Versão testada: Nintendo Switch
Imaginem que certo dia têm um sonho que é basicamente um quizz do Buzzfeed para saberem que Pokémon são. Quando acordam, vêem-se transformados nesse Pokémon e são transportados para um mundo onde os monstros de bolso vivem em sociedade. Pokémon Mystery Dungeon: Rescue Team DX é isso. O jogo é um remake das primeiras entradas da série Pokémon Mystery Dungeon, que saíram em 2015 (2016 por cá) na Nintendo DS e Game Boy Advance, tendo encontrado o seu grupo de fãs e sucesso comercial e dando origem a várias sequelas.
Vários desastres naturais assolam este mundo, pondo em perigo os Pokémon. Por isso, criamos uma equipa de salvamento em conjunto com um parceiro e pomos as mãos (patas?) à obra para salvar quem precisa. Grande parte do jogo passa-se em masmorras criadas aleatoriamente, onde o espaço é dividido em grelha e cada acção demora um turno. Tal como nos jogos Pokémon principais, subimos de nível e aprendemos novos ataques, tendo quatro disponíveis de cada vez. Uma das diferenças aqui é que o posicionamento dos bichos interessa, uma vez que há ataques com alcances diferentes e, idealmente, quer-se que todos os membros da equipa possam atacar. Os ataques também sobem de nível à medida que os usamos e é possível juntar dois para que sejam usados automaticamente em sequência.
Quando derrotamos um Pokémon, em vez de atirarmos Poké Balls para o capturar, há uma possibilidade de que ele se junte ao nosso grupo até ao fim da masmorra. Para que passe a fazer parte permanente da equipa temos de ter um acampamento adequado para ele viver, que pode ser comprado entre missões na aldeia ou dentro das masmorras através de um item. Apesar da nossa party ter três elementos, juntamente com os Pokémon que nos seguem, é possível ter nove monstros na equipa ao mesmo tempo. Isto faz com que, muitas vezes, acabemos por não fazer nada com a personagem que controlamos (que pode ser mudada a qualquer altura), visto que os outros Pokémon dão cabo dos inimigos antes que possamos sequer atacar. É possível desactivar certos ataques ou definir estratégias básicas para cada Pokémon, evitando que eles ataquem, mas não deixa de ser um limite auto-imposto para remendar a falta de opções de dificuldade.
Não há grande variedade de objectivos nas missões de salvamento que aceitamos; podemos ter de salvar um Pokémon ou encontrar um item, mas isto não afecta muito a maneira como abordamos as masmorras. Gerir recursos é fundamental, uma vez que apenas podemos carregar um número limitado de itens e a nossa personagem vai ficando com fome; é preciso escolher que itens e alimentos levar, que objectivos perseguir e quando desistir. Para jogadores minimamente experientes, isto vai ser o único obstáculo do jogo, salvando-o de ser ainda mais fácil e potencialmente aborrecido, especialmente porque os mapas não são particularmente interessantes. Quem não está muito interessado na exploração, pode sempre usar o Auto-Mode, fazendo a nossa equipa percorrer a masmorra automaticamente, parando quando se encontra um inimigo. O jogo tem uma quantidade bastante razoável de opções, como o tamanho do mapa, velocidade de movimento dentro e fora do Auto-Mode (se bem que falta aqui uma velocidade intermédia), se os Pokémon se viram automaticamente para os seus atacantes, entre umas outras quantas definições que ajudam os jogadores a ajustar o jogo ao seu gosto.
Rescue Team DX abandona os sprites dos jogos originais e adopta o 3D, apesar de manter uma perspectiva de câmara semelhante. Os modelos tridimensionais dos Pokémon fazem o seu trabalho, mas as animações são absurdamente básicas; uma pena, porque os cenários têm um estilo tipo livro de histórias pintado em pastel que é muito bonito, apesar de chocar um bocado com as personagens poligonais. A banda-sonora também foi retrabalhada com novas instrumentações, com um grande número de boas músicas que ficam na cabeça e as ocasionais faixas tensas que acabam por ter um efeito maior em criar ambiente por contrastar com o tom leve e alegre da maioria da banda-sonora.
Pokémon Mystery Dungeon: Rescue Team DX tem com um grau de dificuldade e complexidade adequado aos mais novos, mas a vontade de os apanhar todos e uma história e diálogos surpreendentemente interessantes podem ser suficientes para convencer jogadores mais experientes a ficar até ao fim, apesar das masmorras e missões repetitivas. É um bom remake que se pode recomendar facilmente a fãs da série e a crianças, mas quem espera um desafio ou um roguelite complexo talvez deva procurar alternativas.
Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Veredito
Nota Final - 7
7
A falta de variedade e dificuldade podem afastar alguns de Pokémon Mystery Dungeon: Rescue Team DX, mas é um roguelite acessível, ideal para os miúdos ou para quem quer algo leve que mostra uma perspectiva diferente do mundo Pokémon.