Análises

Another Code: Recollection

Memórias quase esquecidas que voltaram ao cimo

Versão testada: Nintendo Switch
Disponível para: Nintendo Switch
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Another Code: Recollection é um remake de dois point-and-click de aventura que a saudosa Cing lançou nas Nintendo DS e Wii. O primeiro jogo, Another Code: Two Memories, saiu para a DS em 2005 e foi marcante por ser o primeiro jogo do género a sair para a consola, mostrando a potencialidade de jogar este tipo de aventura com dois ecrãs, um dos quais sendo táctil. Quatro anos depois, a sequela, Another Code: R – A Journey into Lost Memories, saiu na Wii,tirando proveito do comando única da consola para nos deixar verdadeiramente apontar neste point-and-click e usando os controlos de movimento em alguns puzzles.

A Arc System Works refez os jogos de raiz e juntou-os num pacote com duas partes, mas será que sem os tipos de controlo únicos dos originais, a história, investigação e puzzles conseguem carregar Another Code?

As provações da jovem Ashley Mizuki Robbins começam na ilha Blood Edward, onde era suposto ela reencontrar-se com o pai que julgava ter morrido há muitos anos. Quando o pai não aparece no local combinado, a Ashley aventura-se na ilha, onde conhece um simpático rapaz fantasma que a vai acompanhar enquanto ela resolve os muitos mistérios que vai encontrar na mansão da família Edwards.

Another Code: Recollection abandonou os controlos point-and-click a favor do controlo direto da Ashley num espaço totalmente 3D. Sem os comandos únicos dos jogos originais, os puzzles perdem alguma piada, especialmente comparando com a entrada da DS, que tinha umas ideias bem interessantes. Essa piada era uma peça importante, mas, para ser justo, a sensação de novidade que o original tinha na altura seria incrivelmente difícil de replicar. Este remake tem dois ou três puzzles com controlos por movimento completamente inúteis e, num caso, incompreensivelmente maus. Felizmente a equipa parece ter percebido que não tinham ideias que justificassem esse tipo de controlos e que o jogo não ganhava nada com eles, tendo desistido quase imediatamente. Teria sido boa ideia tirá-los completamente do jogo, nem que fosse por uma questão de consistência. Por outro lado, uma implementação simples do ecrã táctil seria bem-vinda nalgumas situações pontuais, mas como tem sido comum na Switch, este é ignorado.

Apesar dos puzzles serem maioritariamente simples e bastante fáceis, muitos deles conseguem ser satisfatórios de resolver enquanto o enredo se desenvolve. Há um novo sistema opcional de dicas e também a hipótese de sermos orientados para onde temos de ir, o que é útil para quem se sentir perdido. A segunda parte tem alguns puzzles ligeiramente mais complexos, combinando com uma Ashley mais velha inserida num elenco e mundo maiores. No geral, o foco do jogo está mais na história e na vertente visual novel do que nos quebra-cabeças, por isso não esperem ter de puxar imenso pela cabeça.

Não se pode dizer que a escrita seja incrível, mas consegue ser cativante, mesmo que muito óbvia por vezes e com uma boa dose de clichés. O ritmo é lento, não há grandes momentos de tensão, mas sim um foco nas coisas pequenas e corriqueiras; no entanto, Another Code consegue tornar isso num ponto forte, em vez de ser aborrecido. Descobrir a história da família Edwards é um bom incentivo para acabar a primeira parte da aventura, enquanto que a segunda é mais interessante graças a um elenco muito maior e a uma Ashley adolescente um pouco mais tridimensional do que quando era criança. São cerca de 15 horas bem passadas a conhecer as várias personagens e desvendar mistérios.

Os gráficos são completamente novos, se bem que no caso da segunda parte da aventura, a diferença é menor, uma vez que a perspetiva e apresentação é mais semelhante. A câmara na terceira pessoa por trás do jogador e maior liberdade de movimentos permitiu à equipa dar muitos mais detalhes ao mundo, especialmente na mansão onde passamos a maior parte do primeiro jogo, que agora é muito mais interessante e imersiva. Os desenhos feitos à mão das personagens do original da DS continuam a ter um estilo fantástico, mas os novos modelos estão muito bem conseguidos e o shading dá-lhes um look de anime muito apelativo. Os cenários da segunda parte precisavam de mais trabalho, mas, no geral, a apresentação está muito boa e ajuda a vender a atmosfera relaxada do jogo.

A banda-sonora não é particularmente memorável, mas as suas melodias em piano são agradáveis e encaixam perfeitamente com o tom do jogo. Todo o diálogo – e não é pouco – tem vozes, cuja qualidade, com os seus altos e baixos, é bastante razoável; a voz da Ashley é particularmente boa, especialmente na segunda parte do jogo. É possível alternar entre Inglês e Japonês, uma opção sempre bem-vinda.

Another Code: Recollection pode ter perdido algumas das coisas que fizeram os jogos originais especiais, mas na transição para a Switch, ganhou na apresentação, imersão e coerência. Os puzzles não são super inteligentes e a história não vai deixar nenhum jogador adulto boquiaberto, mas o jogo é maior do que a soma das suas partes. Com uma personagem principal fácil de gostar, um elenco variado e um ambiente acolhedor, não é difícil ficar rendido ao charme de Another Code e querer descobrir todos os seus segredos.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7

7

Another Code: Recollection, é um bom remake de dois jogos que não mereciam ficar esquecidos. É uma aventura confortável e cheia de carácter que, mesmo com puzzles fáceis e um enredo previsível, agarra até ao fim.

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