Análises

Tokyo Mirage Sessions #FE Encore

Chuva de estrelas.

Versão testada: Nintendo Switch

Tendo sido lançado em 2015 na Wii U, Tokyo Mirage Sessions passou ao lado de muita gente devido à pouca popularidade da consola, o que é pena, pois um crossover entre as franquias Persona e Fire Emblem é uma ideia muito interessante para qualquer fã de RPG’s. Mas agora, eis que o jogo da Atlus regressa para um encore e para dar a possibilidade a mais jogadores de experimentarem esta estilosa aventura.

Tal como o nome do jogo sugere, os eventos de Tokyo Mirage Sessions #FE Encore decorrem na cidade de Tóquio, onde seguimos principalmente as pisadas de Itsuki Aoi e Tsubasa Oribe, dois amigos de longa data. Devido a um misterioso evento que aconteceu 5 anos antes e que levou ao desaparecimento da sua irmã, Tsubasa decide entrar no mundo do espectáculo e ser um ídolo. Mas as coisas não correm como o esperado e seres espectrais, chamados Mirages, invadem o nosso mundo para tentar roubar a criatividade dos humanos. É aqui que Itsuki e Tsubasa acabam por encontrar Chrom e Caeda, duas personagens da franquia Fire Emblem, e juntos lutam contra as Mirages. Porém, Chrom e Caeda perderam a sua memória e não sabem de onde vêm. Para ficarem atentos a mais ocorrências deste género, Itsuki e Tsubasa juntam-se a uma agência de talentos.

Como disse anteriormente, Tokyo Mirage Sessions é um crossover entre Persona e Fire Emblem, mas diria que é 90% Persona e apenas 10% Fire Emblem. A forma como a narrativa se desenrola, a necessidade de ajudar os nossos companheiros na sua vida pessoal, o mapa do jogo, as dungeons e até o sistema de combate é tudo muito semelhante ao que podemos ver num Persona. Da franquia Fire Emblem estão os Mirages nossos aliados, que são personagens de jogos dessa série. Mas em qualquer dos casos, importa referir que qualquer um pode desfrutar deste jogo sem qualquer problema, pois não é necessário conhecimento prévio de Persona ou Fire Emblem. Tokyo Mirage Sessions é o seu próprio IP.

A jogabilidade de Tokyo Mirage Sessions divide-se em missões de história e missões secundárias das personagens. Tal como em Persona, iremos ajudar os nossos colegas de equipa em algumas questões pessoais, e ao fazê-lo, irão desbloquear novas habilidades de combate, algumas delas bastante úteis. De referir que os capítulos estão separados por intervalos, ou seja, segmentos mais calmos em que podemos relaxar, ir fazendo as tais missões secundárias ou simplesmente fazer algum grind. Assim que estejamos preparados, podemos avançar para o segmento narrativo seguinte. Ora, isto é uma faca de dois gumes. Por um lado, a inexistência de um calendário como o que existe em Persona retira alguma profundidade, porque deixa de ser necessário gerir o nosso tempo e fazer escolhas. Mas por outro lado, isto retira pressão de cima do jogador, pois passa a poder fazer as coisas ao seu próprio ritmo e em que altura quiser.

As dungeons de Tokyo Mirage Sessions, chamadas Idolaspheres, são bem desenhadas, e cada uma com a sua própria temática e mecânica única, com uma complexidade que vai crescendo há medida que a narrativa vai avançando. Diria que são um meio termo entre as dungeons de Persona 4 e Persona 5. Geralmente, as dungeons oferecem alguns pontos de fast travel e podemos em qualquer altura teleportar para fora da dungeon para curar a equipa, comprar equipamento ou fazer outra coisa qualquer. Como seria de esperar, as dungeons estão cheias de inimigos, o equivalente às shadows. Porém, é necessário ter cuidado, porque aleatoriamente aparecem inimigos mais fortes nas dungeons, que originam os savage encounters. Dá para perceber pela cor diferente, e estes inimigos devem ser levados muito a sério, porque podem facilmente causar game over. Como tal, é aconselhado gravar frequentemente e/ou ter sempre itens no inventário que permitem escapar das batalhas.

O sistema de combate é de qualidade e gira em torno de explorar os pontos fracos dos inimigos, tal como acontece em Persona e em Shin Megami Tensei. As comparações com Persona são de facto muitas, tal como já devem ter percebido pela quantidade de referências que já foram feitas, mas é apenas para terem uma ideia da proximidade que Tokyo Mirage Sessions tem para com essa série. Sempre que atingimos o ponto fraco do inimigo, ele fica indefeso, permitindo que os restantes elementos da equipa, incluindo os que estão na reserva, entrem para fazer um ataque normal. Com o avançar do jogo, também há a possibilidade de serem feitos ataques especiais, dando origem a combos na casa dos dois dígitos. Conseguir utilizar esta mecânica ao máximo é essencial contra bosses e em savage encounters, pois estes são inimigos geralmente muito fortes e com bastante HP. Por sua vez, também é aconselhado a utilizar isto contra inimigos comuns, porque cada hit rouba algo ao adversário, seja dinheiro ou materiais para criar novas armas e habilidades.

Em vez de usar um Persona para atacar, utilizamos um Mirage que se transforma em arma. Ao aceder ao Bloom Palace, o equivalente à Velvet Room, podemos evoluir o Mirage para outro tipo de transformações e podemos criar novas habilidades, desde que tenhamos os materiais necessários. Cada transformação oferece acesso a diferentes ataques e habilidades passivas, mas temos de escolher as que achamos que são as melhores, porque existe um limite máximo de habilidades que cada personagem pode ter equipadas. O Bloom Palace oferece também acesso a algumas dungeons opcionais, que se tornam úteis para acelerar o grind, ou como quem diz, evoluir o nível das personagens e ganhar habilidades mais rapidamente. Estas dungeons foram DLC para a versão Wii U deste jogo.

Além destas dungeons, a versão Switch oferece algumas adições e melhorias que tornam a experiência de jogo mais rápida e fluída comparativamente à versão Wii U. Por exemplo, existe a opção de encurtar a animação de ataque das personagens quando exploramos um ponto fraco do inimigo e os tempos de loading são bastante mais pequenos. Além disso, também existe algum conteúdo narrativo adicional que vai sendo disponibilizado de forma progressiva com o avançar da narrativa principal, através do Bloom Palace. E claro, a versão Switch inclui também fatos adicionais para as personagens, incluído o fato de Joker para o Itsuki.

A nível técnico o resultado é misto. Os gráficos são coloridos e mantém um estilo anime semelhante aos Persona. Em modo portátil, os visuais são de boa qualidade e o ecrã pequeno da Switch realça o estilo artístico deste jogo. Porém, quer estejamos a jogar com a Switch na dock ligada a uma TV ou em modo portátil, o jogo apresenta exactamente os mesmos gráficos. Infelizmente, Tokyo Mirage Sessions não tem qualquer melhoria visual quando se joga com a consola ligada a uma TV, o que resulta em visuais algo baços, como se a imagem tivesse sido barrada com uma camada de vaselina. Pelo lado positivo, a performance do jogo é boa e, tal como mencionei anteriormente, os ecrãs de loading são bastante rápidos. Como nota adicional, sou obrigado a mencionar que a banda sonora é de grande qualidade, assim como o voice acting.

Tokyo Mirage Sessions #FE Encore tem os seus problemas como, por exemplo, a localização em que as falas das personagens nas batalhas não têm legendas, e como só estão disponíveis vozes em Japonês, esse problema agrava-se. E como disse em cima, esta versão poderia ter levado mais melhorias visuais, em particular em docked mode. A narrativa não atinge os pontos altos que os Persona costumam ter, mas apresenta alguns momentos interessantes e algumas interacções curiosas entre as personagens. No geral, este é um dos melhores JRPG’s disponíveis actualmente na Switch, muito por culpa do bom sistema de batalha, da excelente banda sonora e de como o estilo artístico une tudo isto de forma coesa. Tokyo Mirage Sessions #FE Encore é recomendado não só para os fãs de Persona, como também para todos os fãs do género. Pode-se até dizer que este jogo é um Persona lite.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

Apesar de alguns problemas, Tokyo Mirage Sessions #FE Encore é um dos melhores JRPG's disponíveis na consola híbrida da Nintendo, e um que os fãs de Persona em particular vão gostar.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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