Análises

Attack On Titan: Wings of Freedom

Versão testada: PS4

Attack on Titan: Wings of Freedom é um jogo baseado no manga criado por Hajime Isayama, Shingeki no Kyojin e para falar do jogo, considero necessário falar um pouco do manga em si.

O seu género e história pode não ser o mais comum nem obviamente irá agradar a todos, considerando até bastante pesado para os mais novos. Mas é uma grande obra, com uma boa história, contendo momentos repletos de acção, drama, terror e muito gore. Relata um mundo dominado por titãs, gigantes humanóides que devoram humanos. A civilização humana, ou o que resta dela, vê-se restringida a um território protegido por muralhas gigantescas. Essas muralhas, mantiveram a paz interior durante mais de cem anos até que surge um titã colossal, maior que a muralha, que conseguiu destruir parte da mesma. Uma invasão de titãs foi o que surgiu e a destruição foi massiva. Grande parte da humanidade perdeu-se com o ataque destas estranhas criaturas. Eren, um dos sobreviventes, submeteu-se a um treino rigoroso para começar a sua luta contra estes temíveis seres.

O manga teve bastante sucesso, originando uma adaptação em anime em 2013, alguns filmes animados e recentemente, uma adaptação ao cinema, um filme Live Action. Agora temos a obra representada em videojogo. Omega Force teve nas suas mãos certamente uma tarefa difícil. Terá criado mais um Musou ou será algo mais?

AOT Wings of Freedom review 2Wings of Freedom permite-nos saborear a história apresentada no anime controlando alguns dos diversos personagens que por lá passam. Jogar com Eren, Armin, Mikasa ou mesmo com Levi é possível no novo título da Omega Force.

Gostei bastante da dinâmica do combate. Um bocado afastado do que estamos habituados que a Omega Force nos traga em títulos como Dragon Quest Heroes, Samurai Warriors ou Toukiden. Wings of Freedom não é um jogo onde lutamos contra hordas quase intermináveis de inimigos onde as nossas acções se tornam praticamente só pressionar um botão para as derrotar. Nesse aspecto, não é um jogo monótono, afastando-se assim de um Musou. Existem inimigos sim, mas não às centenas ou milhar. Sinto que foi um titulo tratado com bastante cuidado neste aspecto, para representar da melhor forma o título anime.
Os nossos personagens estão equipados com lâminas de tamanho considerável, bem como um equipamento que dispara ganchos que são usados para se movimentarem pelo mapa fora. Um bocado semelhante ao estilo de movimento do Spider-Man, mas com a possibilidade de boost devido às garrafas de gás que transportamos.

Os titãs são na sua maioria compostos por três partes, ou neste caso, três áreas de possível “corte”. Pernas, braços e a parte de trás do pescoço (nuca). Desmembrar os titãs, serve não só para os impedir de movimentar, mas também para obter materiais para crafting. Já para os derrotar, é necessário fazer um corte na nuca, tal como no anime.
Ao inicio, achei que os controles eram um pouco difíceis pois focar a área do titã, lançar o gancho, obter velocidade suficiente e cortar no momento certo era algo que o fazia de forma desajeitada. Mas ao avançar no jogo, os controles até se demonstraram ser bastante intuitivos tornando-mos assim, bastante hábeis com eles, sendo que lá mais para o fim, sentimo-nos uns verdadeiros Levi ou Mikasa Ackerman. Sempre que derrotava um titã enquanto balouçava pelo mapa fora, sentia uma sensação enorme de sucesso. Mas nem tudo é um mar de rosas. O gás, usado para nos deslocarmos mais depressa, bem como as lâminas, são equipamentos finitos, sendo necessáriol reabastecer, falando com personagens especificas.

AOT Wings of Freedom review 3Pelo mapa fora temos diversos companheiros espalhados, que podemos recrutar para o nosso esquadrão. A sua qualidade é categorizada por letras semelhantes ao score que obtemos no fim dos objectivos. D, C, B, A e S. Geralmente os que nos são possível recrutar directamente, são personagens com habilidades mais baixas, mas durante as missões surgem sinais de fumo com cores diferentes, significando o tipo de missão (secundária ou primária) ou urgência do pedido de ajuda. Se formos de encontro às missões secundárias (sinal verde) é possível recrutar personagens mais fortes para o nosso esquadrão. Ainda em relação ao esquadrão, é possível definir o papel que eles vão ter. Se vão atacar aleatoriamente, focarem-se num alvo, defender-nos e em algumas missões, também é possível dar ordens directas de ataque. No entanto, a repetição do uso destes sinais nas missões, de forma a obtermos melhores companheiros, é bastante notória. Além disso, no fim da missão, existe um género de um “boss” sendo também bastante semelhante aos anteriores.

Wings of Freedom tem presente alguns componentes RPG. Desde a evolução dos personagens à aquisição de artigos na loja. Os personagens recebem experiência baseada na nossa prestação na missão. Por exemplo se não formos agarrados por um titã, recebemos melhores medalhas, recebendo mais experiência, desbloqueando assim, conforme subimos de nível, as habilidades dos personagens.
Já o inventário é partilhado pelos personagens, pelo que, se fizermos um upgrade ou comprarmos um cavalo novo por exemplo, quando trocarmos de personagem, esse upgrade ou artigo comprado, está lá para ser usufruído.

Este é um titulo que não é composto só por modo história, temos também expedições, missões secundárias dadas por membros do esquadrão por exemplo. Além de ser até possível colecionar titãs e exibi-los. Obviamente nada disto se consegue num dia, obter todo o equipamento, melhora-lo, fazer todas as expedições e missões de esquadrão e obter todos os titãs, é algo que dá muito pano para mangas, pelo que podem esperar boas dezenas de horas repletas de ação.

Graficamente, gostei bastante do traço presente em todo o jogo. Celebra da melhor forma o traço do anime bem como é bastante apelativo visualmente. Não tive problemas de maior, apenas duas vezes senti um ligeiro arrastamento, mas admito que havia muita coisa a acontecer no pequeno ecrã. Além disto, e de forma mais notória fora das muralhas centrais, é visível o carregar das texturas quando avançamos no terreno. É perfeitamente visível as árvores a surgirem do nada.

Podem sentir-se cansados de jogar na grande TV e querem continuar na consola portátil da Sony. Wings of Freedom permite isso, pois existe a possibilidade de sincronização do progresso do jogo pelas três plataformas da Sony: PS4, PS3 e PS Vita. Um ponto bastante interessante.

Se ainda existiam dúvidas se a adaptação de Attack on Titan para videojogo, foi de facto um passo certo a dar, a resposta é um grande sim. A adaptação não é de todo o tendão de Aquiles da série e Wings of Freedom mantém-se leal ao que é passado no anime, o que é certamente bastante apelativo aos fãs da série. A adaptação do anime em jogo está soberba, demonstrando na perfeição a essência de Shingeki no Kyokin. Matar titãs a toda a velocidade pode ser de facto recompensador, especialmente quando a adaptação está bem feita, deixando-nos um gostinho para querermos mais.

Omega Force acertou em cheio não só em transmitir a qualidade do anime em relação ao ambiente e mecânicas, bem como também acertou na qualidade de imagem, tornando assim muito ténue a linha entre videojogo e a série de animação. Apesar de já conhecer esta obra visual, ainda dava por mim entusiasmado como se fosse a primeira vez que o visse. Contudo, nem tudo é um mar de rosas e Wings of Freedom também tem os seus dissabores. É efectivamente um jogo que se mantém fiel à história, com mecânicas e aspecto visual bastante bons, mas a componente de acção podia ter sido mais explorada além de que os componentes RPG, e aquisição dos titãs, não são suficientes para dar mais longevidade ao jogo, ou neste caso, “agarrar” o jogador. Outro ponto que poderá não jogar de forma favorável é que quem não conhece a manga ou anime ou não tenha interesse em conhecer e apesar da história ser bastante boa, poderá se sentir aborrecido pois o combate e missões, são em alguns aspectos, bastante semelhantes.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

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