Análises

Octopath Traveler 2

Uma aventura a oito

Versão testada: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Nintendo Switch
Disponível para: PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Lançado originalmente em 2018 para a Nintendo Switch e mais tarde para outras plataformas, Octopath Traveler tentou combinar o estilo tradicional JRPG dos anos 90 com uma estrutura e tecnologia modernas. Em termos gerais, foi bem sucedido, mas apresentou alguns problemas estruturais que o impediram de atingir o estatuto de um grande jogo. Agora, é a vez de Octopath Traveler 2 tentar cumprir a promessa de entregar uma boa homenagem aos clássicos JRPG da era SNES. Será que conseguiu?

Primeiro que tudo, apesar do “2” no nome, não é preciso jogar o primeiro Octopath Traveler antes de entrar na sequela, uma vez que a história é independente. A estrutura de ambos os jogos é semelhante e difere consideravelmente do que é habitual no género. Para quem não sabe, Octopath Traveler 2, tal como o seu antecessor, é um jogo que segue as aventuras de 8 protagonistas e permite escolher a ordem com que se começa e se recruta cada uma das personagens. A primeira personagem fica permanentemente na equipa do inicio ao fim do jogo, mas há total liberdade em alternar os restantes membros da equipa nas batalhas conforme necessário. Cada uma das personagens tem a sua própria história e, eventualmente, vão se cruzar uns com os outros e formar um grande grupo que viaja conforme os seus objetivos.

Na teoria, esta estrutura oferece a liberdade ao jogador de escolher como começar e progredir na sua jornada, mas na prática retira a urgência aos eventos globais, além de que a interação entre personagens torna-se muito limitada. Ou pelo menos, assim foi no primeiro Octopath Traveler e foi o que me levou a abandonar o jogo após cerca de 20 horas. Fiquei com o pé atrás quando se soube que Octopath Traveler 2 iria manter esta mesma estrutura e estava com receio que iria eventualmente perder o interesse, mas tal não aconteceu. E isso deve-se principalmente por uma razão: a qualidade da escrita neste jogo é bastante superior à do primeiro jogo. Embora a interação entre personagens não seja tão grande como é habitual neste género de jogos, a escrita das personagens e dos seus capítulos provou ser boa o suficiente para compensar esse aspeto e manter-me preso até ao fim do jogo. Destaque também para o voice acting de qualidade que também contribuiu para isso.

Decidi começar o jogo com a Throné, tendo depois ido para Osvald, Temenos e Hikari, já que estas foram as personagens que achei mais interessantes, além de que estava familiarizado com as suas habilidades. Depois prossegui com a rota Ochette, Agnea, Castti e Partitio. Notei que existem algumas semelhanças em termos de background entre estes protagonistas e as personagens do primeiro Octopath Traveler. Por exemplo, o background de Throné e Therion são muito parecidos, assim como é o de Temenos com Ophilia. Mas como disse anteriormente, a melhor escrita resultou num melhor desenvolvimento das personagens e dos seus eventos, o que tornou tudo mais cativante.

Cada um dos protagonistas tem a sua própria habilidade fora das batalhas. Throné, por exemplo, consegue roubar itens dos NPC’s durante o dia e consegue fazer emboscadas aos NPC’s para os deixar inconscientes durante a noite. Ao longo do jogo, incluindo logo no início, estas habilidades deram bastante jeito para conseguir algum equipamento melhor e, assim, poupar dinheiro. E nas batalhas, cada protagonista tem também o seu papel único. Osvald é basicamente o feiticeiro elemental com ataques AOE, enquanto que Temenos é mais virado para suporte.

Os fundamentos básicos dos combates em Octopath Traveler 2 não diferem muito do que se viu no primeiro Octopath Traveler, e qualquer um que alguma vez jogou um JRPG por turnos vai compreender rapidamente as manhas deste sistema. O jogo conta com combates por turnos que incentivam atacar a fraqueza dos inimigos para quebrar a sua defesa e os imobilizar temporariamente, permitindo assim distribuir grandes quantidades de dano sem preocupações. Com o ganhar de níveis, as personagens irão obter habilidades que as tornaram mais fortes. O jogo conta também com algumas funcionalidades muito bem vindas, como a possibilidade de aumentar a velocidade das batalhas, algo muito útil na hora de explorar ou fazer grind, assim como outras pequenas coisas que, embora não mudem a experiência geral, facilitam bastante as coisas.

Visualmente, o jogo mantém o estilo visual HD-2D do primeiro Octopath Traveler e também do Triangle Strategy. Entendo que haja quem preferisse um estilo pixel art mais tradicional, mas eu sou fã deste juntar do clássico ao moderno. Nota-se uma clara melhoria neste departamento, uma vez que os cenários apresentam mais profundidade, um maior nível de detalhe, e um maior dinamismo. Este é sem dúvida um jogo visualmente muito apelativo.

Não sendo de todo um fã do primeiro jogo é com grande surpresa e agrado que adorei o meu tempo em Octopath Traveler 2. Foram cerca de 75 horas cheias de diversão. Octopath Traveler 2 percorre caminhos muito semelhantes aos do seu antecessor, mas desempenha muito bem o papel de sequela, ou seja, melhora os aspetos menos bem conseguidos sem estragar as coisas que funcionavam bem. Continuo a não morrer de amores pela estrutura mais focada nas histórias individuais de cada protagonista, mas a escrita de qualidade e o desenvolvimento das personagens melhor conseguido oferecem uma experiência RPG de alto nível. Existe espaço para melhorias, claro, mas Octopath Traveler 2 é uma excelente opção para quem gosta de RPG’s por turnos.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

Octopath Traveler 2 é uma homenagem bem conseguida a tempos passados, e é uma sequela de sucesso pois melhora os pontos mais criticados do seu antecessor sem estragar o que funcionava.

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