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Recomendações de Jogos de Luta

Falta menos de uma semana para a edição de 2018 do EVO, um dos principais torneios de jogos de luta do mundo. Ao longo dos anos, a competição proporcionou-nos momentos de génio, reviravoltas impossíveis e duelos intensos. Afinal de contas, não se podia esperar outra coisa de jogadores profissionais que dedicam tanto tempo das suas vidas a aperfeiçoar as suas habilidades. E este é exactamente a razão do porquê de este género de jogos ser um bicho de sete cabeças para muita gente.

Nem todos têm vontade em ser super competitivos ou nem têm tempo livre suficiente para aprender todas as mecânicas de um jogo de luta. Ao contrário de outros géneros de jogos, não dá para fazer atalhos num título de luta e a única forma de evoluir é o jogador investir algum tempo na aprendizagem e no treino. Mas nos últimos anos, as produtoras perceberam que não podiam viver apenas dos jogadores hardcore e que precisavam de alargar os horizontes a mais jogadores. Desta forma, alguns títulos tornaram mais acessível a entrada no género, seja por mecânicas mais fáceis de executar ou modos de treino que facilitavam a passagem de conhecimento. E aqui entra este artigo.

Olhámos para os jogos de luta lançados nos últimos tempos, e escolhemos alguns que achamos serem os mais indicados para os jogadores casuais entrarem no género. Entre vários factores, considerámos o conteúdo single player disponível e a dificuldade das mecânicas. Assim sendo, vamos ao que interessa.

Dragon Ball FighterZ

Quem diria que um jogo Dragon Ball seria referência no que quer que seja, mas eis que é verdade. E tudo graças à Arc System Works que conseguiu pegar na sua enorme experiência adquirida com as séries Guilty Gear e BlazBlue e fazer um excelente jogo de luta baseado no universo criado por Akira Toriyama.

Dragon Ball FighterZ é um jogo de luta baseado em combates tag team de 3 vs 3. Mas como é que isto pode ser fácil de aprender? Bem, porque a produtora implementou duas mecânicas que tornam a jogabilidade profunda, mas em simultâneo acessível a qualquer um. A primeira diz respeito aos auto-combos. O pressionar de um botão de ataque irá desencadear combos básicos que podem acabar em ataques especiais. Assim, qualquer jogador irá conseguir ter acesso a algum do muito espalhafato que o jogo tem, e ao mesmo tempo, vão treinando as bases.

A segunda mecânica está associada ao imput dos golpes. O leque de movimentos e os imputs necessários para os realizar é partilhado por todos os personagens. Sim, alguns lutadores têm particularidades próprias, mas no geral, o leque de golpes é muito semelhante entre todos os lutadores, facilitando assim a aprendizagem. Embora tenhamos de levar três personagens para as lutas, o tempo perdido a aprender acaba por ser menor do que em outros jogos do género.

Olhando para a jogabilidade como um todo, Dragon Ball FighterZ é bastante acessível para jogadores de todos os níveis e até os mais casuais, se meterem algum tempo em cima, vão conseguir efectuar combos complexos e quem sabe, conseguir realizar um ToD (Touch of Death).

Quanto a conteúdo single player, está presente um modo história com uma longevidade razoável, que apesar de não ser fantástico dá para divertir, e um modo Arcade com um twist. Neste modo escolhemos uma rota com um número especifico de combates e depois, o nosso desempenho determinará que equipa controlada pelo CPU iremos enfrentar.

Qualquer jogo de luta, independentemente da sua facilidade de entrada, vai sempre requerer ao jogador algum tempo e empenho, mas da oferta actualmente disponível no mercado, Dragon Ball FighterZ é aquele que torna essa entrada mais fácil para os jogadores casuais. E como “pequeno” bónus, é efectivamente um grande jogo.

Injustice 2

O segundo título escolhido foi Injustice 2, o jogo de luta da NetherRealm baseado em personagens da DC Comics. Na nossa análise, foram referidos dois pontos negativos. O primeiro estava ligado às animações e poses dos personagens. Como já é tradição nos jogos deste estúdio, os lutadores têm movimentos muito rígidos e pouco dinâmicos, não demonstrando a força e o impacto dos ataques que se esperaria de super heróis e super vilões. Infelizmente, isso ainda se mantém, embora seja algo que não vá fazer confusão a todos nem tem qualquer impacto prático na jogabilidade.

O segundo problema era o Tutorial Mode, pois era muito básico e fazia um mau trabalho a ensinar os jogadores. Este sim, foi corrigido. Juntamente com o lançamento da Legendary Edition há uns meses atrás, a NetherRealm lançou uma actualização que melhorou consideravelmente este modo. Agora, o jogo faz um bom trabalho a ensinar os básicos da sua jogabilidade ao descrever sem excessivas complicações a forma como um ataque é feito e o tempo que o lutador demora a recuperar desse mesmo golpe.

Onde Injustice 2 se destaca é no conteúdo single player. O modo história é bastante cinemático para um jogo de luta e oferece uma boa longevidade, dando a possibilidade de utilizar vários personagens. Além disso, está disponível um Arcade Mode, um Survival Mode e desafios regulares online, onde podemos enfrentar personagens controlados pelo CPU para ganhar equipamento e dinheiro.

Finalmente, está também disponível um modo online onde nem sequer temos de lutar. No Multiverse existe um modo onde podemos escolher um lutador, ajustar vários parâmetros da IA e enviá-lo para combater por nós contra outros lutadores de outros jogadores controlados pela IA. É um modo mais interessante do que aparenta porque o equipamento escolhido para o nosso lutador tem influência na sua eficácia, e há a necessidade de gerir o nosso lutador e andar à procura do equipamento que queremos para melhorar a nossa build.

Embora as mecânicas de combate não tornem Injustice 2 num jogo super acessível ou de rápida aprendizagem, a quantidade de conteúdo single player aqui existente é exemplar e oferece muitas horas de jogo para aqueles que não têm interesse em competir online contra outros jogadores. E desde que exista um mínimo empenho, o modo de tutorial melhorado faz um bom trabalho a ensinar a fundação da jogabilidade.

Tekken 7

A icónica série de luta da Bandai Namco regressou no ano passado, trazendo consigo a saga da família disfuncional Mishima. Seguindo directamente o final de Tekken 6, Tekken 7 segue as acções de Jin, Kazuya e Heihachi e das consequências da guerra entre a Mishima Zaibatsu e a G Corporation, que continua a fazer vítimas em todo o mundo. Sim, a história é espalhafatosa e nonsense, como em todos os jogos de luta, mas divertida de seguir e dá para retirar uma quantas horas de jogo.

A jogabilidade de Tekken 7 é semelhante ao seu antecessor, mas para aqueles que nunca tocaram num Tekken, o jogo utiliza um sistema de quatro botões, em que cada um controla um membro diferentes. Por sua vez, diferentes combinações podem ser ligadas para criar combos e manter os adversários no ar indefesos. Assim que a barra de vida desce para os 25%, o lutador ganha uma aura vermelha e isto assinala a altura em que podemos utilizar golpes especiais para tentar dar a volta à situação. Nada é muito complicado e tudo é relativamente bem explicado no jogo.

Além do tradicional Arcade Mode, existe o Treasure Mode, um sítio onde podemos passar bastante tempo a desbloquear novos fatos para os personagens, incluindo alguns fatos específicos. Pode não parecer, mas tentar desbloquear os itens cosméticos que mais queremos é algo que se torna viciante e sempre proporciona um objectivo, ainda para mais, quando existem 36 lutadores.

Contudo, o suporte pós-lançamento prestado pela Bandai Namco não foi particularmente exemplar. Em um ano apenas foram lançadas duas personagens adicionais, Geese Howard e Noctis Lucis Caelum, ambos personagens convidados de outras séries, e o clássico modo Tekken Bowl. Com um universo tão rico, é uma desilusão que não tenha sido feito mais.

Comparativamente aos outros dois títulos mencionados anteriormente, Tekken 7 pode ficar um pouco aquém em alguns aspectos, mas como não é um jogo de luta muito complicado e oferece uma boa dose de conteúdo single player, é uma opção a considerar para aqueles que querem enveredar por este género.

Como nota final, importa salientar novamente que todos os jogos de luta requerem tempo e dedicação, independentemente da sua jogabilidade e do seu conteúdo. Não existe uma forma de atalhar num jogo de luta e a única maneira de evoluir é com treino e alguma paciência. Os três títulos acima referidos são as opções que considerámos as melhores para se iniciarem no género.

Ainda assim, o género de jogos de luta está cheio de grandes títulos. Os últimos anos viu a chegada de bons jogos além dos mencionados anteriormente, como Street Fighter V, Guilty Gear Rev 2, BlazBlue Cross Tag Battle e Killer Instinct. Seja por uma menor quantidade de conteúdo single player ou por uma jogabilidade um pouco mais complexa, podem não ser opções tão boas para os mais casuais, mas não deixam de ser uma alternativa a considerar caso tenham a disponibilidade e vontade para aprender.

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