Análises

Persona 5 Royal

Looking cool Joker!

Versão testada: PlayStation 4 Pro

A franquia Persona tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade, e o excelente Persona 5 contribuiu imenso para esse abrir de portas. Agora, três anos depois do lançamento da versão original, eis que chega Persona 5 Royal à PS4. Tal como aconteceu com os anteriores jogos desta série, Royal é uma versão expandida de Persona 5, o que significa uma quantidade generosa de novo conteúdo e várias adições que visam tornar a experiência ainda melhor.

A grande maioria das coisas que disse em 2017, na minha análise à versão original do Persona 5, mantém-se na versão Royal, como tal, recomendo a sua leitura. Mas de forma resumida, seguimos as pisadas de um protagonista silencioso, que foi injustamente acusado e condenado por agressão. Por essa razão, ele foi transferido de escola e tem agora que viver pacificamente como um normal estudante, para não se arriscar a violar a liberdade condicional. É mais fácil falar do que fazer, porque mesmo de forma não intencional, ele vê-se envolvido em assuntos sérios e perigosos, que potencialmente podem afectar muita gente e que o podem condenar à prisão.

A narrativa base nesta nova versão é praticamente igual à narrativa presente na versão original, mas existem algumas adições. Uma dessas adições é a introdução de uma nova personagem, chamada Kasumi Yoshizawa. Tal como o protagonista, a Kasumi é uma estudante recém transferida para a Shujin Academy, e as suas interacções com o protagonista não destoam do resto e foram bem enquadradas na narrativa. Por exemplo, há uma nova cena nas primeiras horas de jogo, em que o protagonista está a falar com a Kawakami ao pé da sala dos professores, quando de repente nos cruzamos com a Kasumi e com Kamoshida, em que ele diz em alto e bom som para todos ouvirem que o protagonista é um delinquente. Um outro exemplo inclui uma conversa que temos com ela um pouco mais tarde, durante uma acção social de grupo, em que ela fala sobre os rumores que circulam na escola sobre o protagonista. Estes são apenas alguns exemplos da forma cuidada em que a Kasumi foi adicionada à narrativa existente, sem parecer algo adicionado à última da hora.

Obviamente, o novo conteúdo não se limita à adição de uma nova personagem principal na narrativa original. Também existe um novo semestre e um novo Palace, um novo local chamado Kichijoji, que oferece novas actividades que podemos usufruir com os restantes membros da equipa, novas cutscenes, novos eventos e novas interacções com as personagens. E isto apenas no que diz respeito à parte “simulador de vida” do jogo.

Persona 5 é um JRPG, mas em moldes um pouco diferentes do habitual, porque utiliza como base o mundo real e toca em alguns temas muito presentes na sociedade, como política, corrupção, abuso de poder, assédio sexual e suicídio. Este jogo não tem o objectivo de nos fazer pensar nisto, mas não se acanha em utilizar estes temas para dar força à narrativa. Os Persona, em geral, costumam ter um bom compromisso entre o mundo real e o oculto, e Persona 5 não é excepção. Metade do jogo envolve gerir o aspecto social do protagonista, e a outra metade envolve lutar contra inimigos numa outra dimensão. Porém, estas duas coisas estão interligadas.

Ao longo da campanha vamos conhecendo novos indivíduos, que se tornam nossos Confidants. Quando passamos tempo com estas personagens, a nossa relação evolui, desbloqueando assim habilidades úteis, quer na gestão de tempo livre, quer nas batalhas. Este aspecto foi melhorado em Persona 5 Royal face à versão original. Além de existem novos Confidants, os que já existiam sofreram algumas alterações, como é o caso do Akechi, em que o Social Link foi completamente redesenhada. Ora, a gestão do nosso tempo é extremamente importante, e tendo em conta a quantidade de coisas para fazer, pode tornar-se complicado conseguir fazer tudo o que se quer na primeira playthrough. Aqui entra outra novidade. No original não era possível, mas no Persona 5 Royal ficamos com algum tempo útil após uma ida a uma dungeon. Pode parecer uma pequena alteração, mas é uma muito útil que nos permite evoluir mais rapidamente algumas das estatísticas sociais do protagonista, como o Knowledge, Charm ou Guts.

Mas não foi só a narrativa ou a componente social que recebeu atenção nesta nova versão de Persona 5; a jogabilidade também recebeu várias melhorias e novidades. Baton Pass era uma mecânica que já existia na versão original, mas agora está mais enraizada no sistema de combate e está disponível muito mais cedo e para todas as personagens, sem ser necessário evoluir os respectivos Social Links. Sempre que acertamos no ponto fraco de um inimigo, podemos voltar a atacar ou podemos passar a vez a outra personagem. Quando isto acontece, a personagem que recebe a vez ganha um boost nas stats, e esta passagem de vez pode ocorrer entre os quatro elementos da equipa que estão a combater, sendo que cada passagem aumenta o bónus. Isto incentiva mais o uso desta ferramenta e incute também um maior foco nas estratégias, especialmente em dificuldades mais altas. De referir também que dá para aumentar o rank do Baton Pass, ou como quem diz, aumentar a sua eficácia.

Outra novidade diz respeito à introdução de um novo tipo de Shadow, chamado Disaster Shadow. Estas Shadows não atacam o jogador, e quando são derrotadas com ataques que atingem o seu pronto fraco, explodem e causam dano nos restantes inimigos, podendo inclusive matá-los de uma vez. E a certa altura da aventura, são desbloqueados ataques especiais, chamados Showtime, que podem ser realizados durante os combates quando alguns requisitos são cumpridos. Estes ataques tag team são muito fortes, e ao longo da campanha são desbloqueadas novas variantes. Escusado será dizer que estes ataques são super espalhafatosos e exagerados, e outra coisa não seria de esperar.

E quando se pensa que não existem mais novidades, eis que se descobre que as Persona têm agora Traits, que lhes conferem características especiais, como redução no consumo de determinado tipo de magia, aumento da eficácia de magias que ataquem todos os inimigos, e redução da probabilidade de ser afectado por magias negativas, entre outros tipos de Trais. Além disso, existe agora algo chamado Fusion Alarm, que pode ocorrer após ganharmos batalhas no Metaverse. Quando isto acontece, a Velvet Room muda de cor e as fusões poderão ter resultados diferentes do esperado. E também na Velvet Room há uma nova actividade chamada Challente Battle, em que recebemos recompensas conforme o nosso rank obtido em lutas pré-definidas.

Os Palaces não mudaram muito entre versões. O protagonista tem agora um gancho que lhe permite aceder a algumas áreas, mas no geral, isto não muda muito a navegação por estas dungeons temáticas. Isto significa que algumas dungeons, especialmente lá mais para o final do jogo, continuam a ser um pouco longas demais. Por sua vez, os bosses finais de cada Palace sofreram várias mudanças. Estes bosses foram redesenhados de forma a se enquadrarem melhor no tema em questão. Por exemplo, a temática do primeiro Palace e boss é a violência física, abuso de poder e assédio sexual, como tal, o boss tem agora uma nova fase em que chama algumas das suas vítimas para o ajudar. No geral, estes bosses são agora melhores do que o visto no jogo original.

Eu podia continuar a debitar informação sobre Persona 5 Royal, mas o que importa reter é que a Atlus fez o que parecia impossível. O original Persona 5 já era excelente, mas a versão Royal consegue ser ainda melhor. Coloca-se então uma importante questão. Vale a pena jogar Persona 5 Royal se jogaram o original? Sim. Sem qualquer dúvida. As novas adições à narrativa base, o novo conteúdo narrativo, as novas actividades e as alterações ao sistema de combate, fazem muita diferença e melhoram a experiência geral. Persona 5 Royal tem imenso conteúdo, é super estiloso e extremamente divertido. Escusado será dizer que este é um título mais que recomendado para qualquer fã da série ou do género RPG em geral.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 10

10

Persona 5 Royal pega em tudo aquilo que a versão original tinha de bom e adiciona ainda mais conteúdo em cima, tornando este jogo num título obrigatório para todos os fãs de JRPG. É sem dúvida um dos melhores jogos actualmente disponíveis para a PS4.

User Rating: 1.7 ( 3 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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