Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME
Lançado juntamente com a PlayStation 5 e instalado em todas as unidades, Astro’s Playroom serviu para exemplificar as capacidades do comando DualSense enquanto o jogador se aventurava em coloridos e divertidos níveis cheios de criatividade. E agora, chega Astro Bot, a mais recente entrada na série e também a mais expansiva e ambiciosa.
Apenas para dar algum contexto para quem não tem estado atento, Astro Bot é um jogo de plataformas, com alguma inspiração em Super Mario Galaxy, e que utiliza personagens, símbolos e produtos que marcaram a marca PlayStation. Esta iconografia PlayStation adiciona um elemento especial, mas o jogo não é restringido por incluir este tipo de material. Astro e companhia iam muito sossegados a viajar pelo espaço quando foram atacados e acabam por se despenhar num planeta. O objetivo é recuperar as peças em falta da nave mãe, cujo aspeto é literalmente o de uma PlayStation 5, e resgatar 300 bots espalhados por seis galáxias e mais de oitenta níveis.
Astro Bot celebra o legado PlayStation e apresenta um grande foco em conteúdo criado por esta companhia, como é o caso de Uncharted, Horizon e Ape Escape, mas também inclui conteúdo criado por empresas parceiras que tiveram uma grande importância ao longo dos 30 anos desta marca. Esta celebração não difere assim tanto daquela existente em Astro’s Playroom em termos de iconografia, mas enquanto esse jogo pareceu mais uma tech demo dada a sua escala limitada, Astro Bot é uma visão de maior escala completamente realizada e com jogabilidade, apresentação e design dos níveis bons o suficiente para não dependerem da nostalgia para brilhar.
Cada mundo tem o seu tema, mecânica e desafios de forma a que a experiência se mantenha fresca do início ao fim. O jogo rapidamente ensina o que fazer para lidar com as adversidades dos mundos, mas sem nunca sobrecarregar o jogador com informação. Astro Bot não é um jogo mecanicamente muito complexo nem com um grande leque de golpes, mas alguns dos melhores jogos de sempre dentro deste género também não o são, pois o seu foco está noutros aspetos. O design dos níveis, a variedade de inimigos e situações, a criatividade e o ritmo de jogo são o que mais importa, e Astro Bot brilha neste departamento.
Astro Bot pode não ser super complexo, mas alguns níveis oferecem mecânicas adicionais que influenciam como se progride no nível e se descobrem os segredos. Por exemplo, há um nível onde Astro ganha a habilidade de se transformar em rato, podendo assim passar por fendas e chegar a áreas que normalmente não conseguiria. Noutro nível, há plataformas que apenas são visíveis com uma lâmpada. Noutro nível, Astro consegue transformar-se numa bola metálica capaz de andar sobre picos. E noutra ocasião, Astro consegue abrandar o tempo, permitindo-lhe assim ultrapassar obstáculos ou usar objetos em movimento como plataforma. São este tipo de situações que fazem com que o jogo nunca se torne repetitivo tal a variedade de situações apresentadas.
Uma outra coisa que contribui para o bom design dos níveis é a quantidade de interação física existente com os elementos dos mapas. A simulação de fluídos é bastante impressionante e é usada de forma prática na jogabilidade em algumas ocasiões, como disparar um canhão de água para cima de lava para criar um caminho temporário ou atirar tinta para cima de plataformas invisíveis para se poder ver o caminho. Outros materiais também têm efeitos práticos na jogabilidade, como vidro. E também existe alguma reatividade com elementos decorativos, como árvores cobertas de neve. Ao abanar uma, cai a neve e pode também cair um tesouro. Todas estas coisas ajudam a fazer com que o mundo pareça vivo.
Astro’s Playroom já tinha feito um bom uso das capacidades do DualSense, mas Astro Bot eleva as coisas a outro patamar. É o caso do feedback háptico. Há uma grande gama de sensações constantemente a serem transmitidas ao jogador através das vibrações, que permitem ao jogador conseguir perceber as diferenças entre as diferentes superfícies que percorre e também aquilo que rodeia Astro. É muito impressionante o que a equipa de desenvolvimento conseguiu fazer com esta funcionalidade. É claro que os gatilhos adaptivos também foram bem utilizados, sendo principalmente usados juntamente com a ativação de algumas mecânicas específicas.
Além do feedback háptico e dos gatilhos adaptivos, o jogo também utiliza o giroscópio do comando para controlar a nave ao se entrar num nível e incorpora igualmente esta funcionalidade em outras ocasiões dentro dos níveis. Contudo, quem não quiser ou gostar do controlo por movimentos, tem a opção de desligar e utilizar os analógicos para um controlo mais tradicional destas secções. A jogabilidade aqui presente é o esperado de um jogo de plataformas de topo: é responsiva quando necessário, mas também tem impulso em superfícies mais escorregadias. E a boa utilização do DualSense realça estas virtudes. Astro Bot consegue oferecer a mesma sensação de polimento, fluidez e qualidade que geralmente se espera de um jogo de plataformas da Nintendo.
Apesar das aparências, Astro Bot oferece algum desafio ao jogador. Ao início não existe muita dificuldade, mas com o avançar de galáxia para galáxia, as coisas vão ficando mais desafiantes devido à evolução dos níveis e à composição de grupos de inimigos. O mesmo vale para os bosses de cada galáxia, que vão ganhado maior complexidade e número de fases. Em cima disto, existem também verdadeiros desafios opcionais que vão colocar a destreza dos jogadores à prova.
Em termos de longevidade, cheguei ao fim da campanha em cerca de 11 horas, o que não é nada mau para um jogo deste tipo. Mas como seria de esperar, chegar ao fim não é sinónimo de completar o jogo. Eu cheguei ao fim da campanha com 79 bots por resgatar, mais de metade dos desafios para completar e peças de puzzles para encontrar, significando que existe bastante conteúdo. E algumas destas coisas estão muito bem escondidas. Quem quiser apressar este processo tem uma forma de o fazer. Após completar o nível uma vez, o jogador pode pagar 200 moedas para receber a ajuda de um pássaro que funciona como radar. Na minha opinião, acho que isto tira um pouco a piada à caça aos segredos, mas a opção está lá para quem quiser ganhar troféus rapidamente.
Antes de terminar, tenho de mencionar outras duas coisas. Primeiro, a música. A música de Astro Bot é excelente e fica no ouvido muito rapidamente, a ponto de logo após a primeira sessão de jogo ter andado a cantarolar algumas melodias. Além disso, também há uma mão cheia de bons remixes de temas principais de algumas séries da PlayStation. A outra coisa, e embora não tenha propriamente relevância para o jogo em si mas acaba por ser uma continuação do que se vê na campanha, Astro Bot tem uma das melhores sequências de créditos que já vi num jogo.
Há muito mais para falar, mas não quero correr o risco de estragar as surpresas, pois existem muitas e merecem ser experienciadas em primeira mão. Astro’s Playroom foi um bom aperitivo, mas Astro Bot é um prato principal de cinco estrelas. Existe muita coisa aqui que é inesperada, criativa e muito divertida, complementada por uma excelente utilização das funcionalidades do DualSense que eleva a experiência. É impossível não sorrir enquanto se joga Astro Bot, e este é daqueles jogos que são difíceis de parar de jogar. Os níveis têm o tamanho certo e há sempre aquela vontade de “só mais um”. A Team Asobi está de parabéns, pois Astro Bot é sem qualquer dúvida um fantástico jogo de plataformas 3D.
Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Veredito
Nota Final - 9.5
9.5
Astro Bot é tudo aquilo que Astro's Playroom foi, mas maior e melhor, e merece ser reconhecido pelo excelente jogo de plataformas 3D que é.