, não são precisos cabos! Além disso, o evento exclusivo ao Japão que nos deixava apanhar o lendário Celebi está agora acessível a todos.

Começando de uma forma linear e guiada a derrotar líderes de ginásio para chegar ao topo do mundo de treinadores Pokémon, a aventura eventualmente abre-se e deixa o jogador tomar algumas decisões quanto ao caminho a seguir. Infelizmente, devido a esta relativa falta de linearidade, há sérios problemas de dificuldade e ritmo: muitos líderes de ginásio são demasiado fáceis e, noutras ocasiões, há saltos de dificuldade grandes que podem forçar o jogador a ter que fazer grind.
A segunda metade do jogo, que nos deixa regressar à região de Kanto (da primeira geração de jogos Pokémon), foi uma enorme surpresa na altura, mas, com as cidades e ginásios em Kanto despidas de muitas das coisas que as tornaram interessantes de navegar nos jogos originais e sem muito para as substituir, a progressão é muito menos interessante do que na primeira parte.
Além disso, a grande quantidade de HMs – movimentos especiais que se podem usar fora de combate e que são necessários para avançar em vários locais no jogo – força-nos a ter vários ataques e/ou Pokémon quase inúteis em batalha, um problema que se manteve até Sun e Moon.

Mesmo com estes problemas, é fácil ficar embrenhado em explorar os muitos caminhos e recantos de um mundo cheio de segredos e surpreendentemente vivo, desde as árvores que dão fruto todos os dias e Pokémon que só aparecem à noite, aos programas de rádio e gajos chatos que nos ligam incessantemente para se gabar do seu rato (se trocarem de número de telemóvel com o Joey, por favor apaguem-no).
Os mais que provados sistemas de combate e evolução, simples de usar e entender, mas bastante robustos, oferecem imensas opções ao jogador para criar e treinar uma equipa de Pokémon. Com isto e um elenco – que na altura parecia enorme – de 251 Pokémon, recheado de bons designs e ideias, dá mesmo vontade de os apanhar (quase) todos.

Os remakes na DS, Heart Gold e Soul Silver, são a melhor maneira de jogar a segunda geração, mas Pokémon Crystal na Virtual Console da 3DS é uma viagem ao passado que tem mais para oferecer do que nostalgia, mesmo que os anos tenham tornado as suas falhas mais evidentes.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

Voltar a Pokémon Crystal com a perspectiva oferecida pelos anos (e muitas sequelas) traz ao de cima os seus defeitos, nomeadamente a dificuldade mal ajustada, mas a força dos sistemas base continua a pesar mais do que as partes negativas.

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