Análises

Dragon Quest Monsters: Joker 2

Um jovem silencioso, um olhar de determinação e centenas de monstros espalhados pelo mundo prontos a serem capturados e transformados nas melhores máquinas de combate algumas vistas. Esta frase servia perfeitamente para descrever um jogo Pokémon, mas não, estamos a olhar para Dragon Quest Monsters: Joker 2, um spin-off de outro fenómeno vindo da indústria Japonesa.

O nosso herói viajava clandestinamente num dirigível para chegar ao torneio de Monster Scouts (treinadores de monstros), mas a viagem acabou antecipadamente quando apanhou uma tempestade e se despenhou numa ilha. Ao procurar os sobreviventes da tripulação, claro que descobrimos estar num sítio único e repleto de monstros e assim começa a aventura. Em vez de viajarmos por um mundo com várias cidades, personagens e masmorras como é costume num Dragon Quest, aqui tudo é mais simples; usamos um mapa para aceder às várias zonas onde fazemos pouco mais que lutar e apanhar itens, a história e conversa não é um foco do jogo, o que interessa são, como se pode deduzir do título, os monstros. As batalhas decorrem por turnos, pode-se simplesmente carregar no A ad eternum para que os bichos lutem automaticamente seguindo tácticas vagas que podemos definir como concentrar no ataque ou em magias de cura, o que poderá não ser grande ideia em certas batalhas mais complicadas e para isso podemos dar ordens específicas aos obedientes guerreiros. Apesar de podermos andar com 6 monstros, apenas 3 podem lutar de cada vez, sendo possível trocar a meio da batalha sem perder um turno, o que confere alguma flexibilidade às batalhas.

 

 

Para capturar, ou melhor, convencer um monstro a juntar-se à nossa equipa basta escolher a opção Scout onde a equipa faz uma demonstração de força que consoante o nível de cada membro nos dá uma maior probabilidade de ter sucesso, se falharmos, o alvo pode ficar chateado e aí já não podemos voltar a tentar. Isto pode ser um pouco frustrante, visto que não nos serve de nada enfraquecer os inimigos e não há qualquer indicação acerca do nível do inimigo, logo não há grande controlo sobre o processo. Para ter uma equipa verdadeiramente forte, não basta capturar e lutar, é preciso usar a Síntese, um método que nos permite fundir dois monstros para criar um outro mais forte. Este sistema, semelhante ao visto em jogos Shin Megami Tensei, é sem dúvida a parte mais interessante do jogo, até porque podemos escolher algumas das habilidades dos monstros “pais” para o “filho” herdar o que abre as portas para uma grande variedade nas equipas possíveis. Infelizmente, estas fusões também trazem problemas consigo, não só perdemos os monstros que fundimos como o novo começa no nível 1 o que implica passar mais tempo em batalhas para ele justificar o custo de perder dois monstros, que tinham que estar pelo menos no nível 10. Juntando isto aos combates lentos e relativamente monótonos, Monsters Joker 2 consiste basicamente em passar horas a lutar contra hordas de inimigos para poder criar monstros novos, que por sua vez vão precisar de ser treinados para serem úteis e candidatos a novas fusões. Isto é especialmente agravante nas primeiras horas de jogo e torna pouco convidativa a ideia de coleccionar os 311 monstros.

Não há grandes distracções ou variações para quebrar a rotina, os cenários têm um grau limitado de interactividade e não oferecem grandes incentivos à exploração tirando alguns itens, mas pelo menos apresentam um conceito interessante: cada zona tem um monstro gigante que aparece volta meia volta e aterroriza os outros inimigos que desatam a fugir, deixando até cair itens. Claro que no início do jogo, enfrentar estes monstros é suicídio, mas por alguma razão se passam horas a treinar equipas! Estes monstros especiais dão uma noção de escala que o resto dos inimigos e até os próprios cenários não dão e ajudam a criar a sensação de que se está numa ilha deserta repleta de criaturas estranhas e perigosas.

A aventura principal que nos leva a combater numa arena como culminar do nosso treino e também serve para desbloquear novas áreas não é especialmente longa, mas se ao acabá-la continuas com vontade de jogar mais, Dragon Quest Monsters: Joker 2 tem imenso para fazer depois do suposto fim do jogo, especialmente se fores coleccionista. Felizmente o multiplayer também foi uma forte aposta, se passares por alguém que esteja com o jogo em Tag Mode podes fazer batalhas com outros jogadores e até capturar monstros da equipa deles mesmo com a DS fechada e se passares por jogadores de Dragon Quest IX ou VI em Tag Mode, obténs monstros exclusivos desse jogo. Também há modos mais “convencionais”, é possível fazer batalhas online com amigos ou estranhos, havendo uma leaderboard que mostra as pontuações mundiais e offline também se podem organizar trocas, batalhas e torneios até 8 pessoas.

Os gráficos puxam a DS com modelos muito bem conseguidos que beneficiam dos designs caracteristicamente estranhos e “pouco sérios” de Akira Toriyama, mais conhecido como o criador de Dragon Ball, mas à custa destes modelos detalhados os cenários são bastante vazios. As músicas são óptimas, mas infelizmente são poucas o que leva a uma frequente e cansativa repetição. Também se nota uma falta de atenção ao touch screen que é praticamente ignorado, uma pena, pois era uma excelente alternativa para uma navegação mais rápida nos menus e batalhas, não deixando assim os controlos de ser mais do que adequados.

Apesar de não trazer nada de novo, Dragon Quest Monsters Joker 2 é um bom jogo com alguma profundidade devida em grande parte ao sistema de Síntese, mas faz um mau trabalho a agarrar o jogador logo no início e peca por ser altamente repetitivo. Fãs de RPGs Japoneses clássicos com horas após horas passadas em batalhas por turnos para subir de nível têm aqui uma boa aposta, especialmente se tiverem espírito competitivo e coleccionista, mas se esperas algo mais variado, virado para acção ou com ênfase em história, procura noutro lado.

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