Análises

Kôna

Versão testada: PS4

Situando-se em 1970 no gélido Norte do Canadá, em Kôna, somos colocados na pele de Carl Faubert, um detective privado que é chamado por W. Hamilton, um poderoso industrial, proprietário de uma grande mansão de caça, para investigar estranhos casos de vandalismo que têm vindo a ocorrer nas redondezas. Podendo este ser um objectivo relativamente simples e linear, um conjunto de estranhos acontecimentos na região conduzem Carl a envolver-se de modo mais empenhado na resolução do caso, onde o mistério e o sobrenatural se adensa e as respostas são mais difíceis de encontrar.

Com um estilo de jogabilidade vulgarmente conhecido como “simulador de caminhada”, frequentemente criticado pela interacção relativamente passiva com o jogador, Kôna procura adicionar um conjunto de elementos e puzzles que tornam o percurso de descoberta da história bastante mais dinâmico e onde o instinto de sobrevivência perante a possibilidade da morte, leva a que seja necessário calcular adequadamente os itens necessários para ultrapassarmos as dificuldades sempre presentes.

Este é um conto interactivo, jogado na primeira pessoa, com elementos sobrenaturais onde podemos movimentarmo-nos numa exploração livre, condicionada pela luta contra agressivos e inóspitos elementos da natureza. É importante salientar que a liberdade de movimentação que sentimos está condicionada pela necessidade de mantermos adequadamente os níveis de saúde e capacidade e clareza de raciocínio, aspectos onde a mecânica do jogo se impõe e que torna esta mesma exploração com paragens obrigatórias para restabelecimento destes importantes níveis de sobrevivência. Ao longo do percurso, sente-se a opressão das tempestades de neve, do cansaço e dos encontros com lobos selvagens, contra os quais se impõe a fuga ou o confronto, conforme tenhamos as armas adequadas.

Do mesmo modo, com a ajuda de um mapa da região, naquele cenário opressivo vamos encontrando várias casas de campo nas quais podemos entrar, explorar, pesquisar e descobrir a história dos seus habitantes e sobretudo os mistérios com que nos vamos deparando e que nos levam a procurar todos os recantos de modo a descobrir a verdade que se esconde por detrás daqueles objectos, documentos e visões dos estranhos acontecimentos ali ocorridos. O detective Carl é o narrador e ao longo do percurso vamos ouvindo os seus pensamentos, desabafos e dúvidas que vão emergindo perante os estranhos acontecimentos que ali ocorreram.

Tendo terminado o jogo em cerca de 5 horas, devo indicar que, emocionalmente, nunca me senti verdadeiramente conectado à história na medida em que, algumas mecânicas impostas se sobrepuseram à dinâmica narrativa do mistério que íamos desvendado. A necessidade de sobrevivência balizava as deslocações e a jogabilidade estava inevitavelmente condicionada pela necessidade de termos constantemente os itens necessários para conseguirmos chegar aos locais seguros. Tendo em conta que este jogo assenta mais na narrativa, ao estilo de Firewatch  ou Everybody´s Gone To The Rapture, entre outros exemplos, senti que a introdução dos elementos de sobrevivência, ao estilo de The Long Dark, era artificiais e acessórios para o desvendar do mistério, não estando adequadamente inseridos no cenário de jogo e sendo um entrave pouco estimulante naquele cenário já de si desolador e inóspito.

Por outro lado, tendo jogado na PS4 Pro onde foi anunciado que o jogo teria melhor resolução e performance ao nível de framerate, não pude deixar de verificar que foi notória alguma falta de suavidade na movimentação da câmara e em certos momentos é notória a quebra de fluidez. Adicionalmente, denotei com desagrado que, apesar de termos total de liberdade de movimentos e deslocação, na aproximação às casas espalhadas pelo mapa, surgiam pausas de loading com cerca de 3 a 4 segundos que inevitavelmente quebravam a imersão necessária neste tipo de jogos.

Em síntese, não deixando de ser uma proposta interessante apresentada por um pequeno estúdio independente, este jogo, apesar de ter o mérito atribuído pelo risco de procurar encontrar uma simbiose entre um jogo narrativo com vertentes de sobrevivência, apresenta um resultado final um pouco desequilibrado nas suas intenções.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

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