Análises

Dragon’s Crown Pro

Em busca de uma coroa lendária, agora em 4K!

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Dragon’s Crown foi originalmente lançado em Outubro de 2013 para a PS3 e PS Vita, mas só o experimentei quando o jogo foi disponibilizado no PlayStation Plus, cerca de um ano depois. Apesar de algumas coisas menos bem conseguidas, foi um título que me divertiu por muitas e muitas horas. Agora, chegou a vez de experimentar Dragon’s Crown Pro, a versão actualizada para a PS4 da obra da Vanillaware.

Para aqueles que não estão familiarizados com este título, Dragon’s Crown Pro é um action RPG em 2D com uma componente dungeon-crawler. Existem classes diferentes com as suas próprias habilidades e pontos fortes/fracos, uma progressão especifica para cada classe, e loot, muito, muito loot. O sistema de combate tem um estilo beat ‘em up, o que, aliado aos 60 fps, resultam num jogo dinâmico, fluido e com várias nuances.

Quem conhece esta produtora sabe o que pode esperar da apresentação. A Vanillaware tem um estilo artístico bastante peculiar, que geralmente não é consensual, mas que acaba por ser mais um aspecto que diferencia os seus títulos de outros jogos em 2D. Tirando o design algo duvidoso de algumas personagens, em particular do Warrior, Amazon e Sorceress, Dragon’s Crown Pro tem uma arte de grande nível, que ocupa o ecrã com imagens totalmente desenhadas à mão, proporcionando assim um visual único. A versão PS4 realça ainda mais a qualidade da direcção artística, graças a uma maior resolução que pode ir até 4K na PS4 Pro.

A primeira coisa a fazer em Dragon’s Crown Pro é seleccionar uma das seis classes disponíveis. Warrior, uma das classes recomendadas para os iniciantes, é a típica personagem com bom ataque e defesa. Por sua vez, Amazon é uma classe de alto risco/recompensa, porque tem um ataque extremamente forte mas uma fraca defesa. Dwarf é o tradicional tanque, sempre na linha da frente, que tem habilidades para fortalecer as suas defesas. Elf é a classe arqueira, focada em combates à distância. Por fim, Wizard e Sorceress são as classes dedicadas à magia, sendo que Wizard foca-se mais nas habilidades ofensivas, enquanto que Sorceress foca-se mais nas defensivas.

Como dito anteriormente, a acção desenrola-se num plano 2D, sendo necessário colocar a nossa personagem na mesma linha horizontal em que se encontram os inimigos. A quantidade de movimentos que temos à nossa disposição ao longo do jogo não é particularmente grande, nem mesmo após a aquisição de novas habilidades, o que tornam o combate acessível mesmo para os menos experientes no género. Mas quem quiser explorar bem o sistema de combate, irá encontrar uma boa profundidade através da utilização de ataques normais, ataques aéreos, saltos e juggles.

Dragon’s Crown Pro pode ser jogado a solo ou em modo cooperativo, e mesmo que não queiram jogar com outras pessoas, podem ressuscitar NPCs mortos para vos ajudar a completar os níveis. Contudo, isto tanto pode ser um aspecto positivo como igualmente negativo. Embora seja divertido jogar em modo cooperativo, com quatro classes a atacar ao mesmo tempo, vários inimigos no ecrã e todos os efeitos visuais resultantes da acção, é frequente perdermos o fio à meada e não saber onde estamos e quem estamos a atacar. Por essa razão, e para evitar alguma frustração, é necessário pensar antes de atacar porque o carregar de botões à toa não resulta em nada, a não ser numa morte vinda de parte incerta.

Importa referir que o modo cooperativo é partilhado por todas as versões de Dragon’s Crown, significando que os jogadores na PS4 poderão jogar com outras pessoas na PS3 e/ou PS Vita. Além disso, e certamente gostarão de saber isto, o progresso de jogo realizado numa das outras versões é transferível para Dragon’s Crown Pro na PS4.

O jogo em si é dividido em nove níveis, cada um com um caminho A e B, onde vamos apanhar loot, ou seja, armas e equipamento indispensáveis para a nossa sobrevivência, assim como uns determinados itens para a história. Além das mecânicas mencionadas anteriormente, há uma outra que é desbloqueada após determinada altura no jogo, que permite encadear níveis seguidos sem voltar à cidade. Isto permite poupar tempo na exploração, mas acima de tudo, oferece a possibilidade de ganhar melhores recompensas no final de cada nível. Quantos mais níveis seguidos realizarem, maiores poderão ser as recompensas. E isto afecta o online, tanto para o bem como para o mal, porque assim que alguém da equipa volta para a cidade após a conclusão de um nível, o grupo é desfeito.

Mas rapidamente se começa a notar a excessiva repetitividade presente em Dragon’s Crown Pro, especialmente quando começamos a sentir a necessidade de fazer grind para enfrentar determinados bosses. Como só existem nove níveis, que demoram entre 10 e 15 minutos a completar, começamos a repetir conteúdo muito cedo no jogo. Chegar ao fim pela primeira vez irá demorar cerca de 15 horas, talvez um pouco mais, dependendo da dificuldade tida em alguns bosses, e desbloquearemos acesso a novos modos de jogo. Além de novas dificuldades, que levarão a nossa personagem a subir até nível 99, teremos também a possibilidade de explorar o Labyrinth of Chaos, uma masmorra que cria níveis ao aleatoriamente unir partes de áreas que visitámos anteriormente. Encarem isto como uma espécie de Rifts de Diablo 3. As recompensas são atribuídas de acordo com o número de andares completados.

Loot é extremamente importante neste tipo de jogos, porque é um factor que contribui para a longevidade oferecida, e claro, é crucial para o nosso desempenho em Dragon’s Crown Pro. A quantidade de itens obtidos em cada nível é alta, o que leva a que no inicio não fiquemos muito tempo com as mesmas armas ou armaduras, porque é quase certos irmos apanhar algo melhor no nível seguinte. No geral, acho que o sistema foi bem implementado e que os itens complementam bem as builds escolhidas, mas há um aspecto que não consigo deixar passar em branco: a falta de diferenciação visual. Independentemente do equipamento escolhido, o aspecto da personagem mantém-se inalterado. No caso das armas, existem alguns modelos diferentes, mas rapidamente vemos armas visualmente iguais umas às outras. Acredito que seja uma limitação do estilo artístico usado, mas não deixa de ser um aspecto menos bem conseguido.

No departamento sonoro, existe uma banda sonora que puxa o estilo medieval, de época, composta por Hitoshi Sakimoto. Tirando o tema principal, a banda sonora não é particularmente marcante, mas o facto de as músicas ter sido gravadas com uma orquestra ao vivo para a versão PS4, por si só, representa uma boa melhoria face ao que existe nas versões originais PS3 e PS Vita. Durante a história somos brindados com um narrador que nos relembra o que se passa e qual o nosso objectivo, o que por vezes se torna um pouco irritante. Pelo lado positivo, está disponível a opção de escolha entre vozes inglesas e vozes japonesas.

Apesar de repetitivo e, por vezes, demasiado confuso, Dragon’s Crown Pro é um action RPG/Beat ‘em up competente e divertido, que recompensa constantemente o jogador pelo seu esforço. Este não é o melhor trabalho da Vanillaware; esse título continua a pertencer a Odin Sphere: Leifthrasir, mas ainda assim, é uma opção válida a ter em conta para todos aqueles que gostam deste género de jogos. Além disso, os veteranos da versão original podem continuar o progresso nesta versão actualizada e beneficiar de uma maior clareza visual.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

Dragon’s Crown Pro é um título divertido e recompensador, capaz de oferecer muitas horas de jogo, mas que peca por uma excessiva repetitividade de cenários.

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