Versão testada: PlayStation 5 Pro
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price
Dez anos depois do lançamento de Dragon Age: Inquisition, esta franquia está finalmente de regresso. O percurso da BioWare durate este período teve alguns altos e baixo, bem, principalmente baixos, mas Dragon Age: The Veilguard visa ser um voltar ao tipo de jogo que o estúdio sabe fazer.
A história de Dragon Age: The Veilguard decorre após os eventos vistos no DLC Trespasser para Dragon Age: Inquisition. Solas está a tentar destruir o Veil, o que trará uma enxurrada de demónios ao mundo. Na tentativa de parar o ritual, algo pior acontece: Elgar’nan e Ghilan’nain, os elven gods que Solas tinha aprisionado, libertam-se e Solas acaba por ser encarcerado na sua própria prisão. Cabe agora a Rook montar uma equipa para tentar estragar os planos destes deuses e prevenir a destruição do mundo.
Parece-me claro que houve uma grande inspiração em Mass Effect na forma como a estrutura do jogo funciona, ou pelo menos, um regressar a uma fórmula a que a equipa estava mais habituada. O primeiro ato é um pouco inconsistente no ritmo de desenvolvimento, pois é dividido entre o recrutar de personagens e o acontecimento de alguns eventos que empurram a história para a frente. Isto é algo que também acontece nos Mass Effect, onde se faz uma missão para se recrutar uma personagem, conversa-se um pouco na base de operações e logo a seguir, de surpresa, algo de grande importância acontece. Já o segundo ato, em que a equipa está formada e os vilões estabelecidos, é exemplar em termos de ritmo e com vários momentos marcantes e muito entusiasmantes. As últimas missões corresponderam às expetativas e são o clímax e a conclusão que o jogo merece.
A história é importante, mas as personagens também. O elenco é variado e inclui personagens de diversas raças e com diferentes motivações. Além disso, cada um destes elementos têm os seus problemas pessoais para lidar, sendo que em alguns casos, esses problemas andam de mãos dadas com a história global. A história pessoal das personagens e as suas quests são geralmente boas e tendem a ser um pouco mais complexas do que simples fetch quests. Diria que são melhores que as loyalty missions do Mass Effect 2. Ajudá-los nestas questões fará com que se tornem completamente leais a Rook o que lhes dará maiores probabilidades de sobrevivência na missão final.
Por exemplo, a história pessoal da Bellara gira em torno da morte do seu irmão e também sobre a cultura da sua raça. Sendo elfo, tudo o que se passa na história principal, nomeadamente aprender qual é a verdadeira natureza dos seus deuses, acaba também por ter impacto. Algumas personagens e as suas histórias surpreenderam-me pela positiva, o que me fez gostar ainda mais delas. Foi o caso da Neve, Emmrich e Lucanis. Bellara gostei logo desde o início, enquanto que fiquei um pouco neutro em relação Davrin. Davrin é aquele tipo de personagem que não de desvia muito do rumo, tal como Ashley ou Kaiden de Mass Effect.
Por sua vez, Harding e Taash, foram as personagens que menos gostei. Achei a história pessoal da Harding relativamente simples e direta, em que a sua conclusão não foi um ponto tão alto como o que merecia dada a sua significância. Por sua vez, Taash é o oposto. Taash tem de lidar com tantos problemas que a sua história pessoal acaba por não ter tempo suficiente para que esses problemas sejam lidados com a devida atenção. No entanto, o culminar da sua quest foi um ponto alto.
Embora Dragon Age: The Veilguard seja uma continuação de uma história que se prolonga há vários jogos, o jogo é acessível para quem for jogar um Dragon Age pela primeira vez. Obviamente, quem jogou os títulos anteriores irá reconhecer algumas personagens não jogáveis e menções de nomes ou eventos passados, mas Dragon Age: The Veilguard faz um bom trabalho a preparar o jogador e a informá-lo das coisas que são mais importantes de saber. Além disso, também ajuda o facto de o protagonista e as restantes personagens jogáveis serem novas. Há uma continuidade global em termos de eventos, mas não há aquela continuidade que existiria se o protagonista e parte da sua equipa tivessem vindo diretamente do Dragon Age: Inquisition. Dragon Age: The Veilguard não é de todo um mau título para se entrar nesta franquia.
Outro aspeto importante é, obviamente, a jogabilidade. Dragon Age: The Veilguard envereda ainda mais para a vertente de ação, tendo inclusive deixado de parte a pausa tática durante os combates. Isto talvez possa ser uma desilusão para os mais veteranos da série, mas acho que o combate deste jogo melhorou comparativamente com o de Dragon Age: Inquisition. Achei muito mais divertido e interessante jogar como Mage neste jogo, principalmente pela mobilidade que agora existe. E é exatamente graças a essa mobilidade que dá para jogar como battlemage, o que neste caso será através da especialização Spellblade. Mas vamos por partes.
A explicação básica vai ser baseada em Mage, mas em termos gerais, pode ser adaptada ás outras classes. Tal como em Dragon Age: Inquisition, existem magias que dependem de cooldown e outras de mana. A mana é restaurada principalmente através de ataques básicos certeiros, mas também quando se recebe um golpe, embora em menor quantidade. Já os companheiros que levamos para as batalhas dependem apenas de cooldowns. Tal como disse anteriormente, não existe pausa tática, mas podem ser dadas instruções aos nossos dois companheiros para atacarem um determinado inimigo ou usarem algumas das suas habilidades. Funciona de forma muito semelhante à maneira como se dá instruções em Mass Effect 3.
Além disso, dá para combinar diferentes ataques para realizar uma detonação que causará mais danos no inimigo e também numa pequena área circundante, fazendo lembrar os combos Singularity > Warp ou Warp > Throw de Mass Effect. Por exemplo, pode dar-se ordem à Bellara para fazer o ataque Enfeebling Shot, que serve como primário, e dar ordem ao Davrin pare realizar a habilidade Death From Above, que será o detonador. Como tal, este tipo de sinergia incentiva a que se tenha alguma atenção na dupla de aliados que se escolhe para uma missão, pois estas detonações são uma boa fonte adicional de dano.
O jogo conta com três classes, nomeadamente Mage, Rogue e Warrior, e cada uma oferece três especializações que, como o nome indica, vão ainda mais fundo num determinado estilo de combate. Isto é suportado por uma skill tree onde se desbloqueiam habilidades, passivos e aumentos de dano, e também por um sistema de equipamento em que diferentes armas e armaduras existem para completar cada estilo de jogo. Em cima disto, é possível ainda adicionar passivos extras ao equipamento e magias/ataques como, por exemplo, mais stagger, maior dano contra armor ou maior dano elemental, entre outros. Nada disto é super complexo, mas é robusto o suficiente para oferecer alguma experimentação.
O combate é divertido e bastante competente, principalmente quando comparado com o que existiu no jogo anterior, mas existem alguns aspetos menos positivos. Um deles é o parry, mais concretamente o feedback do timing certo. O indicador visual não é bom a fornecer esta informação, o que dificulta a consistência da utilização desta mecânica. Outro aspeto menos bom está no lock on. Aconteceu várias vezes ter o lock on num inimigo para poder executar uma magia e essa magia ser disparada noutra direção. E por fim, achei que algumas lutas estavam um pouco exageradas naquilo que atiram para cima do jogador. Lidar com quatro ou cinco inimigos móveis ao mesmo tempo que é necessário desviar dos projéteis de outros inimigos e, como se não bastasse, ter atenção a múltiplos ataques AoE seguidos do boss, assim como outras mecânicas específicas da luta, não foi particularmente divertido. Só notei isto em três lutas em particular, mas quando acontece, nota-se logo.
Há uma outra que vale a pena ser mencionada. Dragon Age: The Veilguard não é open world e cortou no conteúdo secundário. Dragon Age: Inquisition foi bastante criticado por ter excesso de palha, como tal, é bom ver que o mesmo erro não foi cometido. Este jogo não é open world, mas as áreas têm uma dimensão considerável e com alguma verticalidade, permitindo assim uma boa dose de exploração para completar puzzles ambientais, descobrir armas e equipamento e desbloquear atalhos. E claro, cada região tem o seu próprio ambiente e design.
A nível técnico, Dragon Age: The Veilguard não desilude. Arte é subjetiva, certo, e vai haver certamente quem preferisse um outro estilo artístico, mas acho que a arte mais estilizada e colorida resultou num jogo visualmente apelativo. Eu joguei cerca de 20 horas na PS5 base e mais de 40 horas na PS5 Pro. Não notei quebras de performance em nenhuma das consolas, mas notei uma maior claridade e um pouco mais de detalhe na PS5 Pro. Não é uma diferença do outro mundo, mas foi algo que notei rapidamente quando passei de uma para a outra. Pelo lado negativo, e no que toca especificamente a esta plataforma, é pena que o feedback haptic seja demasiado subtil. Tendo em conta a classe e build que tinha, gostaria que o feedback haptic fizesse um melhor trabalho a passar a sensação do impacto das magias e ataques.
Dragon Age: The Veilguard foi um jogo que gostei mais do que inicialmente esperava. Inclusive, eu que não ligo a troféus/achievements acabei por conquistar a Platina. Mesmo com alguns problemas, foi uma boa experiência que me ofereceu mais de 66 horas de diversão. É certo que pode ser um jogo em termos gerais algo seguro e que não tenta inovar o género RPG ou a franquia Dragon Age, mas é um jogo sólido em todos os aspetos e um que me deixa entusiasmado com o futuro da BioWare, principalmente após Mass Effect: Andromeda e Anthem.
Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Veredito
Nota Final - 8.5
8.5
Dragon Age: The Veilguard pode ser um jogo seguro, mas depois de Anthem, se calhar era isso mesmo que era necessário: um jogo que não tenta ser exageradamente ambicioso mas que é sólido, competente e divertido.