Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price
Lançado em 2015 para a PlayStation 4, Until Dawn continua a ser para mim o melhor trabalho da Supermassive Games, pois traduziu com sucesso o clássico estilo dos slasher para o formato de videojogo. E agora, pouco mais de nove anos após o lançamento da versão original chega o remake de Until Dawn para PC e PlayStation 5, feito pelas mãos do estúdio Ballistic Moon. Será que este remake é desnecessário?
O núcleo central deste remake é o mesmo da versão de 2015. Um grupo de dez amigos junta-se numa retirada de inverno numa estância de ski em Blackwood Mountain. A certa altura, alguns elementos desse grupo pregam uma partida estúpida e cruel que vai longe de mais e que, consequentemente, leva à morte de duas pessoas. Um ano mais tarde, os restantes oito membros do grupo reúnem-se no mesmo sítio para prestar homenagem aos dois amigos desaparecidos. Contudo, a estadia não é pacífica, pois encontram-se a ser perseguidos por um psicopata, além de que a noite esconde outros perigos.
Until Dawn vai beber inspiração a filmes slasher como “Psycho”, “Friday the 13th”, “Scream” e “I Know What You Did Last Summer”, como tal, podem esperar um diálogo forçado e exagerado e uma generosa quantidade de clichés. Until Dawn não esconde as suas origens, bem pelo contrário, e utiliza isso a seu favor para criar uma narrativa interessante e com personagens que apresentam uma evolução a longo da aventura. Isto, como é óbvio, caso consigam sobreviver aos perigos que espreitam a cada canto. A primeira parte do jogo tem um estilo mais virado para slasher, enquanto que a segunda metade tem uma natureza mais survival horror. Existem alguns jump scares espalhados ao longo do jogo, mas a grande maioria da tensão vem de uma atmosfera sombria extremamente bem realizada.
Uma mecânica interessante da versão original de Until Dawn e que regressa neste remake é o “efeito borboleta”, o que significa que o jogo consegue adaptar-se às escolhas do jogador. Essas decisões acontecem pela via de simples escolhas de diálogo ou através de ações feitas via QTE (Quick Time Event). E por vezes, não fazer nada também pode trazer uma consequência, seja positiva ou negativa. As decisões em Until Dawn, mesmo que inicialmente pareçam simples e pouco importantes, podem ter consequências marcantes no desenrolar da história como, por exemplo, leva à morte de uma personagem. Além disso, estas decisões nem sempre têm um impacto imediato, podendo deixar o jogador na expetativa durante algum tempo.
A longevidade deste remake é igualmente semelhante à da versão original, ou seja, entre 8 a 10 horas de duração. Contudo, devido aos vários colecionáveis e ao incentivo proporcionado pelo “efeito borboleta” em repetir o jogo para ver outros possíveis eventos ou salvar o máximo de personagens possível, a longevidade pode estender-se num número igual de horas. Tudo o que disse até agora é partilhado por ambas as versões do jogo, como seria de esperar, mas o remake de Until Dawn traz um bom número de melhorias e novidades.
Começando por aquilo que é imediatamente notório, os gráficos deste remake são bastante impressionantes quando comparados com outros jogos do género. Os gráficos da versão original já eram bons, mas graças ao Unreal Engine 5 e a algumas das tecnologias específicas deste motor de jogo, as personagens e cenários estão muito mais detalhados, e um aprimorado sistema de iluminação e sombras ajuda a realçar ainda mais a fantástica atmosfera do jogo. Contudo, é desapontante que este remake de Until Dawn não ofereça um modo performance. Não é que 60 FPS sejam necessários para este tipo de jogos, mas não deixa de ser uma oportunidade desperdiçada, especialmente quando a framerate foi um dos principais pontos negativos do jogo original.
Outra das novidades está na introdução de uma nova câmera na terceira pessoa, substituindo assim a antiga com perspetiva fixa. Pode parecer uma alteração sem grande consequência, mas a nova câmera oferece uma maior envolvência. Andar pela casa às escuras ou sozinho numa gruta com esta nova câmera é mais assustador do que antes. Além disso, a cinematografia foi revista, foram adicionadas mais animações contextuais e foi adicionado novo diálogo.
Por falar em diálogo, o remake de Until Dawn conta com um prólogo revisto e um pouco maior que tem o intuito de mostrar melhor a relação dos irmãos Washington entre si e com os restantes elementos do grupo. Na minha opinião, as mudanças, não só no prólogo mas também em geral, foram muito bem conseguidas e resultam numa história melhor desenvolvida. De referir que o jogo conta com uma nova banda sonora, mas honestamente, não a achei memorável.
No início desta análise perguntei se este remake era necessário. Talvez não fosse necessário, mas é bem vindo. Tendo adorado o original em 2015, gostei de revisitar esta aventura numa versão tecnologicamente mais avançada, com ajustes na jogabilidade e algum conteúdo novo. Além disso, abre portas para uma possível sequela, coisa que me deixa entusiasmado. A falta de um modo performance a 60 FPS e a alteração da banda sonora são os principais pontos negativos a apontar. De resto, o remake de Until Dawn é uma experiência superior à versão de 2015.
Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Veredito
Nota final - 8
8
A falta de um modo performance é desapontante e a alteração da banda sonora é desnecessária, mas ainda assim, no geral, as alterações e novidades a nível de jogabilidade e conteúdo são positivas e contribuem para um melhor desenrolar da aventura.