Versão testada: Nintendo Switch
Disponível para: Nintendo Switch
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price
A série Mario & Luigi retorna em grande estilo com Brothership, o terceiro RPG do Mario a sair num espaço de 12 meses. Desenvolvido pela Acquire, conhecida pelo aclamado Octopath Traveler, o jogo carrega o legado de uma franquia amada, misturando humor, estratégia e plataformas numa aventura cativante. Mas será que este novo estúdio fez jus à magia da série original da Alpha Dream?
A história de Brothership leva Mario e Luigi a Concordia, um mundo que era unido pela energia de uma grande árvore e que foi misteriosamente dividido em ilhas. A bordo de uma ilha que também é um navio, vamos navegar pelos mares para descobrir estas ilhas e uni-las todas de novo. Cada ilha é única, repleta de puzzles, personagens carismáticas e sidequests envolventes, o que mantém o ritmo variado e divertido.
Fora do combate, o jogo foca-se em controlar os dois irmãos simultaneamente, usando as suas habilidades para resolver puzzles e explorar os ambientes. Controlar os dois irmãos abigodados em simultâneo continua a ser um dos elementos mais divertidos do jogo, especialmente por causa dos Bros. Moves, habilidades onde os dois se juntam para fazer coisas que sozinhos não consegues. Podem juntar-se e rodopiar até se transformarem num disco voador para atravessar plataformas afastadas, ou unir-se numa bola para imitar a Samus e entrar em locais mais apertados. O Luigi aqui não é só o habitual trapalhão medricas, tendo ganho também o papel de pensador que se lembra de maneiras originais de resolver variados problemas dentro e fora de combate. Carregando no L (de Luigi), podemos ordenar o canalizador de verde a fazer certas ações, sendo as mais básicas destruir blocos ou arrancar nabos do chão. Mandar o Luigi fazer coisas em vez de o controlar em paralelo com o irmão até pode dar jeito por vezes, mas vai contra o espírito da série. Na mesma onda, o Luigi também salta automaticamente, o que é particularmente frustrante por ser possível saltar manualmente como sempre, mas é inútil porque, fazendo-o, o Luigi não consegue subir as plataformas.Ter uma opção para desligar os saltos automáticos e também para usar os dois analógicos de forma independente teria sido uma escolha interessante, mas infelizmente não foi implementada.
O sistema de combate é um dos pontos altos de Brothership. A interatividade e o timing necessário para executar os ataques tornam cada batalha envolvente. Os Power Plugs que podemos equipar dão-nos efeitos variadíssimos como dar mais dano a inimigos que voam, tornar contra-ataques mais fáceis ou fazer cair bolas de metal com espinhos em cima dos inimigos depois dos ataques. Poder equipar vários e trocá-los livremente em cada turno – uma necessidade, especialmente quando precisam de recarregar – torna as batalhas ainda mais dinâmicas. Juntamente com equipamentos que também têm efeitos diferentes, os jogadores podem personalizar os irmãos de acordo com o seu estilo de jogo e com as circunstâncias.
No entanto, há uma decisão menos boa na interface do combate. Selecionar o ataque do Luigi – que se faz saltando por baixo de um bloco – com o botão A (associado ao Mario em todo o resto do jogo) é pouco intuitivo para veteranos da série e até para novos jogadores, pois quebra a lógica estabelecida de usar o B para saltar com o Luigi. Esta alteração, embora destinada a simplificar, acaba por complicar, sobretudo porque depois de selecionar o ataque e o inimigo com o A, o comando subsequente usa o botão B. Mais uma vez, a falta de opções de personalização nas definições torna esta mudança uma fonte de frustração desnecessária.
O elenco de Brothership é forte, com muitas personagens memoráveis e sidequests interessantes. Porém, o humor, uma marca distintiva da série Mario & Luigi, não é tão mordaz como antes. Enquanto o jogo é alegre e bem-disposto, falta-lhe a acidez inteligente no meio da doçura que outrora destacava a série. O jogo é engraçado, especialmente mais para a frente na história, mas não me fez dar tantas gargalhadas como outros jogos da série. Não há como negar que os trocadilhos relacionados a eletricidade (o tema geral de Concordia que guia o design de personagens) são fantásticos.
A variedade é um dos pontos fortes do jogo. Cada ilha oferece algo novo, com mecânicas, puzzles e tipos de personagens que mantêm a experiência fresca. O ritmo geral é muito bom, especialmente para um RPG longo, mas há momentos em que o jogo insiste demasiado em forçar-nos a andar de trás para a frente, o que pode tornar-se aborrecido. Nem todas as sidequests são vencedoras, com o avançar da história não há paciência para as mais básicas, mas uma boa parte delas, especialmente as maiores ligadas ao elenco principal, enriquecem a experiência para lá da recompensa que nos dão.
Brothership não impressiona tecnicamente, mas é visualmente encantador. Os cenários são vibrantes, as animações de Mario e Luigi estão cheias de personalidade e o design das personagens é excelente.
A banda-sonora, composta por Hideki Sakamoto, é outro ponto muito positivo. Embora não alcance os níveis lendários das composições de Yoko Shimomura, tem muitos bops que ficam na cabeça e me fizeram dar ao pé.
Com a morte do estúdio Alpha Dream, muitos duvidaram que Mario & Luigi pudesse manter o seu legado. Felizmente, a Acquire fez um trabalho mais que sólido. Brothership é um bom RPG, com um sistema de combate muito dinâmico e divertido, puzzles envolventes e um elenco memorável.
No entanto, falha um pouco em aspetos fundamentais, como a interação paralela dos irmãos e o humor, que sempre foram pilares da série. Apesar disso, a força dos seus elementos restantes mantém Brothership como uma experiência que permanece forte ao longo de cerca de 40 horas.
Para quem não está cansado de RPGs de Mario, Mario & Luigi: Brothership é uma ótima aposta, mas podia ter sido ainda melhor com algumas opções e um sentido de humor mais forte.
Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Veredito
Nota Final - 8
8
Mario & Luigi: Brothership é um RPG difícil de largar, com um sistema de combate envolvente e dinâmico, muitas possibilidades de personalização e um mundo que dá vontade de ser explorado. É engraçado, apesar da escrita não ter um sentido de humor tão bom como os jogos anteriores, mas é difícil não gostar das personagens. Algumas escolhas no controlo paralelo dos irmãos não foram muito felizes, mas não deixa de ser divertido fazê-lo e descobrir novas maneiras dos dois canalizadores unirem forças.