Análises

Psychonauts 2

Brincar com a mente

Versão testada: Xbox Series X
Disponível para: PC, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One

Passaram-se 16 anos desde o lançamento do primeiro Psychonauts para PC, PS2 e Xbox, mas para Raz e companhia foram apenas alguns dias. Psychonauts 2 visa continuar a história de onde tinha ficado e oferecer o mesmo nível de criatividade do jogo original, mas de uma forma mais moderna. Devido ao largo período de tempo entre jogos, é totalmente compreensível quem não tenha jogado o primeiro Psychonauts ou sequer ouvido falar da série, mas Psychonauts 2 vem acompanhado de um resumo que dá toda a informação necessária para o jogador ficar preparado para entrar na sequela.

Razputin Aquato, também conhecido simplesmente por Raz, chega a Motherlobe, a sede de uma agência secreta psíquica chamada Psychonauts. Contudo, Raz descobre que não foi tornado num agente dessa organização, mas sim num estagiário. Assim, Raz tem muito treino para fazer na sede e imediações antes de obter o estatuto de agente, mas as coisas rapidamente ganham outros contornos e a história torna-se mais pessoal. Não vou entrar em grandes pormenores da história para não estragar a experiência de ninguém, mas o estúdio Double Fine fez um grande trabalho em expandir o universo Psychonauts, incluindo também as personagens. Cada uma das personagens tem a sua própria personalidade e é muito bem escrita, fazendo com que seja um prazer conhecê-las.

É possível explorar as instalações da Motherlobe e a área circundante, mas o mundo real é apenas uma parte do que os jogadores vão explorar. O miolo da jogabilidade e ponto de destaque da jogabilidade são os mundos psíquicos das personagens mais perturbadas. É muito interessante entrar no cérebro destas personagens e ver a criatividade desses mundos psíquicos, porque reflectem a sua psique de formas originais e inesperadas, e o jogador nunca sabe o que o espera. Os níveis em si tendem a seguir a mesma estrutura formular que culmina num boss, mas o factor novidade não desaparece e esta formula não se torna repetitiva devido à diversidade de estilos visuais dos mundos e mecânicas de jogabilidade diferentes.

Além disso, e ao contrário do jogo original, estes mundos psíquicos estão agora mais ligados à história global ao invés de servirem apenas como uma barreira de progressão. Inclusive, Raz chega a ser forçado em admitir que tem uma enorme responsabilidade nas mãos ao entrar na mente de alguém e alterar o seu estado mental, algo que nunca fez no primeiro Psychonauts. O tema sério por detrás disto é evidente, mas é algo que foi bem tratado e a sua inclusão tem a dose certa de seriedade. O jogo também apresenta uma quantidade generosa de humor. Admito que o estilo de humor aqui presente pode não ser para todos os gostos e algumas piadas podem não ter assim tanta piada, mas no geral, são uma boa adição para fazer com que a interacção entre as personagens se mantenha fresca e o ambiente não se torne demasiado pesado.

A nível de jogabilidade, as secções de plataforma e combate foram melhoradas comparativamente ao primeiro Psychonauts. O movimento geral de Raz, os saltos e os ataques são responsivos, mas em algumas ocasiões são um pouco trapalhões como, por exemplo, não saber exactamente se Raz vai agarrar uma barra num salto. São casos raros que não estragam a diversão, e até se pode dizer que são problemas habituais em jogos de plataformas 3D, mas quando acontecem saltam à vista devido à grande qualidade do pacote. Os níveis, tanto no mundo real como nos mundos psíquicos, são autênticos circos cheios de criatividade, com barras de trapézio e trampolins para se poder explorar e encontrar segredos.

Os combates são de estilo brawler, mas com algumas nuances dependendo dos inimigos. Na verdade, Psychonauts 2 apresenta uma boa diversidade de adversários, especialmente quando comparado com o seu antecessor. Certo, desviar e um constante pressionar de botões à toa consegue ser eficaz em vários momentos, mas não em todos, já que alguns inimigos requerem determinadas habilidades para serem derrotados. Nada super complexo, mas que num plano geral consegue oferecer uma boa variedade de situações e que fazem com que os combates sejam divertidos ao longo de toda a aventura. Além disso, as lutas de bosses são um ponto alto e conseguem viver ao nível de criatividade presente no resto do jogo.

Contudo, algo que atrapalha um pouco a exploração e os combates é o facto de Raz apenas conseguir ter quatro poderes psíquicos equipados ao mesmo tempo. Ora, no inicio da aventura, quando o número de poderes é limitado, isto não é um grande problema, mas há medida que Raz vai desbloqueando mais habilidades, torna-se frequente ter de se ir ao menu alterar os poderes equipados. Para um jogo que tem um ritmo de desenvolvimento tão agradável, a constante ida aos menus torna-se num soluço evidente.

Psychonauts 2 é um bom exemplo de cor, detalhe e estilo. Os mundos são todos muito variados e detalhados, com o seu estilo muito único, tendo encaixado perfeitamente na minha LG B9. Durante a minhas sessões não notei qualquer problema técnico ou de performance, o que atesta o cuidado em lançar um produto funcional logo desde o primeiro dia. A minha única queixa neste departamento está virada para as animações faciais que são um pouco mais rígidas do que esperaria ou gostaria.

Psychonauts 2 é um daqueles casos em que uma sequela consegue com sucesso pegar no potencial não utilizado do seu antecessor e melhorar praticamente todos os aspectos de jogo. A Double Fine fez um grande trabalho em expandir este universo e apresentar um conjunto de personagens interessantes, sem sacrificar a criatividade que é imagem de marca de Psychonauts. Algumas coisas poderiam ser melhores, mas no geral, este é um título que todos os fãs de jogos de plataformas 3D devem experimentar, quer tenham ou não jogado o original Psychonauts.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Psychonauts 2 melhora todos os aspectos do jogo original sem comprometer a sua originalidade e o que o torna único.

User Rating: 4 ( 6 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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