Análises

Wolfenstein: Youngblood

Irmãs de armas.

Versão testada: PlayStation 4 Pro

O icónico B.J. Blazkowicz encontra-se desaparecido. Anos depois dos eventos ocorridos em Wolfenstein II: The New Colossus, desconhece-se o paradeiro do mítico dizimador de militares nazis sedentos de guerra e violência e é neste contexto que as suas duas filhas gêmeas, Jessica e Sophia Blazkowicz, viajam na década de 80 até Paris, numa recriação alternativa e num cenário onde os nazis continuam a oprimir e a mitigar a Resistência francesa.

Sendo este um argumento globalmente típico na franchise Wolfenstein, é necessário salientar que podemos considerar este um spin-off experimental da franchise pelo facto de introduzir várias novidades para os fãs.

Assim, desde logo o facto do jogo assentar na dupla de gêmeas Blazkowicz, permite introduzir na jogabilidade o modo cooperativo multijogador (seja com AI artificial ou com um amigo real) e muitas das acções apenas são possíveis de concluir com a ajuda da irmã gémea. Neste aspecto, pode-se até considerar que, as acções mais mundanas como a abertura de algumas portas, caixas e armários, tendo que ser quase sempre feitas em conjunto, torna um pouco redundante e excessivo esta mecânica cooperativa, não invalidando que, em combate, já esta se torna positiva na medida em que introduz várias dinâmicas de ataque sobre os poderosos inimigos. Não seria necessário forçar muitas das iterações com objectos à necessidade obrigatória de se esperar pela irmã para conseguirmos prosseguir. O que por vezes é rápido a acontecer, noutros momentos é algo em que se fica à espera demasiado tempo até que a companheira se digne a aparecer.

Outra novidade é a vertente semi-rpg do jogo, com muitas opções de personalização, ataques, upgrades de armas e poderes e sobretudo a sinalização de uma barra de nível em cima de cada inimigo que permite logo perceber se este é acessível no nosso actual nível ou se, no caso de ser uma assustadora caveira, significa morte imediata, tendo que se optar abordar outros sectores ou efectuar missões secundárias para ir também aumentando o nosso nível. Esta é uma situação com que me defrontei logo nas missões principais iniciais, o que significou tornar-se obrigatório a necessidade de efectuar missões secundárias para melhorar as nossas capacidades e nível global.

Wolfenstein: Youngblood é um jogo publicado pela Bethesda, tendo sido desenvolvido em parceria entre os estúdios MachineGames e Arkane, sendo notório o resultado final nas características que mais destacam os trabalhos anteriores destas produtoras.

A jogabilidade é bastante sólida e a variedade de armas permite uma diversidade de abordagens em combate. A sonoridade e punch nos disparos está muito bem recriado e dá um feeling bastante responsivo e poderoso. Neste aspecto, Wolfenstein YoungBlood não desilude e muita da experiência anterior da MachineGames nos anteriores títulos da franchise assegura que, neste título, exista muita qualidade e solidez na jogabilidade.

A par da jogabilidade sólida, temos que destacar a influência da Arkane na recriação dos cenários e construção dos níveis. Em muitos momentos, parecia que estava a jogar um Dishonored recriado no universo Wolfenstein. Cenários muito bem recriados e cheios de pormenores de elevado detalhe artístico. Os níveis também permitiam várias abordagens e todas as passagens secretas, acesso a andares superiores, descoberta de espaços não sinalizados no mapa principal, dão para percepcionar que, neste aspecto, foi notória a influência da Arkane na construção de Youngblood. Infelizmente a acção frenética em muitos momentos não permitiam absorver com maior detalhe a imersão dos cenários que nos envolviam. Por outro lado, apesar de ser possível, e ao contrário de ambos os Dishonored, o stealth esteve sempre relegado para segundo plano e rapidamente qualquer barulho despertava a atenção dos inimigos para depressa toda a acção disparar e a violência começar.

Este é um jogo não linear que permite que os níveis sejam efectuados por ordem diferenciada, existindo contudo o facto destes terem o próprio nível em que é recomendado ser feito, o que, naturalmente, condiciona o jogador em ir abordando missões que sejam acessíveis e que permitam ir aumentando os upgrades de modo a que estes não signifiquem morte imediata.
Em termos de performance, o jogo é sólido, correndo a 60 FPS e sem quebras, e neste aspecto, não existem problemas de natureza técnica que sejam preocupantes.

Infelizmente, o que tinha tudo para ser um jogo de imensa qualidade é estragado pela dinâmica das gêmeas Blazkowicz e pela influência demasiada teen e infantilizada das suas constantes observações. Torna-se tão irritante que ainda procurei nas opções de jogo para que as pudesse calar, mas infelizmente, não havia essa possibilidade. Sendo miúdas novas, percebo que essa maneira de interagir seja assim recriada mas, num Wolfenstein, o nível de infantilidade das suas observações está fora de contexto e não se tornou, em nada, apelativo para uma imersão adequada. Esta foi uma das primeiras vezes em que tive a necessidade de procurar nas opções de jogo algo que permitisse silenciar os protagonistas de um jogo. Sintomático. A própria história podia ter outro nível de qualidade e profundidade mas, neste aspecto, deixo à descoberta dos jogadores, o prazer de a desvendar.

Em suma, considerando este um jogo experimental, a derivar de uma franchise já com história feita e consolidada, é natural que o resultado final possa ser uma surpresa nem sempre agradável na sua totalidade.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

Wolfenstein: Youngblood é um título cooperativo divertido, mas que devido à sua natureza experimental, apresenta algumas falhas de relevo.

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