Análises

FIFA 20

Pontapé de saída em mais uma edição do jogo de futebol da EA.

Versão testada: PlayStation 4 Pro

A época futebolística já começou e, como seria de esperar, os novos jogos de futebol estão aí. efootball PES 2020 foi o primeiro a chegar ao mercado, e agora, é a vez de FIFA 20 mostrar o que vale e o que aprendeu com os erros do seu antecessor. Será que as novidades se farão sentir? Será que é uma clara melhoria face a FIFA 19?

Indo directamente ao assunto, FIFA 19 foi, a nível de gameplay, um dos piores jogos desta franquia dos últimos anos. Digo isto com confiança e após quase 1300 jogos realizados no Ultimate Team (UT) e de ter conseguido montar uma equipa decente. Primeiro foram os remates acrobáticos, depois foram os finesse shots, depois foram os remates de primeira super certeiros de ângulos absurdos e depois foi uma panóplia de mais problemas, alguns deles que não chegaram a ser corrigidos. FIFA 19 prometeu bastante ao início comparativamente ao seu antecessor, tendo adoptado um ritmo de jogo consideravelmente mais lento, algo que vi com bons olhos, mas todos os problemas que foram surgindo ao longo dos meses, tornaram progressivamente o gameplay cada vez pior e menos divertido. A certa altura, a equipa de produção decidiu concentrar esforços em FIFA 20 e, tanto para o bem como para o mal, aqui estamos nós para mais um ano de FIFA.

O ritmo de jogo no FIFA 20 é semelhante ao do FIFA 19 mas, ao contrário do que acontecia nesse jogo, os defesas no FIFA 20 não conseguem apanhar um avançado que seja mais rápido que eles. Faz sentido que assim seja. Além disso, Manual Defending está agora mais forte, ao passo que AI Defending está mais fraco. O objectivo desta alteração tem o intuito de reduzir a frequência de situações em que os defesas controlados pela IA atiravam-se para a frente de um remate, quase como se estivessem a defender o presidente de uma bala. Isto deverá fazer com que os jogadores que dependiam demasiado desta ajuda no FIFA 19 não consigam defender tão bem no FIFA 20, pelo menos agora ao início, e acabem por sofrer mais golos. Eu acho que isto é positivo e deverá criar um maior skill gap entre os jogadores. Para contrabalançar, os passes estão agora mais complicados de executar e os cruzamentos menos eficazes.

E depois temos os ressaltos. Se jogaram FIFA 19, especialmente em modos online, certamente que tiveram imensas situações em que faziam um corte e a bola ressaltava demasiadas vezes para o adversário, para uma posição cada vez mais perigosa. Essas situações no FIFA 20 foram reduzidas em frequência e agora a bola fica mais vezes na posse de quem faz o corte. Por vezes, o resultado destes lances ainda parece demasiado aleatório, mas no geral, e aliado à melhoria do Manual Defending, notei uma evolução face ao título do ano passado. O uso e abuso de fintas também é um aspecto que foi ajustado, já que encadear fintas de forma sucessiva faz com que a bola se vá afastando do jogador. Com isto, o abusar de La Croquetas é algo que ficou enterrado no FIFA 19. Dito isto, o uso de fintas de forma espontânea parece estar muito forte, especialmente porque o sistema de drible também sofreu alterações, de forma a tornar os jogadores mais responsivos aos comandos.

De regresso estão os Timed Shots e o GK Movement, duas mecânicas implementadas no FIFA 19. Continuo a não gostar destas duas mecânicas, porque os Timed Shots beneficiam apenas o jogador mais próximo dos servidores da EA, enquanto que o GK Movement é puramente desnecessário e cria situações totalmente irrealistas, mas ao menos, neste novo FIFA, estas funcionalidades sofreram ajustes. Os Timed Shots têm agora uma janela mais curta para serem executados perfeitamente, enquanto que a eficácia do GK Movement foi reduzida, pois mover os guarda-redes é agora mais lento. Pode-se até dizer que é uma mecânica de risco/recompensa, que irá beneficiar quem não abusa da sua utilização.

Até agora, a coisa parece estar bem encaminhada, mas existem problemas, certo? Sim, existem. E alguns desses problemas já existem há varias edições. Refiro-me a animações quebradas em que pernas se dobram de formas pouco naturais, bolas que trespassam jogadores como se estes fossem fantasmas, o assinalar de faltas de forma inconsistente, e o malfadado button delay. Estes problemas fazem-se sentir mais nos modos online, mas é desapontante que ainda façam parte do pacote. Dito isto, importa salientar que as melhorias implementadas no gameplay conseguem fazer com que, no geral, a experiência de jogo seja mais divertida e não tão frustrante como a do FIFA 19. Como isto se irá reflectir numa Weekend League, quando milhões de jogadores estiverem a sobrecarregar os servidores? Bem, isso ainda é uma incógnita.

Fora dos relvados, também existem melhorias. A importância dos menus é subvalorizada por muitos, mas na verdade, são um aspecto vital na experiência, em particular em modos de jogo onde se passa muito tempo a navegar por diferentes menus, como o UT. E este modo levou uma lavagem de cara. Por exemplo, o menu tem agora uma skin mais escura. Pode parecer uma coisa supérflua, mas não consigo constatar o quão bem vinda é esta alteração, especialmente para quem passa muito tempo nos menus do UT, como é o meu caso. Os menus do UT do FIFA 19 eram super brilhantes e cansativos em longas sessões. O menu de gestão da equipa também foi redesenhado, de forma a facilitar o acesso a diferentes partes do modo, como a possibilidade de ir directamente ao mercado de transferências ou ao clube sem sair daquele ecrã. Uma coisa bem vinda, sem dúvida. O único aspecto que não gostei diz respeito à gestão individual dos jogadores, já que colocar contractos ou cartas de fitness requer a passagem por mais um menu.

Continuando no UT, o modo Division Rivals está de volta, tendo agora um maior equilíbrio na separação do skill rating entre divisões. O FUT Champions, que é o modo competitivo realizado aos fins-de-semana, também marca presença, mas ainda não está activo nesta fase inicial. Mas se não querem competir contra adversários humanos, podem competir contra adversários controlados pela AI, no modo Squad Battles. Este modo foi reestruturado e acabou por perder o limite de jogos diários. O limite de jogos semanais continua a ser o mesmo, ou seja, 40 jogos, mas como o limite diário desapareceu, isto permite que os utilizadores consigam organizar melhor o seu tempo. Por exemplo, dá para despachar todos os jogos de Squad Battle durante a semana para, assim, deixar o fim de semana livre na sua totalidade para os jogos da Weekend League. É uma pequena melhoria na “quality of life” mas que tem um enorme impacto.

Outra novidade no UT é a adição do modo FUT Friendles. O UT do FIFA 19 foi criticado por não ter um modo mais casual e FUT Friendles visa colmatar essa falha. Basicamente, o modo permite pegarem na vossa equipa e enfrentar os vossos amigos ou jogadores aleatórios em partidas com regras específicas. Por exemplo, a regra Max Chemistry faz com que a química dos jogadores esteja sempre no máximo, independentemente dos links. Isto oferece a possibilidade de se experimentar diferentes combinações de equipas que, até então, não seriam possíveis. Por outro lado, Swaps faz uma reviravolta nas equipas. No início de cada partida, 3 jogadores da vossa equipa são trocados com 3 jogadores da equipa adversária, e como bónus, se conseguirem marcar um golo com um jogador do adversário, ganham 2 pontos por esse golo. É um modo interessante, que deverá proporcionar alguns momentos de descontracção, mas não sei até que ponto será adoptado pela comunidade.

Mas existe vida fora do UT e a principal novidade é a adição do VOLTA Football. Têm saudades do FIFA Street? Bem, VOLTA Football poderá ser a coisa mais próxima desse jogo que vão ver nos próximos tempos. Este modo de futebol de rua visa oferecer uma experiência casual, divertida e espalhafatosa, que nos leva por campos de rua espalhados por várias cidades em redor do mundo. Querem um modo onde possam atirar a bola contra a parede de forma a passarem para vocês próprios, onde possam marcar golos artísticos e que não tenha substituições, foras de jogo, expulsões e fadiga? Então, VOLTA Football é o modo certo para vocês. Contudo, e embora seja uma boa adição que espero que seja expandida nos próximos jogos, há uma enorme lacuna neste modo; não dá para jogar online com os nossos amigos. Acaba por ser uma oportunidade desperdiçada que poderá colocar em causa a longevidade deste modo no FIFA 20.

FIFA 19 teve um mau gameplay que nunca conseguiu recuperar totalmente de diversos entraves, mesmo após várias actualizações. As alterações implementadas no gameplay do FIFA 20, que foram fruto do feedback obtido durante um ano, são bem vindas e acabaram por ter um impacto positivo na experiência dentro de campo. E o VOLTA Football é uma boa adição, nem que seja para mudar um pouco de ar. Mas só daqui a algumas semanas, quando todos tiveram o jogo nas mãos, quando andarem a abusar o mais possível de todas as mecânicas e quando estiverem a sobrecarregar os servidores é que vamos tirar a prova dos nove. Por agora, devo dizer que estou cautelosamente optimista pelo futuro de FIFA 20, não porque cheira a novo, mas sim porque as alterações no gameplay fizeram com que me divertisse mais a jogar esta nova edição do que alguma vez me diverti no FIFA 19.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

FIFA 20 pode não ser uma grande evolução face à edição do ano passado, mas apresenta algumas muito necessárias melhorias ao gameplay. E o VOLTA Football é uma boa adição que irá apelar a quem jogou os FIFA Street.

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