Análises

Análise à PlayStation Classic

Estamos no ano de 1999. Sempre que havia um furo de algumas horas durante o horário escolar, trazia alguns amigos cá a casa para jogarmos na PlayStation. Na maioria das vezes, Tekken 3 era o jogo escolhido para preencher essas horas mortas, com uma ocasional sessão de FIFA 99 pelo meio para desenjoar da pancadaria virtual. Vinte anos depois, tenho a oportunidade de voltar a esses bons velhos tempos graças à consola retro PlayStation Classic.

O pacote inclui a consola em miniatura, que é uma fiel representação da PlayStation original, dois comandos PlayStation em tamanho real, e 20 jogos PlayStation pré-instalados. Ao consultar a lista de títulos é fácil constatar a ausência de alguns nomes de peso que ajudaram a definir essa geração, como Wipeout, Tomb Raider, Gran Turismo, Silent Hill e Crash Bandicoot. Suponho que o licenciamento ou qualquer outra questão técnica ou administrativa possam ter sido um factor na hora de decidir a lista de jogos, mas não deixa de ser uma pena estas ausências.

No entanto, a lista de jogos aqui presente está longe de ser má. Destruction Derby, Final Fantasy VII, Metal Gear Solid, Resident Evil e Grand Theft Auto marcam a sua presença, assim como Tekken 3 e Cool Boarders 2. Intelligent Cube é talvez um título mais obscuro, mas é um que me traz boas memórias. Embora na altura não tenha tido o jogo completo, passei muitas horas a jogar a demo que veio com uma edição da Revista Oficial PlayStation. Até Ridge Racer Type-4, aquele que é visualmente um dos melhores jogos da PlayStation original, está incluído. Como nota adicional, sou obrigado ao mencionar o quão excelente é a banda sonora deste jogo, mesmo para os padrões actuais.

Certo, estes jogos estão disponíveis noutras plataformas, mas poder jogá-los numa recriação do hardware original que eles próprios ajudaram a definir como sendo um sistema icónico, é algo muito bom e que serve como celebração desse feito. É o propósito deste tipo de consolas retro. E o que é aqui apresentado é uma colecção de títulos para serem jogados de vez em quando, naquelas alturas em que se quer fazer uma pausa dos jogos actuais e relembrar outros tempos áureos.

A escolha dos títulos é feita de forma simples, através de um menu de selecção em carrossel. Para trocar de jogo, basta carregar no botão de Reset e a gravação do progresso nos jogos é feito através de um cartão de memória virtual. Tudo muito simples e funcional. Contudo, há um aspecto que certamente irá afastar alguns dos interessados nesta consola nostálgica. Esse aspecto é o facto de quase metade do catálogo de títulos ser a versão PAL ao invés da melhor versão NTSC. Isto significa que estes jogos, por serem a versão PAL, correm a 50hz e são mais lentos que a versão NTSC, que corriam a 60hz. Tekken 3 é uma das vítimas, infelizmente. E como a taxa de refresh não é nativa com os padrões actuais dos ecrãs, isto faz com que se note uma fluidez menos consistente nestes títulos.

Isto não seria assim tão mau se as versões NTSC tivessem a mesma ou uma performance mais estável que os jogos a correrem no hardware original. Mas não é o caso. Até os jogos aqui presentes na sua versão NTSC apresentam problemas de fluidez, o que me leva a crer que a emulação geral não foi devidamente optimizada. Como se não bastasse, em alguns jogos, existem glitches visuais ou efeitos que não foram bem transitados do hardware original para o emulador. Até no departamento sonoro existem problemas. Por exemplo, de vez em quando, a música de Final Fantasy VII abranda. E é desapontante que todos estes problemas de emulação aconteçam, porque pintam uma imagem errada das versões originais PlayStation.

Mas então, qual é o veredicto? Bem, é um pouco complicado porque vai além dos aspectos técnicos. A PlayStation Classic, assim como outras consolas retro semelhantes, não visam puxar dos gabaritos técnicos, mas sim da nostalgia por um passado que deixou boas recordações. E nesta perspectiva, a PlayStation Classic cumpre com os requisitos, pois apresenta um design fiel ao original e uma selecção de jogos que representa dignamente outra geração. Dito isto, é uma desilusão a existência de problemas de emulação, assim como a inclusão de versões PAL em detrimento das versões NTSC. A PlayStation Classic tinha tudo para ser a derradeira celebração da PlayStation original, mas os problemas presentes evitam que a consola retro atinja esse estatuto.

 
Nota editorial: Artigo fornecido pela PlayStation Portugal para efeitos de análise.

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