Análises

WRC 10

Um jogo de rally com muito conteúdo

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One

WRC 9 tornou-se rapidamente no meu jogo de rally favorito desde o WRC Rally Evolved, lançado em 2005 para a PS2, muito devido a uma condução realista mas bem adaptada para comando e a etapas baseadas na realidade que pareciam verdadeiramente únicas. Tanto assim é que coloquei mais de 85 horas na versão PS5 e fiz a platina e coloquei mais de 25 horas na versão Xbox Series X e fiz os 1000G, coisa que nem sequer costumo ligar. Agora, a Kylotonn lança WRC 10, o jogo oficial da actual temporada de World Rally Championship, com o intuito de oferecer uma experiência simuladora aprimorada e um jogo mais completo em termos de conteúdo.

Sendo este o jogo oficial da temporada de 2021 de WRC e com uma pandemia global ainda a decorrer, vários países saíram do calendário, incluindo Alemanha, Turquia, Argentina, México e Nova Zelândia, e entraram países como Croácia, Estónia, Chile e Espanha. Bélgica, que faz parte do calendário oficial, será adicionada ao jogo mais tarde. Em termos gerais, o leque de pisos e estilos de traçados são diferentes e cada rally oferece o seu próprio desafio. Croácia é um rally em asfalto, mas o piso acidentado e irregular contrasta com o rally do Japão, onde as estradas são mais suaves mas onde as condições atmosféricas podem ter uma palavra a dizer. Por sua vez, Monte Carlo, que também é um rally em asfalto, apresenta etapas estreitas, sem margem para erro, e com secções escorregadias devido à neve. A diversidade de etapas que era um ponto forte em WRC 9 permanece em WRC 10.

O conteúdo clássico está agora presente em maior quantidade, tendo o seu próprio modo chamado 50th Anniversary Mode. Aqui são oferecidos vários desafios específicos com carros clássicos, sendo que cada desafio vem acompanhado da sua informação história. Por exemplo, o primeiro desafio pede ao jogador que faça uma etapa no rally da Grécia ao volante do Renault Alpine, que em 1973 venceu o campeonato de construtores no primeiro ano desta competição. Alternativamente, também é possível ir ao Quick Play e utilizar os carros clássicos em qualquer etapa. A lista de carros clássicos inclui nomes como Lancia Stratos, Audi quattro Sport, Peugeot T16 Evo 2, Toyota Cellica GT4, e Volkswagen Polo R WRC. O Subaru Impreza WRC de 1997 e o Mitsubishi Lancer Evol V de 1998 também marcam presença, mas são DLC. De qualquer forma, WRC 9 foi criticado pela sua fraca quantidade de conteúdo clássico, mas WRC 10 melhorou consideravelmente este aspecto.

Mas o modo onde passei mais tempo foi no Career Mode, que é o principal modo singleplayer. Neste modo, os jogadores terão de começar por baixo, nas categorias Junior WRC ou WRC 3, e gerir a sua equipa com o objectivo de ganhar o campeonato e subir para a categoria seguinte. Em termos gerais, a estrutura deste modo é igual ao que se viu no WRC 8 e WRC 9, incluindo os mesmos problemas, como só dar para ver 2 dias de cada vez no calendário, mas inclui algumas novidades interessantes. A gestão da equipa e contratação de pessoal continua a ser importante, já que isto dará bónus de experiência, dinheiro, número de eventos disponíveis e redução de fadiga, entre outras coisas. Tal como nos jogos anteriores, é possível ter no máximo 6 colaboradores activos em simultâneo, mas WRC 10 introduz novas profissões. Isto significa que os jogadores têm de decidir que bónus são mais importantes em determinado momento e contratar o staff correspondente para a função.

Há medida que se avança no campeonato, vai-se subindo de nível e ganhando pontos de habilidade que serão gastos numa skill tree dividida em quatro aspectos fundamentais que têm impacto directo no desempenho do carro e das recompensas obtidas em cada rally e evento. Isto inclui desbloquear novas profissões, melhorias que aumentem o desempenho do carro e dos pneus em determinadas condições de piso, e aumentar a eficácia de algumas profissões. Não é possível adquirir tudo na skill tree, como tal, é necessária alguma ponderação do que escolher e quando, principalmente quando se está a começar o modo.

Outra novidade do Career Mode é a introdução de shakedowns, que são na verdade um treino oficial. Antes de cada rally, é possível percorrer um pequeno troço onde se testa os últimos pormenores da afinação do carro e se tem uma antevisão do tipo de rally que é. Isto influencia também outra novidade, nomeadamente a alocação de pneus. Em WRC 10 os jogadores terão de escolher que pneus pretendem utilizar durante o evento, tendo como limite 10 pneus. Ao realizar o shakedown, a alocação aumenta para 14. Contudo, e embora isto seja uma adição interessante que aumenta a importância de uma boa estratégia, existe uma falha importante. Quando é dada a opção de escolha de pneus para um rally, por alguma razão, não são mostradas quais as etapas que fazem parte desse rally, o que dificulta desnecessariamente a escolha dos pneus.

Quem estiver farto de jogar em singleplayer e quiser um novo desafio, WRC 10 oferece vários modos online, incluindo desafios diários, criar ou encontrar um lobby com parâmetros específicos, e o modo Co-driver, onde um jogador conduz e o outro diz as notas da etapa. Infelizmente, tem havido alguns problemas com a estabilidade dos servidores, mas o estúdio encontra-se a trabalhar para melhorar a situação.

Mas e em termos de condução? Como disse no início, WRC 9 apresenta uma condução realista, mas bem adaptada para comandos, e WRC 10 segue a mesma filosofia, ao mesmo tempo que melhora determinados aspectos para oferecer uma condução ainda mais simuladora. A Kylotonn fez alterações na forma como a aerodinâmica funciona e no impacto que tem em diferentes pisos e, como resultado, controlar os carros em WRC 10 é mais difícil que WRC 9, particularmente os da categoria WRC, mas de uma forma natural. Os carros precisam de uma maior distância de travagem e têm menor aderência em curva, mas tudo funciona como deveria de acontecer. Isto, combinado com etapas bem desenhadas, é um dos aspectos que torna WRC 10 num bom jogo de rally. É preciso muita concentração para completar uma etapa sem acidentes, e quando isso acontece, a satisfação é enorme.

Só que nem tudo é positivo. O aspecto técnico do jogo deixa a desejar e é o principal ponto negativo. Os carros em WRC 10 estão bem recriados e as etapas parecem ter um pouco mais de detalhe comparativamente a WRC 9, no entanto, o modo gráfico Balanced Mode (4K dinâmico a 60 FPS) está cheio de screen-tearing e apresenta também quebras de frame rate. Talvez tenha sido o resultado do impacto que pandemia teve na equipa de produção, mas não deixa de ser desapontante que tal problema exista, ainda para mais quando visualmente não é assim tão diferente do WRC 9. Por esta razão, fui forçado a utilizar o modo 120Hz que, felizmente, não apresenta estes problemas. Depois, há a questão do som dos carros. O estúdio gravou os sons dos diferentes veículos e os carros clássicos têm um som muito bom, mas os carros WRC actuais têm um som estranho, a ponto de preferir como era no WRC 9.

E por fim, o DualSense. WRC 9 tem uma das melhores implementações das funcionalidades do DualSense, incluindo suporte para os adaptive triggers, mas é graças ao haptic feedback que a experiência é elevada a outro patamar. O haptic feedbac consegue transmitir de forma precisa as diferenças de piso e as suas irregularidades, o que acaba por ser uma boa ferramenta de aprendizagem para quem se inicia no jogo. Penso que não seja intencional, mas WRC 10 tem uma pior implementação do haptic feedback que WRC 9. Ao comparar as mesmas etapas em ambos os jogos, pude constatar que o haptic feedback em WRC 10 oferece menos informação sobre o tipo de terreno e suas diferenças. Continua a ser melhor que a vibração tradicional, mas confesso que foi uma surpresa ver que o haptic feedback piorou face ao seu antecessor.

WRC 10 consegue ser melhor em alguns aspectos que WRC 9, mas pior em outros. Por um lado, este novo título oferece uma condução realista aprimorada e bem adaptada para comando, etapas diversificadas com os seus desafios únicos baseadas em etapas reais, e um Career Mode focado apenas no essencial e com algumas novidades interessantes, mas por outro, os problemas técnicos existentes mencionados anteriormente deixam mossa. WRC 10 está a uma ou duas actualizações de se tornar no melhor jogo saído da Kylotonn, mas até lá, é complicado ignorar as suas falhas.

Nota editorial: Cópia fornecida pela UpLoad Distribution para efeitos de análise

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

WRC 10 é um bom jogo de rally que consegue oferecer uma condução realista e muito conteúdo, mas que de momento apresenta alguns problemas técnicos notórios.

User Rating: 2.38 ( 2 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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