Análises

Yoshi’s Crafted World

Feito à mão com carinho

Versão testada: Nintendo Switch

Yoshi’s Crafted World é cuidadosamente feito de materiais de artes manuais: copos podem ser montanhas, lantejoulas em cartolina azul fazem riachos cintilar, palhinhas servem de colunas e baldes fazem de carapaça a caranguejos de papel. Se há um jogo que põe em prática a máxima da Nintendo de “pôr sorrisos na cara das pessoas”, é este.

A ingenuidade e atenção com que todos os níveis foram criados é impressionante. Aliás, há tanta imaginação por metro quadrado que os designers querem que os jogadores voltem várias vezes a cada nível para ver tudo. Há moedas vermelhas, flores e corações para apanhar, assim como um objecto escondido por mundo. Para encontrar estes itens escondidos, como habitual, é preciso prestar atenção às coisas fora de sítio, como plataformas que parecem inúteis ou inimigos solitários ou fora de caminho. Além disso, cada nível pode ser jogado ao contrário (da direita para a esquerda e do lado de lá dos cenários, onde se pode ver a parte de trás das construções), onde temos de apanhar os cachorrinhos do Poochy em contra relógio. Quem quiser passar o jogo a 100% tem muito para procurar, esticando o jogo muito para lá das cerca de 6 horas que se demora a chegar ao último nível.

Os Yoshis são bastante resistentes, ainda levam umas quantas pancadas, flutuam durante um bocado no ar e ainda conseguem agarrar inimigos com a língua, transformando-os em ovos que se podem atirar. Regra geral, não é um jogo que exige muita perícia, o importante é a exploração, não as acrobacias. Também é possível obter e equipar dezenas de fatiotas engraçadas como uma vaca de cartão, um comboio, ou até fatos de personagens do Mario, caso se tenha as amiibo correspondentes. O problema é que estas também nos defendem de alguns ataques, o que é útil, mas também torna o jogo demasiado fácil, nomeadamente o desafio de chegar ao fim dos níveis com a vida no máximo. Tendo em conta que em Wooly World havia muito mais amiibo a desbloquearem padrões que se usavam independentemente das bem mais variadas ajudas, é um passo atrás. Em qualquer altura se pode passar para o modo Mellow, onde o Yoshi leva mais dano e voa, ideal para os menos experientes ou para quem quer o mínimo de stress possível.

Apesar do jogo continuar a ter uma jogabilidade maioritariamente 2D, agora há caminhos que nos deixam mover noutras direcções, para o plano do fundo ou da frente. Isto não faz de Yoshi um jogo 3D; na prática, apenas ficamos com mais do que um plano onde nos podemos movimentar, o que abre várias possibilidades e torna os níveis mais densos. Até porque podemos disparar ovos para qualquer plano, é preciso ter atenção ao que se passa lá no fundo, pode haver alguma moeda escondida ou caminho novo. Esta utilização de profundidade e densidade dos níveis conjuga-se perfeitamente com o foco em exploração e traz algo de novo a uma fórmula que funciona bem, mas começa a ficar gasta. Na verdade, descobrir as maneiras geniais como a Good-Feel usa coisas que se possam encontrar por casa para criar um mundo é uma recompensa só por si e um enorme incentivo a continuar a jogar.

Crafted World é lindíssimo, mesmo que os números não impressionem; feito com a Unreal Engine 4, o jogo corre a 60 frames por segundo, mas tem uma resolução que varia dinamicamente, andando sempre abaixo dos 720p. No modo portátil é onde se isto se nota mais, com a imagem a perder bastante nitidez.
Se há um sítio em que Yoshi é doce demais, é na banda-sonora. Tomoya Tomita tem garantido sempre bandas-sonoras fantásticas nos jogos da Good-Feel, mas, como ele saiu da empresa, Kazufumi Umeda ficou a cargo da música de Crafter World, e cometeu o mesmo erro que que foi cometido em Yoshi’s New Island para a 3DS, apostando num som demasiado sacarino e infantil, que inicialmente parece encaixar, mas rapidamente começa a ser irritante e a soar a uma data de palhaços bêbados à solta numa loja de flautas e kazoos. Além de raramente sair do mesmo estilo, a lista de faixas é reduzida e muitas delas são apenas versões da música principal. Uma pena depois da brilhante banda-sonora de Wooly World.

Mesmo que seja demasiado familiar, Yoshi mostra sempre tantas ideias novas que não há como não ansiar pelo que vai acontecer a seguir. Feito para ser apreciado e descoberto calmamente, Yoshi’s Crafted World é cosido, colado, dobrado, recortado e montado com mestria e uma imaginação fascinante.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

Yoshi’s Crafted World é um jogo de plataformas encantador de explorar; não reinventa a roda, mas os níveis bem desenhados e um estilo visual original e adorável tornam Crafted World irresistível.

User Rating: 1.05 ( 1 votes)
Botão Voltar ao Topo